Empresários, educadores, líderes religiosos, indígenas, ativistas ambientais, trabalhadores, curiosos, jornalistas. No auditório, todos os olhares se esforçavam para se manter os mais atentos possíveis. Os ouvidos apurados tentavam absorver cada uma das informações oferecidas sobre sísmica terrestre. O que é? Como se faz? Qual o retorno? Pra que serve? Qual o impacto? Estas eram algumas das dúvidas que permeavam a plateia, interessada em entender o processo pelo qual a região do Juruá vai passar em busca de petróleo e gás natural.
Na manhã desta terça-feira, 24, a empresa Georadar, que venceu a licitação da Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural (ANP) para os estudos de sísmica terrestre (Projeto Bacia do Acre), promoveu um debate público para esclarecer o trabalho que está realizando.
Nesta fase, segundo Ricardo Savini, diretor de operações da Georadar, será feita a aquisição e processamento de mais de 40 mil registros de sísmica terrestre bidimensional. O objetivo é confirmar a presença de petróleo e gás natural, dizer onde se localiza e qual a quantidade, mostrando a viabilidade econômica da exploração.
“Esta é a fase mais importante deste processo. Deus ajude que vocês encontrem muito gás e muito petróleo. É isso que a região espera, é isso que nós queremos. A exploração desse produto, que será feita com total respeito às leis ambientais que nós defendemos, trará benefícios para os municípios e desenvolvimento para o nosso povo”, disse o vice-governador César Messias, que acompanhou a agenda.
O deputado federal Henrique Afonso não pôde participar do debate, mas defende o trabalho que será realizado, e tranquilizou a população: “A prospecção será feita nos lugares onde já houve ação do homem e com todo cuidado ambiental necessário. As áreas indígenas serão preservadas e não haverá prejuízo para as populações tradicionais”, comentou.
Meio ambiente preservado
“É melhor preservar que prejudicar, não é?”. A frase é de Francisco Cândido, agricultor aposentado que lidera uma associação de agricultores. Ele observava tudo com olhos bem atentos. “A gente tem que saber o que vão fazer por aqui, para ficar atento com o cuidado da nossa floresta”, comenta. Uma das maiores preocupações é com relação aos danos ambientais. A empresa Georadar garante que a atividade de sísmica é de baixo impacto.
“Não nos aproximamos de áreas de preservação permanente ou indígena, não utilizamos maquinários de grande porte, fazemos gestão de resíduos e recuperamos todas as áreas que alterarmos. A intervenção é pequena. Precisamos fazer uma ‘picada’ de um metro de largura para passagem de pessoal e equipamentos”, explica Savini.
O secretário de Meio Ambiente, Edegard de Deus, acompanha todo o processo e assegura que, além de a intervenção ambiental ser mínima, os órgãos ambientais vão fiscalizar o trabalho. “Tudo é feito com o acompanhamento dos órgãos ambientais. O Ibama já licenciou o estudo, e a empresa é responsável por recuperar todas as áreas que alterar, incluindo o fechamento de todos os poços abertos. O governador Tião Viana já anunciou que parte dos royalties será destinada ao desenvolvimento socioambiental de povos tradicionais, incluindo os indígenas. Houve todo um cuidado para que as linhas de estudo não atingissem as reservas ambientais e áreas indígenas”, explicou o secretário.
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O que é sísmica terrestre?
A sísmica é o método de prospecção geofísica baseado no estudo da propagação de ondas sísmicas geradas artificialmente (ultrassom), com a finalidade de delinear as estruturas geológicas do subsolo. A sísmica de reflexão é o método geofísico mais utilizado na indústria do petróleo, que o emprega em larga escala há mais de 60 anos. As imagens produzidas por esse método permitem que empresas de exploração avaliem um alvo (prospecto) promissor de forma precisa e com melhor relação custo-benefício para a produção de petróleo e gás.
Segurança – O método clássico de sísmica usa a dinamite para provocar as ondas para estudo. O transporte, armazenamento e controle de estoque são monitorados pelo Exército Brasileiro semanalmente. A dinamite é colocada em poços que têm de um a quatro metros de profundidade e todo o impacto é direcionado para baixo, a fim de provocar o efeito esperado. Após a implosão, uma equipe é encarregada de verificar cada dinamite para assegurar a carga zero do material.
Etapas da sísmica terrestre
A realização desse “ultrassom” do subsolo a partir do registro e medição da reflexão de ondas sísmicas compreende três etapas sucessivas:
· Aquisição (etapa que a Georadar está realizando no Acre)
· Processamento
· Interpretação de dados
Na fase de aquisição, são realizados o reconhecimento de área, permissoria e comunicação, abertura das linhas e topografia, perfuração e carregamento, sismografia e recuperação de área.
Localização
As linhas sísmicas a serem estudadas abrangem os municípios de Cruzeiro do Sul, Marechal Thaumaturgo, Porto Walter, Rodrigues Alves, Mâncio Lima, Ipixuna (AM) e Guajará (AM).
Georadar é líder em sísmica terrestre no Brasil
A Georadar Levantamentos Geofísicos S.A., de Minas Gerais, declarada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) vencedora da licitação realizada pela agência para aquisição de dados sísmicos terrestre no Acre, é a maior empresa do Brasil no setor e trabalha com a melhor tecnologia disponível. A empresa venceu a concorrência com proposta de R$ 53 milhões para aquisição e processamento de 40,7 mil registros (sismogramas) de sísmica de reflexão, que serão realizados até dezembro deste ano.{/xtypo_rounded2}