Professores vão incentivar alunos a usar as novas regras para que a adaptação ocorra com tranquilidade até 2012
Com o início do ano letivo, professores e alunos têm um novo desafio: conhecer e se adaptar às novas regras da língua portuguesa que entraram em vigor com a reforma ortográfica desde o dia 1º de janeiro. Nas salas de aula, as mudanças serão apresentadas e praticadas, mas os alunos têm dois anos para adotar definitivamente o novo português.
Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste adotaram a reforma, que resulta de um acordo internacional que busca unificar a língua portuguesa. No Brasil, o Ministério da Educação adotou uma fase de transição em que serão aceitas as duas ortografias – a antiga e a reformada. O português é a terceira língua mais falada no mundo, depois do inglês e espanhol.
Ainda no ano passado, os alunos de um colégio particular de Rio Branco receberam todas as regras do novo acordo ortográfico, e alguns livros que a escola adotou já estão adaptados. Durante o período de adaptação, tudo será corrigido, cobrado, mas não será avaliado de forma negativa. “Os alunos questionam bastante. Afinal, passaram da quinta à oitava série aprendendo as regras do português e agora precisam reaprender as mudanças. Cabe aos professores mostrar que nossa língua não é estática, sofre mudanças. Um exemplo é a palavra farmácia, que antes era escrita com ‘ph’ e hoje não é mais”, disse a professora Larissa Carneiro.
Uma observação feita pela professora Marinete Adriano deve deixar pais e educadores atentos. “Muitas palavras perderam os acentos e a criança que está iniciando o processo de leitura deve ter atenção redobrada na hora de ler, pois a pronúncia pode depender do contexto da palavra”, lembra.
O professor Gilson Gomes Barbares, de outra escola da capital, lembra que até 2012 poderemos conviver com as duas formas da língua. “São dois anos para nos adaptarmos. Na hora da produção textual, o aluno que utilizar a forma anterior não pode ser penalizado, mas nós vamos incentivar nossos estudantes a praticar as novas regras. É preciso conscientizá-los das mudanças”, comentou.
Segundo Gilson, calcula-se que 1,6% do vocabulário de Portugal seja alterado e no Brasil apenas 0,45% das palavras terão escrita modificada. “Mas não há como quantificar essa mudança em palavras. Seria uma tarefa muito complicada”, explicou o professor.
Entre as mudanças, uma afeta diretamente quem mora ou nasce no Acre. É que, de acordo com o decreto, escrevem-se com i, e não com e, antes da sílaba tônica os adjetivos e substantivos derivados que entram os sufixos – iano e – iense. Portanto, açoriano, acriano (de Acre), camoniano, sofocliano, torriano, flaviense, italiano etc.
Outras mudanças que os alunos devem ficar atentos, é que a partir de agora, o alfabeto brasileiro passam a ter as lestras k, w e y, e não se acentuam mais as palavras com ditongo aberto ei e oi, como por exemplo: assembleia, ideia, boleia, jiboia, paranoico, heroico, heroi, boia, entre outros.
Leia o Decreto do Acordo Ortográfico na íntegra, com todas as mudanças aprovadas.