Andando sobre a ponte da fronteira que divide Assis Brasil do Peru, local de passagem de migrantes, a comitiva de 22 representantes ministeriais pôde ver de perto a realidade de quem usa a rota como meio de entrada para outros países.
A visita faz parte da agenda interministerial realizada pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública do Acre (Sejusp) e da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH) que, visando estratégias para articulação e execução do Plano de Contingência Migratória, instaurou no âmbito do estado acreano o Gabinete de Crise Migratória.
Na oportunidade, os 22 representantes de 6 ministérios visitaram em Assis Brasil a Casa de Passagem Otonoel de Souza Martins Oliveira, criada para abrigar migrantes de diversos países, sendo que na ocasião havia 23 migrantes. A prefeitura do município também foi um ponto de parada e discussão de políticas públicas voltadas para melhor atender essas pessoas que todo dia adentram pela fronteira peruana, pela cidade de Iñapari.
Na fronteira com a Bolívia, a cidade de Brasileia também foi um destino certo, onde visitaram a Casa de Passagem localizada no km 4 do Santuário de São Francisco, que tem capacidade de abrigar até 50 pessoas, e, na oportunidade, residiam 35 venezuelanos, incluindo uma jovem de 22 anos, Freneci Alarcon, mãe de uma criança de dois anos.
A jovem mãe, casada, está há dois meses no abrigo e vende balas no sinal para conseguir dinheiro para chegar até o Sul do Brasil, em Santa Catarina, destino final e sonho da família e de muitos que ali estavam. Freneci destaca que veio para o Brasil porque é um bom lugar, onde os brasileiros os tratam como pessoas que são. “Eu dou graças a Deus porque aqui temos água, luz, teto, comida, e eu gosto”, disse.
A visita é resultado das análises dos relatórios de inteligência, que afirmam a grande possibilidade do aumento de fluxo migratório a partir de outubro de 2023, quando um decreto governamental peruano se expira, tornando automática a expulsão de milhares de migrantes irregulares das terras peruanas. Hoje, a estimativa de entrada de migrantes é de 50 por dia.
O secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública do Acre, coronel José Américo Gaia, agradece a comitiva que prontamente atendeu o chamamento e veio ver de perto a necessidade dos municípios de fronteira. “Tenho certeza que nessa reunião um canal de comunicação foi estabelecido e foram pensadas soluções para essa problemática. Nós vamos encontrar políticas públicas para mitigar a crise migratória, pois somos um país acolhedor”, colocou Gaia.
O presidente do Gabinete de Crise Migratória, Lauro Santos, falou a respeito dos trabalhos que as forças de segurança estão realizando na fronteira e também no controle do fluxo da migração. “Essa agenda possibilita a tomada de decisões e criação de políticas públicas para solucionar tantos gargalos no fluxo de migrantes nas regiões de fronteira do estado” disse Lauro.
A agenda intensa de três dias pelas cidades de Rio Branco, Epitaciolândia, Brasileia e Assis Brasil encerrou com um diálogo com as autoridades das quatros cidades na Escola Estadual Kairala José Kairala, localizada no município de Brasileia.
