Curso de Capacitação em Agroecologia e Restauração de APP chega ao Alto Acre

Capacitar e promover o intercâmbio entre os produtores cadastrados no programa de Conservação e Recuperação de Nascentes e Matas Ciliares da Bacia do Rio Acre. Estes são os objetivos do 2º  Curso de Capacitação em Agroecologia e Restauração de Áreas de Preservação Permanente (APP), que foi realizado no período de 30 de Julho a 3 de Agosto, em Brasileia. O curso foi financiado com recursos do Fundo Amazônia via Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES).

 

Segundo Curso de Capacitação em Agroecologia e Restauração de Áreas de Preservação Permanente (APP) foi realizado no período de 30 de Julho a 3 de Agosto, em Brasileia  (Foto: Anderson Bodanese/Sema)

Segundo Curso de Capacitação em Agroecologia e Restauração de Áreas de Preservação Permanente (APP) foi realizado no período de 30 de Julho a 3 de Agosto, em Brasileia (Foto: Anderson Bodanese/Sema)

 

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) coordena as atividades através do Departamento de Gestão de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental, contando com o apoio do IMC, Seaprof, dos escritórios do Alto Acre, PGE, Secretarias Municipais de Agricultura e Meio Ambiente do Alto Acre e do Parque Zoobotânico-UFAC. A Sema organizou o curso em cinco módulos: Agroecologia, Recursos Hídricos, Legislação Ambiental, Restauração de APP e Manejo de sementes e produção de mudas.

Com duração de 40 horas, o curso para 35 participantes foi oferecido a produtores rurais de Xapuri, Brasileia, Epitaciolândia, Assis Brasil. Além dos produtores, participaram da programação também técnicos de instituições parceiras e lideranças comunitárias locais. O curso foi dividido em aulas teóricas, que foram realizadas no auditório da Seaprof, em Brasileia, e aulas de campo no Parque Wilson Pinheiro, na Unidade Demonstrativa de Recuperação de APP do Rio Acre, e em propriedades rurais do Alto Acre que desenvolvem boas práticas de conservação do solo e da água e produzem sem uso do fogo.

Aprendendo na prática

Após três dias de aulas teóricas os alunos participaram de aulas de campo para por em prática conhecimentos sobre compactação do solo, recuperação de APP e Sistemas agroflorestais, conservação das águas, entre outros.

 

Após três dias de aulas teóricas os alunos participaram de aulas de campo para por em prática conhecimentos sobre compactação do solo, recuperação de APP e Sistemas agroflorestais  (Foto: Anderson Bodanese/Sema)

Após três dias de aulas teóricas os alunos participaram de aulas de campo para por em prática conhecimentos sobre compactação do solo, recuperação de APP e Sistemas agroflorestais (Foto: Anderson Bodanese/Sema)

 

Célia Rodrigues de Andrade, moradora do Polo Jequiá, em Xapuri, cadastrada no Programa de Conservação e Recuperação de Nascentes e Matas Ciliares e participante do curso, era uma das mais empolgadas com a possibilidade de tirar da teoria os conhecimentos adquiridos. Para ela, iniciativas como estas, por parte do Governo, são fundamentais para a formação de cidadãos mais responsáveis com o meio ambiente. “Realmente foi muito produtivo participar de uma atividade como esta. Quando nos envolvemos com o assunto e o colocamos em prática é muito mais fácil desempenhar o papel de pessoas responsáveis com o meio ambiente”.

Produzindo sem uso de fogo e gerando renda familiar

Recuperar, preservar os recursos hídricos e garantir a sustentabilidade econômica, é este o sonho dos produtores rurais que desejam ter o selo do compromisso ambiental sem abrir mão da renda familiar. Pedro Francisco da Aparecida é um dos inúmeros produtores rurais do Acre que veem a concretização de suas metas se aproximarem através do programa desenvolvido pelo Governo, pois através da produção e comercialização de mudas de castanheira para reflorestamento, permitiu um maior incremento da renda familiar.

Seu Pedro Francisco da Aparecida (D) e sua família também participaram da capacitação promovida pelo Governo do Estado (Foto: Anderson Bodanese/Sema)

Seu Pedro Francisco da Aparecida (D) e sua família também participaram da capacitação promovida pelo Governo do Estado (Foto: Anderson Bodanese/Sema)

Para Pedro, que já produz suas próprias mudas, o Governo está contribuindo de forma decisiva com a vida financeira do produtor ao comprar as frutas produzidas em sua propriedade. “Passei a ter uma renda extra com a venda de mudas e frutas. Com a ajuda da Seaprof consigo vender minhas mudas para reflorestamentos e, também, vendo frutas para as escolas da região”, conta o produtor, que também aprendeu a fazer sua parte para garantir o próprio bem estar. “Tenho ainda uma preocupação em conservar as nascentes de minha propriedade. Se não deixar as árvores, não sei o que vai acontecer com a gente com todo esse calor que vejo na cidade”, enfatiza.

A Coordenadora do Departamento de Gestão de Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental da Sema, Marli Ferreira, que acompanhou as aulas  de campo, destacou a importância de identificar produtores com boas práticas de conservar o solo e a água. “O programa de conservação e recuperação de nascentes e matas ciliares da bacia do Rio Acre, não chega com a receita pronta. Queremos conhecer aqueles que já vivem na floresta, conservam e mais ainda, conseguem produzir, melhorar a vida de sua família e ainda contribuem para que nós tenhamos alimentos e água livres de agrotóxicos”.

Caminho inverso: do campo à  floresta

Desmatar e investir na pecuária é um roteiro comum nas propriedades rurais do Acre, costume adquirido com a colonização sulista que domina até hoje algumas regiões do Estado. A criação de gado é visivelmente a atividade mais desempenhada em terras acreanas. Mas, para Joaquim Rodrigues de Souza, proprietário do sítio são Francisco, no KM 6, do ramal entroncamento, em Epitaciolândia, esse roteiro não é seguido. Seu Joaquim, como é conhecido na região, começou a reflorestar sua propriedade em 1979, trocando a pecuária por mudas de árvores madeireiras e frutíferas.

Hoje, nos 139 hectares de áreas reflorestadas estão plantadas espécies madeireiras como Seringueira, Castanheira, Cedro, Mogno e, também, espécies frutíferas como Açaí, Cupuaçu e outras.

Para seu Joaquim o reflorestamento de sua área sofreu muita resistência por parte dos vizinhos, que não apoiavam a ideia, mas isso não fez com que ele desistisse. “Quando comecei a reflorestar eu sonhava com uma área diversificada em espécies de árvores. Com a ajuda do Governo consegui algumas mudas e comecei a plantar. Sofri muito com desconfianças de vizinhos, mas continuei com meu sonho. Não me arrependo de ter uma terra reflorestada e contribuir para a preservação do meio ambiente”, conclui.

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