Na mágica noite deste sábado, 20, o Arraial Cultural, promovido pelo governo do Estado do Acre, ganhou ainda mais vida no Calçadão da Gameleira, em Rio Branco. Em meio às luzes coloridas e ao som das sanfonas, a festa começou com uma apresentação vibrante do grupo Maracatu Pé Rachado, trazendo o ritmo contagiante de Pernambuco para aquecer os corações acreanos.
O grupo Maracatu Pé Rachado, fundado em 2017, foi a primeira atração da noite, e não decepcionou. A integrante Nathania Oliveira explicou que a apresentação foi uma amostra do resultado da oficina de maracatu, parte do projeto Maracatu Aproximando Baques – 2ª Edição. A oficina, ministrada por Rumenig Dantas e Lany Moura, membros da centenária Nação Porto Rico de Recife, trouxe uma autenticidade inegável ao espetáculo.
“Somos o único grupo de maracatu atuante em Rio Branco e estamos muito felizes em abrir o Arraial Cultural deste ano”, disse Nathania. Com 26 integrantes, o Maracatu Pé Rachado não só faz apresentações como também promove oficinas e ensaios abertos todos os sábados na Escola de Música, convidando a comunidade a se juntar e aprender mais sobre essa rica tradição cultural.
A performance do Maracatu Pé Rachado foi um verdadeiro show de cores, sons e movimentos. Os tambores ressoaram pelo espaço, acompanhados pelo ritmo cadenciado e hipnotizante dos dançarinos, todos trajados com roupas tradicionais e adornados com coroas e fitas coloridas. O público, composto por crianças, jovens e idosos, não conseguiu conter a empolgação e se uniu ao grupo, batendo palmas e dançando ao ritmo do maracatu.
Nathania destacou a importância de eventos como o Arraial Cultural para a valorização e preservação das tradições brasileiras. “Acreditamos que o maracatu é uma ponte que nos conecta com nossas raízes e nos permite celebrar nossa identidade cultural de uma maneira única e vibrante”, afirmou.
A quadrilha do Sesc brilha para todas as idades
Segundo grupo a se apresentar na noite deste sábado, a quadrilha do Sesc no Arraial Cultural simboliza muito mais do que uma mera exibição de dança tradicional. Segundo Marizete Melo, coordenadora da quadrilha, essa iniciativa representa um trabalho social profundo e transformador desenvolvido pelo Sesc há mais de 20 anos no Acre, focado no bem-estar e na valorização dos idosos.
Composta por 17 pares de dançarinos, todos com mais de 60 anos, a quadrilha Sesc 60+ é um exemplo vivo de inclusão, autoestima e respeito. “Nosso maior objetivo é promover a socialização, levando autoestima e resgatando a pessoa idosa muitas vezes do confinamento social através das nossas ações”, explica Marizete. A dança, para eles, é uma expressão de autonomia e protagonismo, mostrando que o envelhecimento não deve ser um obstáculo para a realização de sonhos.
A quadrilha já faz parte do calendário cultural do estado e do município, realizando diversas apresentações ao longo do ano. Este ano, o grupo já se apresentou em oito eventos e ainda tem mais cinco agendados. A sociedade, reconhecendo o valor desse trabalho, responde com entusiasmo e admiração, o que, segundo Marizete, é uma das maiores recompensas. “O que mais gratifica a gente é a alegria da própria pessoa idosa e além dele se sentir valorizado, empoderado”, comenta.
O impacto dessa iniciativa vai além do entretenimento. Ela promove uma visão mais humana e respeitosa do envelhecimento, tanto para os próprios idosos quanto para a sociedade em geral. “A pessoa idosa nunca deve perder sua autonomia, porque enquanto tiver autonomia, essa pessoa vai viver com qualidade, realizando sonhos”, enfatiza Marizete.
Sinônimo de alegria e disposição
Para Isabel da Silva Damasceno, de 68 anos, fazer parte da quadrilha do Sesc é uma experiência carregada de emoção e alegria. Isabel, que já participa do grupo há quatro anos, descreve com entusiasmo o impacto positivo que a quadrilha tem em sua vida.
“É muito emocionante, dançar é algo que traz muita diversão e alegria”, comenta Isabel. Para ela, a quadrilha vai além da dança; é um espaço onde ela se sente valorizada e onde a união e a amizade entre os participantes brilham intensamente. “A quadrilha é muito mais do que um grupo de dança; é uma família que se apoia e celebra junta”.
A ansiedade antes das apresentações é algo que Isabel também sente, mas de uma maneira positiva. “Dá um nervosinho bom quando a gente começa a apresentação”, admite. A expectativa e a preparação para cada evento são momentos especiais para ela, especialmente quando assume o papel de noiva na quadrilha. “É a primeira vez que sou a noiva e está sendo incrível, me produzi e me valorizei bastante para fazer parte deste momento”.
Além das apresentações, Isabel aprecia as diversas atividades oferecidas pelo Sesc, que promovem a socialização e o bem-estar dos idosos. “Acho maravilhoso participar de várias comunidades e eventos. Isso nos dá uma sensação de pertencimento e nos mantém ativos e engajados”, diz.
Isabel também valoriza as oportunidades de viajar e conhecer novos lugares que a quadrilha proporciona. “Já fiz várias viagens com o grupo, e é sempre muito caro e divertido”, destaca. Para ela, essas experiências são inesquecíveis e trazem um senso de aventura e descoberta contínua.