Espetáculo “Inservíveis” encerra temporada neste final de semana na Usina de Arte

As últimas apresentações do espetáculo “Inservíveis” serão nesta sexta-feira, sábado e domingo (dias 28, 29 e 30), às 20h, na Usina de Arte. O projeto nasceu como uma obra coletiva de conclusão de curso, envolvendo a produção dos aprendizes de Artes Visuais, Música e Teatro, do Núcleo de Formação da Usina de Arte, em harmonia com o Grupo XIX de Teatro, de São Paulo. Depois de meses de pesquisa, preparação e ensaios, o público tem a oportunidade de conhecer mais da história de um dos principais equipamentos de cultura do Estado e entender melhor o trabalho de formação que é realizado. A entrada é franca.

As últimas apresentações do espetáculo “Inservíveis” serão nesta sexta-feira, sábado e domingo (dias 28, 29 e 30), às 20h, na Usina de Arte (Foto: Val Fernandes)

As últimas apresentações do espetáculo “Inservíveis” serão nesta sexta-feira, sábado e domingo (dias 28, 29 e 30), às 20h, na Usina de Arte (Foto: Val Fernandes)

Na peça, somos colocados frente a migração compulsória dos nordestinos para o Acre, na década de 1940, em razão da borracha. O governo da República e os Estados Unidos selaram um acordo para garantir que o produto não faltasse durante a Segunda Guerra Mundial, já que era utilizado como matéria-prima para a fabricação de armas. Cabia aos EUA pagar US$ 100 ao Brasil por cada trabalhador entregue na Amazônia.

O acordo desencadeou uma operação em larga escala para extração de látex na região. O Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores para a Amazônia (Semta), sediado em Fortaleza, enviou 54 mil homens, dos quais 30 mil eram do Ceará. Para fazerem a viagem, as famílias eram iludidas pela melhoria de vida. Chegavam com o pensamento de que haviam fugido da seca para ganhar um emprego, terras para plantar e dignidade.

Os novos seringueiros, chamados de Soldados da Borracha, escorregaram para uma vida miserável, com muito trabalho e nenhum reconhecimento. Foram escravizados pelos donos das terras e muitos padeceram com doenças que sequer conheciam. A morte, aliás, é uma das personagens do espetáculo. “Inservíveis” costura esse episódio histórico com as três fases da Usina: começa pelo beneficiamento de castanha, em 1985, passa pelo setor de Bens Inservíveis do Estado e chega ao ambiente como o conhecemos hoje.

Na peça, somos colocados frente a migração compulsória dos nordestinos para o Acre, na década de 1940, em razão da borracha (Foto: Val Fernandes)

Na peça, somos colocados frente a migração compulsória dos nordestinos para o Acre, na década de 1940, em razão da borracha (Foto: Val Fernandes)

Para auxiliar na criação, produção e montagem, muitos artistas foram convidados para participarem ativamente do processo. Os relatos e debates que dão base aos diálogos vieram do seminário “Usina, Seus Olhares, Histórias e Memórias”. Realizado neste ano, o evento reuniu várias pessoas que ajudaram a construir a história do espaço. “A Usina fechou os portões e repontuou todas as histórias que eram escritas aqui”, explica a atriz Sacha Alencar.

Além do enredo, destaque para as atuações, os cenários e a música. A peça é cheia de grandes cenas, momentos que são proporcionais ao talento dos nossos atores. “Aqui é o lugar de se brincar com o tempo”, comenta João Paulo Alab, que também está no elenco. O projeto é financiado pelos governos federal e do Acre, com patrocínio cultural das empresas Etam Construtora, Camter, JM Terraplanagem e Construções, Fidens, Construtora Cidade e Construmil – Construtora e Terraplanagem.

Confira uma prévia de “Inservíveis”, realizado pelo Núcleo de Produção Digital (NPD) da Usina de Arte, no YouTube. Coordenação de registro e edição de Italo Rocha, com a colaboração de Mariana Braga e Carina Cordeiro.

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