O Dia da Amazônia foi de boas notícias para os moradores do Complexo Florestal do Rio Gregório, formado pelas florestas estaduais do Mogno, do Rio Gregório e do Rio Liberdade que ficam situadas entre Cruzeiro do Sul e Tarauacá. Mais de uma centena deles compareceram a uma reunião na Unidade de Gestão Ambiental Integrada (UGAI) do Acuraua e ficaram sabendo que os primeiros 100 planos de manejo comunitário, de um total de 400 até o final de 2013, começam a ser elaborados nesta semana e o crédito moradia vai sair, agora com novidades.
As três florestas não são unidades de conservação, são de produção e cada família tem o domínio sobre 100 hectares. Como se sabe, a área de reserva legal é de 80%. Desta forma havia a preocupação do Governo do Estado em gerar renda aos moradores com a floresta. Com os planos de manejo, cada família terá direito a exploração florestal de 50 hectares. A empresa contratada para fazer os planos inicia os trabalhos ainda nesta semana pelo inventário, o registro, o emplacamento das madeiras e, em seguida elabora o plano, que ainda tem que passar pela aprovação do Imac.
Dez equipes, cada uma com seis componentes, entram em campo. Por exigência do Governo, grande parte da mão de obra será contratada entre os próprios moradores, dentre eles mateiros, abridores de picadas, emplacadores, cozinheiros, são cerca de 40 postos de trabalho. A elaboração de planos de manejo custa caro e os moradores não teriam como fazer por conta própria. Os primeiros 100 planos custarão R$ 723 mil. No final, os planos para as 400 famílias custarão cerca de R$ 3 milhões.
A expectativa é de cada hectare possa produzir 10m³, ou seja, 500 m³ para cada morador. A madeira produzida tem comercialização garantida, devendo ser absorvida pelas indústrias de transformação em Cruzeiro do Sul e Tarauacá.
O encontro foi organizado pela Secretaria da Indústria, do Comércio e dos Serviços Sustentáveis e Desenvolvimento Agroflorestal com participação da Seaprof e da Ugai do Acuraua. Para o secretário Edvaldo Magalhães, na Amazônia, o Acre pode ser considerado bem avançado em planos de manejo comunitário. “Temos a experiência de Xapuri, a Floresta Pública do Antimary, mas o que vai envolver mais gente é aqui neste complexo florestal”.
O presidente da Associação Agroextrativista Fortaleza Acreana, Edmilson Mesquita, lembrou que antes o trabalho de retirada de madeira era feito de forma ilegal porque ninguém tinha licença. “Agora estamos tirando de maneira correta, respeitando a nossa natureza, que é nosso dever como ser humano”.
Crédito moradia
Vai começar a primeira experiência habitacional na floresta acreana. Com a ampliação, pela presidenta Dilma, do programa Minha Casa, Minha Vida para a zona rural, agora denominado Plano Nacional de Habitação Rural, o crédito moradia passará a ser tocado pelo Banco do Brasil. No Acre, onde o governo tem ótimo relacionamento com a instituição há 12 anos, o BB aceitou que a Sedens fosse a organizadora do processo, que será feito em conjunto com as associações do complexo florestal. Convidado pelo secretário Edvaldo, Marcolino Rudighero, do Banco do Brasil, explicou como vai funcionar.
Para começar, 300 residências serão financiadas, na área de floresta, recebendo cada morador R$ 25 mil. Segundo Rudighero, todas as pessoas que estiverem morando na área florestal poderão acessar o crédito desde que devidamente regularizada. O Governo do Acre já assinou o convênio, agora só falta fazer os projetos e organizar os grupos de moradores que verão quais as opções de casas, acompanharão as obras e farão o acompanhamento financeiro.
Lazer na comunidade
Além de procurar com que os moradores das florestas tenham um bom nível de vida econômico, o Governo do Estado também está preocupado com o lado social e com atenção especial à juventude. A Sedens doou a cada um dos 30 times cadastrados, um kit para a prática de futebol. Também estão sendo recuperados seis campos de futebol.
E o mais interessante: no final de outubro vai acontecer um torneio início com os 30 times. Em seguida começa o campeonato que vai durar até o fim do ano.
Fundo Amazônia
O gerente da Seaprof em Tarauacá, Narcélio Silva, entregou para os produtores 20 galinheiros completos. Ele explicou que o governo está implantando o Fundo Amazônia que objetiva diversificar a produção evitando assim o uso do fogo. Foram entregues para os moradores um primeiro lote de 20 galinheiros completos, com 150 pintos e ração. Além disso, os moradores das florestas receberão destoca e aradagem de dois hectares e sementes de arroz, milho e frutas.