Volume de negócios efetuados mais que dobrou atingindo R$ 7,5 milhões, com mais de 120 mil visitantes nas quatro noites de feira
A 6ª Expoacre Juruá encerrada neste último domingo, em tudo superou a edição anterior. O volume de negócios efetuados mais que dobrou atingindo R$ 7,5 milhões e ainda pode fechar em mais de R$ 10 milhões quando se efetivarem negociações intermediadas pelos bancos. O público também prestigiou os quatro dias da feira tendo circulado pela Avenida Mâncio Lima em torno de 120 mil pessoas, segundo a coordenação do evento. A Expoacre Juruá é uma realização do Governo do Estado em parceria com o Sebrae.
Cerca de 260 expositores estiveram presentes, das áreas de comércio, indústria, serviços, agricultura familiar, pecuária e artesanato. A indústria cruzeirense esteve bem representada: além das empresas do polo moveleiro, também expuseram seus produtos empresas beneficiadoras de café, polpa de frutas, sorveteria, produção de ovos de galinha e codorna, charque, refrigerantes e até argamassa.
O gerente local do Instituto de Desenvolvimento Agro Florestal (IDAF), Marcos Pereira de Souza, comemora os resultados dos agronegócios. Segundo ele, só no setor foram realizados negócios que podem chegar a R$ 700 mil. Um dado interessante: um criador trouxe de Minas Gerais 22 mini-pôneis que estavam sendo comercializados a cerca de R$ 2.500,00 cada; todos foram vendidos. Outro setor que também está festejando é o da piscicultura que vem recebendo apoio massivo do governo e do Sebrae e durante a feira mostrou que é um negócio altamente rentável: nos quatro dias foram vendidos na feira seis toneladas de peixe, especialmente dos piscicultores de Mâncio Lima e Assis Brasil. Para o coordenador da feira pelo Sebrae, Clóvis Pereira, a Expojuruá é a culminância das ações do órgão na região.
Sob responsabilidade da Secretaria de Assistência Técnica e Produção Familiar (Seaprof), produtores ligados à agricultura familiar e horticultura também se fizeram presentes como a agricultora Isete Varela de Oliveira. Moradora do ramal do Macaxeiral, ela levou vários produtos agrícolas que diz produzir com seus três filhos. A recém-fundada Cooperbiscoito da Vila Assis Brasil, levou amostras do seu principal produto: o biscoitinho de goma de macaxeira. Segundo a presidente da Cooperbiscoito, Marliz da Costa Maciel, por semana, a cooperativa produz de 80 a 90 baldes com 5 kg de biscoitos cada e toda a produção é vendida na região do Juruá.
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Empresariado cruzeirense demonstra força
O empresariado cruzeirense apesar de todas as dificuldades advindas do isolamento da região, ainda assim, surpreende. Tal é o caso do ex-prefeito de Mâncio Lima, Luiz Helosman, que vendo a necessidade da região que só consumia ovos de fora, instalou a Granja Carijó que hoje é sucesso na região, já atingindo uma produção diária de 1.500 dúzias, algo em torno de 50 caixas, um enorme crescimento para quem começou produzindo duas caixas por dia. Agora, os planos incluem expansão com abertura de filial em Rio Branco com o dobro da capacidade da granja juruaense. Em Cruzeiro do Sul, a Granja Carijó ainda iniciou a produção de ovos de codorna que também conquistou o público: sua produção de 100 cartelas com 30 ovos cada é insuficiente para a demanda local. A granja tem hoje 120 pontos de venda e alcança todos os municípios do Vale do Juruá, além de cidades do Sul do Amazonas.
Cruzeiro do Sul também produz argamassa. A fábrica do Grupo AS existe há oito meses e alcança a produção diária de 100 sacas de 15 kg. São fabricados dois tipos de argamassa a AC-1 – utilizada em pisos novos e a AC-III utilizada em piso sobre piso. Entre os participantes ainda é destaque o tradicional Guaraná Cruzeiro e Nauense e as indústrias torrefadoras de café.
O Projeto Cidadão como sempre participou da feira e o ponto alto de sua atuação foi o casamento coletivo na tarde domingo quando 210 casais legalizaram os laços matrimoniais. No total, o Projeto Cidadão efetuou mais quatro mil procedimentos durante a feira. O Projeto Cidadão começou há 15 anos. A atual jornada do projeto incluiu 100 servidores que passaram 30 dias viajando, atendendo em seis municípios e culminando com o casamento coletivo na ExpoJuruá.
A Embrapa, com apoio do SENAR, manteve durante os dias da feira seu Núcleo Móvel de Tecnologias Agroindustriais em plena atividade tendo realizado nos quatro dias 12 oficinas sobre preparação de alimentos, especialmente aqueles baseados em mandioca e leite, entre eles a pizza de mandioca. Cerca de 130 pessoas participaram das oficinas.
O rodeio foi disputado por 13 peões e distribuiu R$ 11 mil em prêmios. O peão vencedor foi o jovem Diego Arruda de Bujari.
Segurança na Expojuruá
A Ciretran de Cruzeiro do Sul fez o controle do tráfego nos acessos à Avenida Mâncio Lima, além de ter instalado um espaço educativo na qual várias escolas se apresentaram durante a feira. Segundo o gerente da Ciretran, Valdeci Dantas, com as ações de fiscalização e controle de tráfego, o trânsito fluiu e o que é melhor, não aconteceram acidentes.
A Polícia Militar utilizou 70 homens para garantir a segurança na Expoacre e no período apreendeu 10 armas brancas e deteve 36 pessoas, todas por ocorrências simples. A ocorrência mais grave foi uma tentativa de homicídio no primeiro dia, o que fez com que a polícia apertasse o cerco aos possíveis portadores de facas. Segundo o comandante do Comando de Policiamento Operacional 2, coronel Júlio César, a presença de jovens armados com armas brancas é muito comum na região e por isso a polícia vai fazer revisas sistemáticas em suspeitos.
Artesanato cruzeirense: fama mundial
O artesanato cruzeirense mostrou sua força. Artista consagrado internacionalmente, Maqueson Pereira novamente brindou o público com suas artes em marchetaria, especialmente quadros e porta-joias. O artista, que já é referência para a cidade, criou há alguns anos, com apoio do governo do Estado, uma oficina escola onde suas técnicas são ensinadas e onde se produz todo o material artístico. A oficina escola – que tem hoje 23 funcionários – está sempre formando grupos de estudantes. Atualmente há um grupo de 15 alunos em vias de concluir o curso. Até o final do ano, a oficina vai lançar uma linha completa de móveis. Segundo Maqueson, já há convites para que o lançamento seja feito também em Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Belém do Pará e Manaus.
O artista Marinésio da Silva Rosa, artesão, entalhador, morador da Vila Alagoinhas, também expôs seus trabalhos em madeira com motivações históricas e religiosas e naturalistas. Ele confirma que já sobrevive exclusivamente da venda de seus trabalhos.
A Associação de Mulheres Pacha Mama que há tempos vem encantando o vale do Juruá com seu artesanato feito com produtos da floresta também voltou a participar da Expo Juruá. Como explicou a presidente da associação, Francisca Nazaré da Costa, para fazer diversos tipos de utensílios, as mulheres do Croa usam basicamente produtos da floresta como carrapicho, malva, cipó, palha de buriti, bambu, etc.
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