Especializado em pé torto congênito, ambulatório da Fundhacre já tratou 228 crianças em 2024

No Brasil, estima-se que dois a cada mil bebês nasçam com a condição do pé torto congênito (PTC), uma das malformações mais comuns durante a gestação. Buscando o bem-estar desses pequenos pacientes, a Fundação Hospital Estadual do Acre (Fundhacre) conta com um ambulatório de ortopedia especializado no tratamento de PTC em crianças, em Rio Branco. 

Ambulatório atende cerca de 20 pacientes por semana. Foto: Ascom/Fundhacre

O pé torto congênito afeta ossos, músculos, tendões e ligamentos e é caracterizado pelo desvio dos pés, que se voltam para dentro e para baixo, prejudicando a mobilidade e o desenvolvimento motor se não tratado. 

Com dois ortopedistas no ambulatório, além da equipe de apoio, os pacientes recebem tratamento baseado na técnica de gesso seriado, aplicada semanalmente, que consiste na colocação de gesso para corrigir gradualmente a posição do pé. Na fase seguinte, as crianças precisam usar uma órtese, a famosa “botinha”, até os quatro anos de idade.

Condição afeta dois a cada mil bebês nascidos no Brasil. Foto: Ascom/Fundhacre

De acordo com o ortopedista e coordenador do ambulatório, Nelson Marquezini, são atendidos, em média, 20 pacientes por semana. Só em 2024, já foram atendidos 228 pacientes, até o momento.

“Alguns estão em tratamento, trocando os gessos, e outros já passaram pela correção e fazem a revisão e troca de bota. Nosso trabalho aqui realmente transforma vidas, porque, sem esse tratamento, essas crianças seriam deficientes físicos. A gente consegue corrigir o pé e garantir que tenham uma vida completamente normal”, explica.

Nelson Marquezini realiza esse tipo de tratamento há mais de 20 anos. Foto: Ascom/Fundhacre

Também ortopedista e uma das responsáveis pelo acompanhamento das crianças, a médica Pothyra Pascoal esclareceu o processo: “Utilizamos o método Ponseti, que são manipulações gessadas toda semana. As mãezinhas têm que se programar pra vir até aqui toda segunda-feira de manhã e, semanalmente, a gente faz a troca de gesso. Geralmente são de quatro a oito gessinhos, até a gente conseguir a correção. No final, fazemos uma pequena cirurgia chamada tenotomia do tendão de Aquiles. Aí o bebê fica com mais três semanas de gesso e, quando tira, o pezinho já está corrigido. Depois disso, entramos na fase da órtese”, disse.

Pothyra Pascoal é uma das ortopedistas da equipe do ambulatório. Foto: Ascom/Fundhacre

Cirliane da Silva, mãe de Luiz Henrique, de 3 anos, vem da zona rural de Feijó, no interior do Acre, para receber atendimento no ambulatório. “Assim que meu filho nasceu, percebi que o pezinho dele não estava normal. Já passou pelos gessos, e estamos esperando a cirurgia. Depois disso, vai usar a botinha, e aí é só acompanhar até ele crescer mais. No primeiro dia, se ‘aperreou’ [com o gesso], chorava, dizia que doía, coçava, mas agora não. Ele dorme tranquilo, passa o dia brincando”, relata.

De Feijó, Cirliane vai à Fundhacre semanalmente para tratamento do filho. Foto: Ascom/Fundhacre

Lândia Vasconcelos, de Tarauacá, também acompanha o tratamento de Miquéias, de 4 anos: “Eu me sinto feliz de estar aqui com meu filho. Desde que ele nasceu, a gente tem acompanhado todo o processo, e agora, graças a Deus, estamos realizando esse sonho. Acredito que tudo vai dar certo. Quero dizer, para as mães que percebem que seus filhos têm os pezinhos tortos, que corram atrás da saúde deles. É uma alegria ver meu filho crescendo e saber que ele não vai se sentir diferente dos coleguinhas”, afirma.

Lândia vem de Tarauacá para tratamento de PTC do pequeno Miquéias. Foto: Ascom/Fundhacre

Para agendar uma consulta no ambulatório de PTC, basta levar um encaminhamento médico e se dirigir ao Serviço de Assistência Especializada (SAE) da Fundhacre. Os atendimentos são realizados toda segunda-feira, a partir das 8h.

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