Em meio aos dias quentes, secos e ao sol escaldante, as hortaliças da Fazendinha, como é conhecido o Núcleo de Produção Agrícola do Complexo Penitenciário de Rio Branco, crescem verdes e vistosas. Os responsáveis pela manutenção do espaço são os detentos portariados para trabalharem no local. Alguns deles estão participando da primeira turma do curso de Agricultura Familiar.
O Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen), em parceria com o Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), oferece a formação técnica em Agricultura Familiar, que está sendo disponibilizada para os detentos do Complexo Penitenciário de Rio Branco. O curso online, que tem uma carga de 200 horas, vai profissionalizar 13 apenados e, ao finalizarem, eles devem receber um certificado reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC).
Muitos deles já planejam montar o próprio negócio quando saírem do presídio. É o caso do E. V. L. Ele possui uma área de terra, onde nunca plantou nada por não ter conhecimentos sobre agricultura, mas agora, com o curso e os ensinamentos adquiridos, pretende iniciar a plantação e tirar seu sustento dela: “Eu tenho uma terrinha, e minha intenção é montar uma horta saindo daqui. Os conhecimentos adquiridos neste curso, praticar lá, para ficar melhor para eu desenvolver o meu empreendimento”.
O coordenador do Núcleo de Produção Agrícola do Iapen, Wanderlei Ferreira Silva, explica que os apenados que participam do curso recebem o material impresso para estudarem, e uma vez na semana realizam uma prova: “Os presos recebem as apostilas. Eles fazem o estudo e uma vez por semana vem a equipe da escola e aplica a prova online para eles. Além de trazer conhecimento, vai ter uma remissão da pena para os detentos. Ao finalizar o curso eles receberão um certificado, que será enviado à pasta deles e, com isso, a execução penal fará essa remissão, reduzindo a pena dele dentro do sistema penitenciário”.
Luiz da Matta, chefe do Departamento de Ensino e Produção Sustentável, salienta que o curso é bem completo: “Ao longo do curso, os detentos estão aprendendo técnicas de cultivo, manejo de solo, produção de alimentos orgânicos e muito mais. E estão tendo a oportunidade de colocar em prática tudo o que aprendem, trabalhando diretamente nas áreas de produção do Núcleo de Produção Agrícola. Para os detentos, o curso representa uma chance de resgatar a autoestima, adquirir novos conhecimentos e construir um futuro mais promissor. Para a sociedade, significa a possibilidade de reduzir a reincidência criminal e fortalecer a produção de alimentos saudáveis e sustentáveis”.