Dia do Trabalhador em tempos de coronavírus

O Dia do Trabalhador é aquele dia de parabenizar a Maria, a Joana, o Antônio, o Raimundo, aqueles que saem de suas casas todos os dias para cumprir uma jornada de trabalho que tem como fruto o próprio sustento e o da família. Mas dessa vez é diferente. A regra é ficar em casa, pois um inimigo nos impede de cumprir essa jornada.

Esta data, celebrada em quase todos os países do mundo, inclusive com feriados e comemorações em muitos deles, é uma homenagem que remonta ao dia 1º de maio de 1886. Naquele dia uma greve foi iniciada na cidade norte-americana de Chicago em busca de melhores condições de trabalho.

A principal pauta era a redução da jornada de trabalho, que chegava a 17 horas por dia. Os trabalhadores buscavam uma jornada justa de 8 horas diárias. Mas não foi nada fácil, pois a manifestação foi marcada pelo confronto que resultou em prisões e mortes de trabalhadores.

No entanto, a atitude dos manifestantes seria como uma inspiração para muitos outros. Em todo o mundo, trabalhadores foram aos poucos conquistando direitos e garantias que seguem até os dias atuais.

Mas aqui estamos nós, em tempos de pandemia tendo que nos reinventar. Mas essa é realmente a força do trabalhador. Mulheres e homens que se esforçam, se doam e se entregam por necessidade, por sonhos, em busca de um mundo melhor. E como será esse mundo depois de tudo isso?

Os motivos para comemorar continuam e estão ainda mais fortes. Mesmo com o vírus em circulação, há aqueles que precisam sair de casa e cumprir a dura jornada nos serviços essenciais. Mas há também aqueles que podem e devem ficar em casa, mas isso não tira deles a dignidade de trabalhadores.

É dia de parabenizar o que continua trabalhando no seu posto de trabalho, o que mesmo de casa estabeleceu o seu home office e não deixa a peteca cair, o que se reinventou e teve que criar novas formas de sustentar a família e também o que se solidarizou e disponibilizou o próprio conhecimento na guerra contra o coronavírus. E é dia de pensar também naqueles que devido à pandemia até perderam a fonte de sustento e, assim, enviar toda a energia possível para que essa situação logo seja revertida.

Um inimigo estrangeiro chegou para tirar a paz e a liberdade do mundo, dos brasileiros, dos acreanos. Mas nada melhor do que um trabalhador que luta e vence guerras todos os dias para vencer mais essa. Já fomos avisados sobre isso no passado e o alerta ficou marcado na letra do Hino Acreano que diz “mas se audaz estrangeiro algum dia, nossos brios de novo ofender, lutaremos com a mesma energia, sem recuar, sem cair, sem temer”.

Elenilson Oliveira é jornalista do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen).

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