Escola rural reconstrói memória dos polos Wilson Pinheiro e Dom Joaquim

Narrativa faz um mergulho no passado da região (Foto: Kennedy Santos/Secom)

No km 17 da Rodovia AC-90, zona rural de Rio Branco, está localizada a Escola Estadual Wilson Pinheiro. A instituição recebe estudantes de diferentes localidades, mas a grande maioria é dos polos Wilson Pinheiro e Dom Joaquim.

Essa razão motivou os estudantes da instituição a realizarem uma reconstrução da história dos dois lugares, por meio de um projeto intitulado “Memória Literária dos Polos Wilson Pinheiro e Dom Joaquim”. O resultado será apresentado ao público durante a Viver Ciência, que vai até amanhã, na Universidade Federal do Acre (Ufac).

A narrativa faz um mergulho no passado da região. “A ideia era conhecer nossas origens, saber como foi a luta das pessoas que vieram antes de nós, nossos avós, bisavós, para conquistar suas terras e fundar este lugar”, conta o estudante Samuel Tim.

À frente da iniciativa está a turma do 7º ano da escola, coordenada pela professora Amanda Rufino, com supervisão do docente Jairo Ribeiro. De acordo com a coordenadora, a pesquisa tem duas frentes de ação: fazer os alunos conhecerem melhor seu espaço, suas identidades, e ao mesmo tempo aprender a identificar gêneros textuais.

“Trabalhamos com memórias literárias e resolvemos deixar algo como legado. Foi então, que tivemos a ideia de reconstruir a memória dos polos, porque é uma forma de deixar registrado para as próximas gerações a história dessas duas comunidades”, explica a docente.

A reconstrução

Para rememorar o passado, os alunos fizeram uma imersão na história do Acre e dos locais onde moram. Procuraram os moradores mais antigos, que ainda habitam na localidade, e por meio de relatos elaboraram um documento com seis páginas, no qual contam todo o processo de criação das localidades.

Na narrativa eles contam o processo e a luta de seus moradores para elevar os lugares a categorias de polos agroflorestais. A reportagem visitou e também documentou a trajetória das comunidades.

Wilson Pinheiro

O polo Wilson Pinheiro foi criado em 1999, durante o governo de Jorge Viana. Antes disso, os 800 hectares de terras pertenciam ao Colégio Agrícola. Naquele ano, 400 hectares dessa área foram doados para 40 famílias para a criação de uma área agroflorestal de produção familiar.

A família do agricultor Rosevaldo Braz foi uma das primeiras a chegar à localidade e permanece até hoje. Ele conta que na época o local, que atualmente conta com infraestrutura, como asfalto, luz elétrica, e escolas, era apenas um ramal. “Aqui era um lamaçal só, todos os lotes foram entregues cobertos por mata bruta, tivemos que lutar muito pelas melhorias que hoje temos aqui”, conta.

De acordo com a esposa do agricultor, Celex Camatio, o nome Wilson Pinheiro foi escolhido em homenagem ao seringalista que lutou em defesa do meio ambiente. Assim como Chico Mendes, ele também foi assassinado por lutar pelos povos da floresta.

Braz mora na localidade até hoje e vive da horticultura (Foto: Mágila Campos)

Dom Joaquim

Já o polo Dom Joaquim, foi fundado em 2001. Era parte dos lotes do Wilson Pinheiro, doado a mais 17 famílias, que chegaram nos anos 2000. Porém, um ano depois, os novos inquilinos resolveram desmembrar as terras e fundar o seu próprio polo.

Após os trâmites legais o local foi batizado de Dom Joaquim, em homenagem ao Bispo diocesano, que foi um dos apoiadores dos agricultores na batalha pela reivindicação do território. Depois da divisão territorial a área se tornou dois polos agroflorestais. A renda das populações vem basicamente da horticultura e pisicultura.

Viver Ciência

Essas e outras informações serão apresentadas ao público durante a Viver Ciência. De acordo com a diretora Francielda Lima, é a primeira vez que a escola vai participar da Mostra Científica.

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