Desde abril, o governo do Acre, por meio da Secretaria de Educação e Esporte (SEE), implantou as primeiras escolas em tempo integral, por enquanto todas na capital, Rio Branco, um novo modelo de educação que já foi implantado em outros estados e que começa a dar os primeiros resultados.
Dentro desse modelo, além da formação técnica, pessoal e profissional, há espaço, sobretudo, para a inclusão social. Alunos com algum tipo de necessidade especial encontraram na escola de tempo integral não apenas uma nova família, mas uma nova maneira de ver o mundo.
Após o período de adaptação, esses alunos já estão integrados nessa nova metodologia de ensino. E as escolas, seguindo a política do governo do Acre em realizar da melhor forma a educação inclusiva, fazem questão de trazer para dentro dos espaços esses alunos.
Por isso mesmo, elas recebem alunos com as mais variadas necessidades especiais. Desde jovens com a baixa visão, passando pela síndrome de down, surdez, até deficiências mental, física e intelectual. Mas nenhuma delas é capaz de superar o amor que a escola tem por eles.
O mais importante é que, nesse processo, a família se faz muito presente. Isso porque, desde a implantação das escolas em tempo integral, elas foram chamadas a participar ativamente da educação dos seus filhos, fazendo-os protagonistas de sua própria história.
Minha segunda casa
Um exemplo de superação pode ser encontrado na Escola Sebastião Pedrosa, que fica localizada nas proximidades da Arena da Floresta, no Segundo Distrito. É o aluno Joas Rodrigues, que tem paralisia cerebral e está no segundo ano.
O gestor da escola, professor Mauro Sérgio da Costa Moura, diz que Joas ajuda muito na horta. “O pai dele até conseguiu um caminhão para transportar estrume e trazer aqui para a nossa escola. Ele vem até aos sábados, se precisar”, afirmou o diretor. “A nossa política é fazer a inclusão de todos os alunos.”
Joas gosta de todas as disciplinas, mas diz que se identifica um pouco mais com português e geografia. “A escola é a minha segunda casa e ela está me ajudando a crescer cada vez mais”, faz questão de dizer.
Ao todo, a Sebastião Pedrosa tem 17 alunos com algum tipo de necessidade especial. Além do Joas tem também o Diego Fernandes Pereira. Ele tem microcefalia e está no primeiro ano. Embora tenha algumas limitações, é acompanhado por um orientador, o Renato Morais, e consegue escrever o próprio nome com uma letra bem legível.
Importância da família
Para a professora Roselândia Matos, professora do Atendimento Educacional Especializado (AEE), da escola José Ribamar Batista (EJORB), A presença da família na escola, principalmente para os alunos com necessidades especiais, tem sido fundamental para o desenvolvimento desses jovens na escola.
Na EJORB também há alunos com as mais variadas necessidades especiais. As salas de AEE são fundamentais, mas ela considera que os alunos estejam interagindo com os demais dentro de sala de aula. “Isso é muito importante para o processo de inclusão dentro da nossa escola, fazer com que eles se sintam parte da turma”, explica.
E essa inclusão já acontece, sobretudo, com o carinho e a receptividade que os demais colegas tem com os alunos portadores de necessidades especiais. “Aqui em nossa escola, tanto os professores quanto os demais alunos dão total apoio para realizar a inclusão”, disse.
Entre os alunos com necessidades especiais que estudam na EJORB está o Lairson Gomes de Alencar. Ele está no primeiro ano e já fez amizade com todos da sua sala de aula. Segundo a professora Roselândia, além de já está adaptado à escola de tempo integral, ele consegue acompanhar a aprendizagem com os demais estudantes.
Inclusão é prioridade
Em todas as escolas de tempo integral, a educação inclusiva é prioridade para a gestão, professores e até para os demais alunos. É o caso da Armando Nogueira, onde a professora Luziane Nepumoceno explica o trabalho que é feito com alunos portadores de necessidades especiais.
Na Armando Nogueira são em torno de 15 alunos que apresentam algum tipo de necessidade. Além dos profissionais especializados, também são realizados encontros e reuniões com os professores para alinhar o trabalho.
“Quando necessário nós fazemos algumas adaptações, como é o caso dos alunos que apresentam alguma deficiência visual, com as provas sendo elaboradas em braile, além do acompanhamento para os alunos que não conseguem se locomover sozinhos”, explica.
Isis Patrícia Nogueira dos Santos, que é acompanhada pela professora Artenizia Santos, tem deficiência intelectual e baixa visão, mas isso não a impede de socializar com os demais e nem de socializar experiências. “Nossa política é de integração e de respeito aos alunos com necessidades especiais. Valorizamos a educação inclusiva e procuramos resgatar, o máximo que podemos, a auto-estima desses estudantes”, afirma a professora Luziane.
Vivência e aprendizagem
No Instituto de Educação Lourenço Filho (IELF) a responsável pela sala de Atendimento Educacional Especializado é a professora Antônia Conceição Marques Pereira. Ela explica que na escola há em torno de 10 alunos com alguma necessidade especial.
Eles amam estudar em tempo integral. Eles só não gostam do sábado e do domingo porque são dias em que não vem para a escola, mas eu, particularmente, acredito que todos os especiais deveriam estar nesse modelo de escola”, afirmou.
Uma das alunas que mais chama a atenção da professora Antônia Pereira é a estudante Jéssica Menezes de Alcântara. Ela tem síndrome de down e está no primeiro ano. Muito extrovertida, faz questão de socializar as atividades e aprendizagens com os colegas de sala.
Vaidosa, antes de posar para a foto da reportagem, ela fez questão de se maquiar para ficar ainda mais bonita. “Outro ponto importante para a inclusão aqui em nossa escola é exatamente a receptividade que os outros alunos têm com os portadores de necessidades especiais”, disse.