Na sala do 2º ano, as crianças assistem ao filme “Menino Maluquinho 2”, baseado na obra de Ziraldo. Por toda a semana, os trabalhos do cartunista, jornalista, dramaturgo e caricaturista servirão de apoio para as atividades pedagógicas da professora Adriana Nascimento de Medeiros.
No mesmo momento, na sala do 1º ano, a professora Francimar Rocha de Moura reforça as habilidades de leituras para seis estudantes, no programa de Atendimento Individualizado estabelecido pela própria escola a crianças que não acompanham ainda o restante da turma. Enquanto isso, os demais estarão até às 10h30 na sala de leitura.
As atividades acima são duas de uma série adotada pela direção da escola de ensino fundamental Mozart Donizeti – colégio que leva o nome do autor da música do hino acreano – que acabaram resultando na nota 7,2 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o Ideb, divulgado semana passada, e que mede a qualidade do aprendizado nacional.
Ao longo dos últimos anos, foram significativos os investimentos do governo do Estado na Educação Pública acreana. Políticas públicas integradas, elevação da infraestrutura física das escolas e a qualificação profissional foram primordiais, para elevar o Acre ao primeiro lugar no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), da Região Norte.
Em 2013, o Estado registrava índice de 5,1 pontos no Ideb, nas séries do 1° ao 5° ano. Em 2015, o crescimento foi de 0,4, chegando a 5,5 pontos.
Os diferenciais da escola Mozart Donizeti
A escola Mozart Donizeti, que tem 361 alunos do 1º ao 9º ano do ensino fundamental, obteve a maior nota da rede pública de ensino na capital. Para se ter ideia do nível de aprendizagem em que se encontra a Mozart Donizeti, a meta do Ideb a ser alcançada para os anos iniciais – do 1º ao 5º ano – é de 4,7.
E qual é o segredo para tanto sucesso? “Compromisso. Compromisso com a escola, com os estudantes e com a família deles”, responde a gestora Raimunda Barros de Freitas.
“Aqui, além do planejamento pedagógico mensal por série, fazemos grupos de estudos com os nossos servidores e com os pais, porque entendemos que não se faz educação somente com docentes. Todos são educadores, inclusive a própria família”, frisa.
No cartaz, fixado na parede ao fundo de uma sala, há o nome de todos os pais de alunos e a frequência deles nas reuniões. “Ganha sempre uma estrela quem está em dia com suas obrigações”, explica a coordenadora Eneida Amorim da Silva.
É pai-nota dez, o pai-estrela aquele que se envolve e está de acordo com o lema principal afixado logo acima da lista de frequência do cartaz: “Os pais não ensinam, ampliam os horizontes de seus filhos, numa educação constante em família”.
Avaliações constantes
Segundo explica Marniz Silva de Souza, outra coordenadora pedagógica, ficar atento às correções sugeridas pelas avaliações constantes é mais que uma necessidade.
“É uma obrigação”, ressalta, citando, por exemplo, que grande parte dos conteúdos de reforço são baseadas em avaliações como a do Instituto ProA.
Agora, as condições de ensino-aprendizagem não estão sozinhas na lista de prioridade da escola. Era preciso oferecer também condições físicas para que os professores e alunos se sentissem à vontade de ensinar e de aprender.
“Por isso, conseguimos, com o esforço da própria comunidade, instalar aparelhos de ar-condicionado em todas as salas, e nosso conteúdo não se resume apenas às explicações na lousa. Fizemos um esforço, e com o repasse da Educação, preparamos fotocópias de nossos conteúdos”, explica Raimunda de Freitas.
Com o sistema de conteúdos no papel, direto para o aluno, o professor ganhou tempo em suas aulas e observou que os estudantes ganharam em rendimento, já que têm mais facilidade de visualizarem as matérias de um modo mais dinâmico.
Prova disso, são as aulas do projeto Literatura na Escola, que nesta segunda-feira, no 4º ano, discutia as obras de Monteiro Lobato. Adicione-se a isso a determinação de cumprir sem transtornos os 200 dias letivos, e a fórmula para obter sucesso, não só no Ideb, mas em qualquer outra avaliação, está completa.
