O nível do rio Acre, que marcava 17,48 metros às 18 horas, em Rio Branco, vai continuar subindo, segundo a Defesa Civil. A previsão para os próximos dias é de chuva entre 90 e 100 mm. Em Xapuri a população está sendo avisada sobre o aumento no volume das águas e carros volantes orientam as famílias sobre como proceder. Foi com este panorama que a reunião do Gabinete Integrado de Mobilização da Alagação iniciou a reunião das 17 horas desta quarta-feira, 22. Em Brasileia o volume das águas começou a baixar e em Santa Rosa, banhada pelo Rio Purus, começa a estabilizar e o nível das águas já abaixou 2,5 metros.
Governos federal, estadual e municipal, Defesa Civil, Exército, Aeronáutica e outras forças de segurança se reúnem diariamente, duas vezes ao dia. Na tarde desta quarta-feira o assessor especial da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Julio Héctor Marín Marín, participou do encontro para se inteirar sobre a situação que o Acre vive.
As duas maiores preocupações do governador Tião Viana neste momento foram acalmadas pela presidente Dilma Rousseff, que telefonou reafirmando o apoio irrestrito ao Acre. “Nossos pontos mais graves é o ajuste das despesas ao que foi pactuado e o momento depois da alagação, principalmente com relação aos ribeirinhos, mas a presidente disse que vai acompanhar pessoalmente essas questões”, disse o governador.
Em Rio Branco, segundo o prefeito Raimundo Angelim, 575 pessoas trabalham para atender os desabrigados, entre servidores e voluntários. Até agora foram servidas na capital 116 mil refeições, seis mil somente no almoço desta quarta-feira. Carros pipas e mananciais de água potável já foram identificados caso haja necessidade de racionamento de água.
O chefe do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), Armin Braun, que está no Acre acompanhando as ações de atendimento às vítimas, sugeriu a elaboração de um plano de contingencia que preveja as situações que serão enfrentadas caso o rio suba mais um metro, incluindo os prédios públicos que serão afetados.
Quatro pelotões do Exército estão em Xapuri e Brasileia para dar suporte aos desabrigados e um pelotão com 140 homens chega a Rio Branco nesta quinta-feira, 23. Uma preocupação levantada pelo general Ubiratan Poty foi com relação a Xapuri, onde as pessoas não acreditam que o nível do rio vai subir. “Como elas não acham que as águas ainda vão subir, se recusam a tomar qualquer tipo de providencia. Comerciantes na beira do rio não querem retirar suas mercadorias e isso é uma tragédia anunciada. As águas vão chegar e com a mesma intensidade que atingiram Brasileia”, alertou.
O senador Jorge Viana reafirmou a necessidade de entregar sacolões as famílias que estão atingidas, algumas ilhadas, e observou que em algumas casas há três ou até quatro famílias abrigadas. “São pessoas pobres abrigando pessoas pobres, num gesto extremo de solidariedade, e que precisam receber cestas alimentícias, porque a comida não dá pra alimentar a todos que estão alojados. Essa é uma situação que já observamos e estamos atendendo”, disse.
Os bairros mais atingidos em Rio Branco:
Taquari, Airton Sena, Seis de Agosto, Cidade Nova, Sobral, Adalberto Aragão e Cadeia Velha.
Hospitais de Brasileia e Xapuri recebem atenção especial
O Governo Federal está enviando kits de medicamentos conforme a necessidade demandada. Cada kit atende 500 pessoas. A preocupação maior, de acordo com o governador Tião Viana, são as populações indígenas, por serem mais vulneráveis à doenças. Em Brasileia a estrutura do Hospital das Clínicas Raimundo Chaar foi parcialmente comprometida e será montado um hospital de campanha. Em Xapuri o governador, após inspecionar o local, determinou a retirada de pacientes e estrutura para área mais segura, prevendo que a unidade seja atingida pelas águas.
Em Rio Branco nove escolas e nove postos de saúde da família foram atingidos pela alagação e estão desativados. Segundo o prefeito Raimundo Angelim caso o nível das águas suba mais 10 centímetros o Centro de Saúde do João Eduardo será atingido. Entre os dias 16 e 21, o momento mais intenso de trabalho até agora, foram realizados 5.587 atendimentos de saúde somente dentro dos abrigos montados na capital.
Produtores e indígenas recebem sacolões
Somente em Rio Branco a prefeitura estima que o prejuízo causado à produção agrícola seja de R$ 12 milhões. São os produtores rurais e os indígenas as maiores preocupações do governo neste momento e eles estão recebendo cestas básicas, entregues por meio de barcos ou helicóptero. Famílias de Manoel Urbano, Sena Madureira, Santa Rosa e algumas comunidades rurais de Rio Branco receberam sacolões nesta quarta-feira, 22. A previsão é de que até sexta-feira todos os produtores atingidos recebam alimentos.