Durante festival, Povo Puyanawa celebra independência econômica com alta produção de farinha de mandioca

Em uma Terra Indígena de 24 mil hectares, em Mâncio Lima, distante 670 km da capital Rio Branco, o povo Puyanawa faz ecoar para o mundo a sua música, dança, pinturas e culinárias, por meio do 6º Festival Atsa Puyanawa.

Festival teve início na quinta-feira , 18, e segue até segunda-feira, 22. Foto: Marcos Vicentti/Secom.

A celebração, que teve início na quinta-feira , 18, e segue até segunda-feira, 22, surgiu com a proposta de fortalecer a cultura indígena da etnia, que tem como referência a atsa, como chamam a mandioca, a maior fonte de renda da comunidade.

Juntas, as aldeias Ipiranga e Barão, presentes na Terra Indígena Puyanawa, produzem uma média de 10 a 12 mil sacas de farinha de mandioca por ano (mais de meia tonelada), o suficiente para abastecer o mercado de Mâncio Lima.

Com a alta produção, realizada em 12 casas de farinha presentes na terra indígena, os Puyanawa conquistaram independência econômica e celebram esse momento durante o festival, que reverencia a atsa.

José Marcondes Puyanawa Foto: Marcos Vicentti/Secom

“Somos uma comunidade voltada a produzir o que vem da terra. Dos 774 habitantes da nossa terra, mais de 80% trabalham fazendo farinha de mandioca”, disse o agente agroflorestal José Marcondes Puyanawa.

Farinha produzida da Terra Indígena Puyanawa abastece comércio de Mâncio Lima. Foto: José Caminha/Arquivo.

Da atsa, a comunidade produz outros alimentos, muito presentes na culinária Puyanawa. Bolos, goma de tapioca, beju, e sorvete são alguns dos alimentos típicos que estão sendo apreciados pelos visitantes de vários lugares do Brasil e do mundo, durante o festival.

“Os festivais indígenas realizados em nosso estado têm como objetivo difundir a linguagem, a cultura e a culinária do nosso povo, mas também têm o papel de fortalecer a economia, com as vendas de pratos típicos, artesanatos e outros produtos indígenas que ficam expostos aos turistas”, disse a secretária de Estado de Povos Indígenas, Francisca Arara.

Kawa, o prato mais procurado do festival

Kawa, o peixe assado na folha da bananeira, que acompanha arroz, mandioca, farofa e salada é o prato mais procurado pelos visitantes do Festival Atsa Puyanawa. Preparado na hora, a um custo acessível, que varia de R$ 20 a R$ 30, o kawa é servido no almoço e na janta, na maioria das barracas que funcionam diariamente, durante os cinco dias de festival.

Foto: Marcos Vicentti/Secom.

Além dele, o bolo de mandioca, o pé-de-moleque e as tapiocas recheadas atraem os turistas às barracas que oferecem sombra e um agradável ambiente para conversar ou descansar.

Nilza é responsável por uma das barracas com vendas de alimentos. Foto: Marcos Vicentti/Secom.

“Estou aqui desde o primeiro festival e a cada ano tento me aperfeiçoar, trazer alguma coisa diferente e com sabor especial aos nossos visitantes’, disse Nilza Puyanawa, responsável por uma das barracas com vendas de alimentos.

Experiência cultural e gastronômica

A servidora pública Ana Carolina Gomes veio de Brasília, no Distrito Federal, para participar do festival. Ela conta que esta é a sua primeira vez na região norte e que ficou encantada com o povo, a energia da aldeia, a alegria das crianças e a culinária farta.

Ana Carolina, que está pela primeira vez na região norte, veio ao Acre para participar de festival. Foto: Marcos Vicentti/Secom.

“A minha experiência tem sido muito rica, pois aqui estou em contato com os povos tradicionais, conhecendo mais a história deles e experimentando essa culinária, que é bem diferente da que estou acostumada e estou gostando bastante”, disse a turista.

Ana Carolina teve pouco mais de dois meses para a planejar a viagem, que aconteceu por um acaso. “Eu estava em uma farmácia, vi que a atendente estava usando acessórios indígenas e logo perguntei de onde eram. Ela me passou o telefone do sobrinho, um Puyanawa que confecciona o artesanato que ela usava, e em contato com ele para comprar um brinco, acabei sabendo do festival e vim parar aqui, junta com minha amiga”, explica.

Jennifer aceitou o convite da amiga e diz que está sendo maravilhoso participar do festival. Foto: Marcos Vicentti/Secom.

A amiga Jennifer da Cruz disse que foi pega de surpresa com o convite, mas logo aceitou e hoje considera que fez uma excelente escolha. “É maravilhoso estar aqui participando de todas essas atividades do festival com o Povo Puyanawa”, destacou.

Compartilhe:

WhatsApp
Facebook
Twitter