Quando as aguas de um rio invadem uma cidade, a alagação não é a única preocupação da população e governantes: há também o perigo de desbarrancamento na região do leito do rio após a cheia, um fenômeno ainda mais comum nos rios amazônicos. Por isso, o governo do estado convidou desde o último sábado, 25, uma dupla de engenheiros de São Paulo para verificar riscos e danos a grandes obras nas cidades mais atingidas pela cheia do Rio Acre.
Quem acompanhou a visita dos engenheiros paulistas pelo Acre foi o Secretário de Infraestrutura e Obras Públicas, Wolvenar Camargo. “Pedimos que eles viessem por serem pessoas que já conhecem a realidade dos rios acreanos e terem se envolvido com projetos da região como a encosta da Gameleira”, explicou o secretário.
No sábado, 25, eles visitaram Brasileia, a cidade que teve 95% de sua área atingida pelas águas do Rio Acre. Além dos vários desbarrancamentos e os perigos que eles trazem, foram avaliadas as fissuras no hospital da cidade. “São fissuras pequenas, de milímetros. O hospital esta liberado, mas indicamos que essas fissuras devam ser verificadas e acompanhadas de perto”, disse o engenheiro especialista em Geotecnia, Luiz Carlos Pineri.
Após a cheia de um rio, dependendo da velocidade da descida de suas águas, a região de seus leitos sofre desbarrancamento. É um processo natural, principalmente nos rios da região amazônica, cheios de grandes curvas já que estão em superfícies planas. O desbarrancamento atinge principalmente as famílias ribeirinhas e as de áreas urbanas que residem nas margens dos rios. “Brasileia se tornou uma visão muito triste. Ficamos bastante mexidos com o que vimos lá após a descida tão rápida das águas que invadiram a cidade”, comentou o engenheiro especialista em Estrutura, Tuheniro Uono.
Neste domingo, 26, o grupo de engenheiros faz uma vistoria de barco pelas encostas do Rio Acre que corta Rio Branco. Serão observados pontos críticos que indiquem desbarrancamento na hora de sua vazante. “É um trabalho de prevenção. Muitas pessoas construíram suas casas na beira do rio, algumas através de invasões. Se o rio baixar muito depressa, pode haver esse perigo. É melhor que essas estruturas caiam vazias do que com alguma pessoa dentro”, reforçou Luiz Carlos Pineri.