Com um dia dinâmico e educativo, os adolescentes do Centro de Apoio à Semiliberdade, ao Egresso e Família (Casef) realizaram a Exposição Pluralidade Cultural. A atividade faz parte da metodologia que explora um assunto a cada novo mês, escolhido pela equipe pedagógica. Em novembro, foi a vez da consciência negra.
As raízes do Brasil, a culinária africana e as danças culturais foram destaques da feira organizada pelos socioeducandos em semiliberdade. Nessa medida, os adolescentes passam o dia inteiro em atividades de escolarização e profissionalização, sendo que à noite eles retornar para a casa deles.
Todo o material da exposição foi produzido pelos alunos, fruto de um trabalho árduo dos professores. De acordo com a coordenadora pedagógica da unidade, Vângela Silva, o objetivo é promover o respeito à diversidade cultural. “Hoje eles estão explicando a influência do negro no país, da cultura indígena e de várias etnias”, afirma.
Também participaram do evento, alguns adolescentes dos Centros Socioeducativos Aquiry e Santa Juliana.
Há um desafio da equipe em relação ao nível de escolaridade dos adolescentes enviados à unidade. Alguns chegam sem saber ler e escrever. Os socioeducandos analfabetos são encaminhados para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) I, que é o 1° segmento, referente ao ensino primário. Os alunos mais avançados fazem uma avaliação para serem direcionados ao 2° segmento, que corresponde ao ensino fundamental. “Quando juntamos todos eles, procuramos trabalhar o nivelamento, buscando sempre adaptar as atividades, dependendo no grau de conhecimento do jovem”, explica Vângela.
Para o socioeducando Marcos Felipe (nome fictício), 17, o diferencial da escolha das medidas socioeducativas é a disposição dos professores em ajudar. “Lá fora, as salas de aula sempre são lotadas e aqui temos atendimento quase que exclusivo. Assim aprendo mais rápido”, defende.
Durante a exposição, Marcos fez uma apresentação de capoeira. Ele elogia o novo modelo de semiliberdade e faz planos para o futuro. “Confesso que cheguei aqui só com pensamentos negativos. Mas a ajuda e a esperança da equipe me fez mudar. Não quero continuar na criminalidade, porque cair no erro duas vezes é burrice”, promete.
Segundo o presidente do Instituto Socioeducativo do Acre (ISE), Henrique Corinto, uma pesquisa recente feita pra medir o nível da expectativa de vida dos adolescentes em conflito com a lei mostrou uma mudança no comportamento deles. A primeira vez que o questionário foi aplicado, a maioria dos meninos só pensava em ser ajudante de obras, carregador de compras, dentre outros trabalhos. Já no segundo questionário aplicado aos mesmos adolescentes, disseram que queriam ser médico, advogado, engenheiro. “Isso mostra que eles estão passando a acreditar que podem buscar um ensino superior, uma formação e se realizarem enquanto profissional. Um trabalho que só é possível graças às equipes e aos cursos profissionalizantes oferecidos pelo governo do Estado”, aponta.