Economia Solidária muda a vida de quatro mil acreanos

Márcia de Souza, diretora do departamento de Economia Solidária, comemora avanços com as populações mais carentes do Acre (Foto: Diego Gurgel/Secom)

Márcia de Souza, diretora do departamento de Economia Solidária, comemora avanços com as populações mais carentes do Acre (Foto: Diego Gurgel/Secom)

Economia Solidária é um jeito diferente de produzir, vender, comprar e trocar o que é preciso para viver. Sem explorar os outros, sem querer levar vantagem, sem destruir o ambiente. Cooperando, fortalecendo o grupo, cada um pensando no bem de todos e no próprio bem. No Acre, o projeto de Economia Solidária é coordenado pela Secretaria de Pequenos Negócios (SEPN) e hoje beneficia diretamente cerca de quatro mil pessoas, em ações de inclusão econômica e social que lhes oferecem uma nova perspectiva de vida.

Hoje a SEPN trabalha com o fomento à Economia Solidária a partir de quatro convênios. O mais importante envolve R$ 8 milhões e beneficia 19 cooperativas, de Porto Acre a Mâncio Lima, com estrutura predial, transporte e capacitação de pessoas. São cooperativas voltadas principalmente para o artesanato, cosméticos feitos com óleos da floresta, confecções e utensílios domésticos. Por meio desse convênio, as cooperativas receberão, em breve, 600 equipamentos de trabalho diretamente das mãos do secretário nacional de Economia Solidária, Paul Singer.

O segundo convênio da SEPN é o mais abrangente. Engloba 55 cooperativas em todos os municípios do Estado e trabalha principalmente na capacitação, para ajudar os cidadãos a expandirem seus horizontes e serem capazes de ir além de suas realizações atuais, a partir da organização dos grupos. Alguns equipamentos para uso coletivo também serão entregues.

Colocando a mão na massa

A Economia Solidária não foca apenas na questão de confecções de produtos, mas também no potencial gastronômico das comunidades. A criação das padarias comunitárias é um exemplo dessa ação. Atualmente três estão sendo montadas em Rio Branco e já existe uma no município isolado de Santa Rosa do Purus. “Em cada padaria vão trabalhar 20 pessoas. Dez serão da comunidade, dez serão reeducandos do sistema prisional. Eles já terão garantido o fornecimento da produção para o sistema penitenciário e cada padaria poderá produzir até mil pães por dia”, explica Márcia de Souza, diretora do Departamento de Economia Solidária da SEPN.

Criação das padarias comunitárias é um exemplo de que a Economia Solidária foca também no potencial gastronômico das comunidades (Foto: Sérgio Vale/Secom)

Criação das padarias comunitárias é um exemplo de que a Economia Solidária foca também no potencial gastronômico das comunidades (Foto: Sérgio Vale/Secom)

Além das padarias, outro convênio garante a criação de três cozinhas comunitárias em Rio Branco. São cozinhas industriais que serão entregues à comunidade, beneficiando cerca de 20 famílias cada uma, especialmente as lideradas por mulheres. A ideia é ajudar as proprietárias de algum tipo de negócio próprio que envolva a venda de alimentos, mas que ainda não tenham aparato o suficiente para fortalecer o negócio. Até dezembro, as três já deverão ter sido entregues.

Fortalecimento das feiras

A vida de Edislane Cunha mudou completamente após o apoio da SEPN (Foto: Diego Gurgel/Secom)

A vida de Edislane Cunha mudou completamente após o apoio da SEPN (Foto: Diego Gurgel/Secom)

As feiras de venda de produtos são ainda uma grande tradição cultural do Acre. E as Feiras de Economia Solidária começam a fazer parte dessa cultura. Só em Rio Branco, a parceria com a prefeitura garante duas feiras mensais e uma feira especial no Natal. A primeira delas já ocorreu, de 30 de outubro a 3 de novembro, no Novo Mercado Velho, e foi considerada um grande sucesso.

Ao todo, foram mais de 95 empreendimentos, entre artesanato, cerâmica, jardinagem e comidas típicas. Só de artesãos, 36 integraram esta primeira feira. Segundo a artesã Renilda Lira, do grupo Arte da Floresta, os resultados foram excelentes: “Renovamos nosso artesanato. As biojoias estão melhores, mais bonitas. São produtos em madeira, bordados, sementes… É muita coisa”, entusiasma-se.

A praça de alimentação da feira também apresentou diversas opções em 24 quiosques. E entre os quituteiros, encontramos gente que já mudou completamente de vida com o projeto de Economia Solidária, como a jovem Edislane Cunha, que chegou à SEPN num momento difícil, grávida e sem nenhuma renda para comprar peças de enxoval para o seu bebê. “Eu nem imaginava que o governo dava esse tipo de ajuda, ensinando a gente a montar o próprio negócio”, conta.

Edislane juntou a mãe, o irmão e a irmã e começaram a fazer quitutes e vender, principalmente em feiras espalhadas pela capital. “Começamos a trabalhar este ano. Nós mudamos de vida de verdade. Conseguimos o microcrédito oferecido, compramos os equipamentos de cozinha e estamos em qualquer evento que deixe a gente se instalar. Agora estamos juntando dinheiro e construindo aos poucos uma lanchonete lá em frente de casa mesmo”, relata Edislane, sorridente.

Biojóias são um dos produtos mais valorizados do artesanato acreano (Foto: Angela Peres/Secom)

Biojóias são um dos produtos mais valorizados do artesanato acreano (Foto: Angela Peres/Secom)

União que faz a diferença

Ainda segundo a diretora Márcia de Souza, o microcrédito para pessoas que queiram começar seu próprio negócio foi uma conquista. “Temos um funcionário da Caixa Econômica Federal aqui dentro da SEPN, só para a avaliação de microcréditos, é uma maneira de facilitar ainda mais a vida dos cidadãos”, ressalta.

É esperado que em breve o governador Tião Viana assine um decreto para criar o Conselho Estadual de Economia Solidária. O tema tem tomado tamanha importância que em janeiro será realizada a Terceira Conferência de Economia Solidária, nos preparativos para a nacional, em Brasília, que reforçará a luta pela renda daqueles que mais precisam.

Compartilhe:

WhatsApp
Facebook
Twitter