A volta às aulas presenciais da rede pública estadual foi motivo de comemoração para a comunidade escolar do Acre. O momento é de readaptação à rotina, o que pode causar ansiedade e preocupação para muitos estudantes e familiares. Por esse motivo, muitas unidades da rede, em Rio Branco, decidiram transformar os primeiros dias de aula em uma ação de acolhimento aos estudantes, pais e até mesmo professores.
É o caso da Escola de Ensino Ensino Médio Integral José Ribamar Batista (Ejorb), que organizou atividades para alunos novatos, veteranos, pais e educadores da instituição. Toda a programação foi concebida pela equipe de 19 Jovens Protagonistas – 16 estudantes dos segundos e terceiros anos que se destacam no desenvolvimento escolar e quatro egressos que já estão no ensino superior.
A estudante do 3º ano Giovana Brana explicou que o processo de organização para a semana de acolhimento durou cerca de três meses. Todo o prédio foi decorado com o tema Harry Potter. Já no primeiro dia de aula, a equipe recebeu os novos estudantes e professores com uma programação especial. Ao longo da semana, alunos veteranos e pais também participarão da dinâmica da escola.
Giovana contou também que essa é uma maneira de fazer com que a comunidade escolar consiga se adaptar melhor ao sistema integral e também a volta ao presencial: “A escola integral é um desafio, mas é uma escola que acolhe. Então meu conselho para os alunos que estão chegando agora é que fiquem tranquilos, pois, apesar de o começo ser difícil, tudo no final dá certo”.
Em seu primeiro dia de ano letivo, a Ejorb começou as atividades com cerca de 300 novos estudantes. Ao todo, o corpo discente é de 492 alunos. Emocionada, a gestora Francicléia Barroso comemorou a adesão dos jovens ao ensino integral e avaliou que esse é um novo tempo para educação, que vai demandar responsabilidade, sabedoria e empatia de todos. “São adolescentes que estão vindo machucados de uma pandemia, de luto, de muitas batalhas. Então este é um ano no qual devemos acolhê-los para que se encontrem de novo”, afirmou.
Na Escola de Ensino Fundamental Anos Iniciais Francisco Salgado Filho, o clima entre os pequenos também é de comemoração. Para receber as crianças, professores e funcionários decoraram todo o ambiente escolar, promoveram uma sessão de contação de história e peça teatral. O corpo estudantil da Salgado Filho é de cerca de 490 alunos, dos quais cerca de 65 têm necessidades especiais.
A gestora Rosimeire Fernandes conta que boa parte do público é de crianças que passaram os últimos dois anos fazendo o ensino infantil em casa. “É a primeira vez, na vida escolar delas, presentes na escola. E o evento foi tão positivo que não teve criança chorando em seu primeiro dia”, relatou.
Essa foi a primeira vez na Salgado Filho também para a pequena Lorenza Fernandes, que cursa o 5º ano e está vindo de uma escola da rede municipal. Animada, ela comemorou não precisar mais recorrer à aula remota: “Eu já não estava mais conseguindo acompanhar muito as aulas online. E aqui, hoje, já fiz duas amigas”.
Além dos estudantes, os pais celebraram a volta às atividades presenciais. Com dois filhos matriculados no turno da manhã, o motorista Marcos Santana estava confiante com a volta dos filhos à escola. “Mesmo a gente se esforçando bastante nas aulas remotas, não dá para substituir um professor, que é capacitado para ensinar. Além disso, as crianças estavam com saudades”, contou.
Já na Escola de Ensino Fundamental Anos Finais Marilda Gouveia Viana, 710 alunos voltaram ao presencial. Lá os primeiros dias serão também de adaptação e acolhida. A escola também está focada em reforçar, junto aos estudantes, as medidas de segurança contra a covid-19. “Eles estão animados, alguns apreensivos, porque estão na transição de uma modalidade de ensino para outra, mas agora é hora de focar na correção da aprendizagem dos alunos”, avaliou a gestora Alcilene Rodrigues.
Quem também está com as melhores expectativas para o ano letivo de 2022 é a professora de Ciências Jeordana Bezerra. Ela espera recuperar o que foi perdido durante a pandemia e alertou que ainda é preciso respeitar as regras sanitárias. “Nós temos que respeitar as regras para que logo possamos nos abraçar como antes e sentir que aqui é o nosso lar, para que esses meninos voltem a ser o que eram há dois anos e ainda melhores”, conjeturou.
Para a estudante Helen Cristina Nascimento o momento é de esperança. A jovem relatou que a pandemia a fez abrir a mente para coisas que ela considera importantes na vida. Helen perdeu pessoas próximas e isso a fez valorizar mais as amizades e a família: “Agora é persistência sempre. Aprender com o que eu perdi e me concentrar no que eu tenho a ganhar”.