Da floresta brota poesia

Nesta quinta-feira, 14, comemora-se o Dia Nacional da Poesia. Para celebrar a data, a Biblioteca da Floresta, ligada à Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM), conversou com dois poetas acreanos sobre suas experiências com uma das manifestações artísticas mais tradicionais da História.

O que Suellen Verçosa e Raimundo Nonato têm em comum é apenas a poesia – e o talento para tal. Ele é poeta experiente, autor de livros e conhecedor da filosofia e das letras. Ela, uma jovem aspirante a poeta, daquelas cuja vida e sentimentos, ocasionalmente, servem como inspiração para seus versos.

Leia, a seguir, o perfil dos dois poetas, conheça suas histórias e o que pensam sobre seus versos. Confira também, ao final de cada texto, uma de suas poesias de destaque. 

Raimundo Nonato quebrou barreiras para assumir-se poeta

Raimundo NonatoRaimundo Nonato escreve poemas por inspiração. Não sofre crises criativas, pois não se força a escrever, e desenvolve poemas sobre temas que o tocam, sejam eles sentimentais ou sociais. Por meio da Lei de Incentivo à Cultura, publicou, em 2006, seu primeiro livro, “As curvas do rio da vida”.

Seu primeiro poema foi escrito aos 17 anos como forma de desabafo às incertezas vividas durante a ditadura militar, mas só após os 50 anos, com o final de seu casamento, voltou a escrever.

Mesmo com a enxurrada de poemas que lhe vinham à cabeça e que imediatamente colocava no papel, assumir-se como poeta e dedicar-se à burocracia que uma publicação exige foram seus obstáculos. “O Raimundo Nonato poeta vivia na sombra, publicando um livro. Teria que aparecer e eu tinha medo de escrever besteira”, admite.

Apesar do medo, a vida conspirava a favor da publicação dos poemas. Um dia, desafiou-se determinando que iria publicá-los se encontrasse “Diante de Deus”, um poema que havia escrito em um papel de embrulho, durante a contemplação do pôr-do-sol. Cinco anos após ter escrito os versos, encontrou a poesia em uma gaveta do armário.

Com o apoio de amigos e a aprovação do projeto, o livro foi lançado em setembro de 2006. Com as edições na mochila, Nonato saiu pelos bares e restaurantes da cidade recitando seus versos para convencer até mesmo quem dizia não gostar de poesia. Nesse processo, vendeu cerca de 600 edições antes do fim daquele ano.

“Naquele momento, descobri o poder da poesia. O poeta canta a vida e é um cidadão consciente do seu tempo”, disse. Entre seus poetas favoritos está o português Fernando Pessoa, autor de “Tabacaria”, poesia que inspirou Nonato a escrever “Conflito”.

Mesmo não tendo a poesia como instrumento profissional, a escrita tem um grande valor na sua vida, que descreve como “refúgio”. “Geralmente, escrevo quando estou triste. Então acredito que minha maior inspiração venha da tristeza. O drama me inspira”, afirma.

Suellen Verçosa: da tristeza faz poesia

Suellen VerçosaA paixão da bióloga Suellen Verçosa pelas letras despontou aos 10 anos de idade, quando leu um pequeno livro de poesias na escola. Após esse contato, ela se sentiu atraída por aquela forma de escrita e começou a imitar o estilo poético do autor.

Professora da rede pública de ensino, é admiradora de vários poetas, muitos deles anônimos, cujos trabalhos são encontrados na internet. Também destaca a portuguesa Florbela Espanca como outra importante fonte de inspiração.

Suas poesias são publicadas no seu blog “Tão frágil como a porcelana”, que mantém desde 2006. A página não é constantemente atualizada, mas é onde compartilha seus pensamentos e escritas.

A poeta foi classificada no Prêmio Garibaldi Brasil de Literatura Acreana, promovido em 2008 pela Fundação de Cultura de Rio Branco. Sua poesia favorita, “Do poeta fiz poesia” foi publicada no livro Nova Literatura Acreana, que reúne outros 29 trabalhos. “Acredito que ser poeta é estar dividido entre o sonhar e o sentir”, entende.

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