E o que nos falta? O 3 de novembro e a importância em reforçarmos nossos direitos

Você, mulher, já imaginou um mundo em que não pudesse votar? Um mundo que a decisão para a escolha de seus representantes fosse tomada por outra pessoa, isto pelo simples fato de você ser mulher? Bem, esta era a nossa realidade há pouco mais de 90 anos.

No dia 3 de novembro, o Brasil celebra um marco histórico: a instituição do direito de voto da mulher. Uma data que nos convida a refletir sobre a longa jornada que as mulheres percorreram para alcançar esse direito fundamental de participar ativamente do processo democrático do país. Iniciando esta jornada, a Constituição de 1891 representou o primeiro obstáculo, ao deixar de reconhecer o direito de voto das mulheres.

Essa decisão desencadeou uma luta incansável dos movimentos sufragistas brasileiros, liderados por figuras notáveis como Consuelo Ramos Caiado e Jacintha Luiza do Couto Brandão Peixoto, que era mãe da renomada Cora Coralina. Essas mulheres corajosas defenderam a igualdade de gênero e se posicionaram firmemente em busca da justiça.

Após o período sombrio do golpe de 1930, as esperanças das mulheres foram renovadas com a reabertura do Parlamento em 1932. Nesse ano, o Código Eleitoral foi promulgado, finalmente concedendo às mulheres o direito de votar. Em 1934, a nova Constituição do país reafirmou essa conquista histórica, marcando um avanço significativo na igualdade de gênero no Brasil.

Hoje, apesar dessas conquistas históricas, os desafios persistem. Embora as mulheres constituam a maioria dos eleitores, sua representação nos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário continua desproporcional. Iniciativas recentes, como a Emenda Constitucional nº 117/2022, têm buscado abordar esse desequilíbrio, exigindo que os partidos políticos destinem recursos para a participação política das mulheres e garantam uma presença mínima de 30% em propagandas eleitorais.

Datas como o Dia da Instituição do Direito de Voto da Mulher no Brasil não são apenas para celebrar conquistas do passado, mas também para nos lembrar da necessidade contínua de lutar pela equidade de gênero. Elas nos alertam para o fato de que, apesar dos avanços, ainda há um longo caminho a ser percorrido para alcançar uma representação verdadeiramente igualitária nas esferas de poder da sociedade brasileira.

E hoje? Pelo que estamos esperando? A maioria da população brasileira (51,5%) é formada por mulheres, segundo o último Censo realizado pelo IBGE. Sendo o Brasil formado em sua maioria por brasileiras, por que a representação feminina na política segue tão desigual? Por que ainda não alcançamos a igualdade na política? Em cargos de poder? Em salários para mesmos cargos? O que falta?

Os avanços foram grandes, mas ainda temos muito a percorrer para alcançarmos a equidade de gênero nas esferas de poder. O 3 de novembro é, sim, uma data a celebrarmos; mas também uma data para refletirmos. O que falta a você, mulher, para agir?

O direito ao voto das mulheres é uma conquista significativa, mas a igualdade de gênero na política ainda é uma meta distante. É nossa responsabilidade não baixar a guarda, lutar por uma representação mais justa e garantir que as vozes de todas as brasileiras sejam ouvidas e respeitadas, além de também ser nossa responsabilidade participarmos das diretrizes, da comunidade em que estamos presentes, já que a participação política começa já na nossa comunidade, passando para a cidade, estado e país.

Mulheres, se interessem pela vida política, pela vida social! Enquanto tivermos mais conhecimentos quanto à cidadania, leis, organizações de poder e políticas, além da própria administração pública, poderemos participar mais efetivamente. Aproveitemos o momento para celebrar nossos direitos, mas entendamos que, também, devemos cumprir nossos deveres enquanto cidadãs.

A luta pela igualdade de gênero continua e basta nos perguntarmos: o que estamos esperando?

Anne Nascimento é graduada em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal do Acre

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