Criada Central Cooperativas do Vale do Juruá

Associação pretende dinamizar a produção e comercialização de farinha

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O governo do Estado está agindo para dinamizar o setor de produção e comercialização de farinha no Vale do Juruá. Uma das estratégias é o incentivo ao cooperativismo (Foto: Flaviano Schneider)

O governo do Estado está agindo para dinamizar o setor de produção e comercialização de farinha no Vale do Juruá. Uma das estratégias é o incentivo ao cooperativismo. Depois de reuniões no mês de abril entre representantes de cooperativas e de agentes do governo, três cooperativas se reuniram e formaram a Central de Cooperativas do Juruá. Inicialmente, fazem parte da Central a Camprucsul (Cooperativa Agrícola Mista dos Produtores Rurais de Cruzeiro do Sul), a Cooperfarinha, de Cruzeiro do Sul, e a Coopersonhos, de Marechal Thaumaturgo.

O evento foi promovido pela Secretaria de Estado de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof) e pela Secretaria de Estado de Indústria, Comércio, Ciência e Tecnologia (Sedict) e contou com a presença do diretor da Organização das Cooperativas Brasileiras no Acre, Carlos Bastos, que orientou o processo de criação da Central Juruá. Os presidentes das três cooperativas e produtores participaram do evento. Segundo o gerente da Seaprof em Cruzeiro do Sul, Franco Severiano de Melo Gomes, outras cooperativas podem fazer parte e somar forças para que a produção seja mais bem industrializada e comercializada. “Com a união, as cooperativas serão protagonistas da transformação do Acre”, disse ele.

A Associação Agroextrativista Puyanawa do Barão Ipiranga aceitou o convite feito pelo secretário Edvaldo Magalhães e já fez o cadastro para se unir à Central. Segundo o presidente da Associação, o cacique Joel Ferreira Lima, o forte da associação Puyanawa é a farinha, cuja produção alcançou sete mil sacas em 2010. Lima conta que era do interesse dos Puyanawa transformar a associação em cooperativa, mas acredita que agora, com a adesão à Central, não será preciso.

A melhor farinha

A farinha é o mais importante item da economia no Vale do Juruá. A "farinha de Cruzeiro do Sul" recebe o título de melhor do Brasil, mas na verdade é proveniente, além de Cruzeiro do Sul, dos municípios vizinhos de Mâncio Lima e Rodrigues Alves, que, evidentemente, tem o mesmo padrão de qualidade. Outra dúvida é com relação à produção total de farinha no vale. Nunca foi feito um levantamento conclusivo. Certo é que toneladas de farinha saem pelo porto de Cruzeiro do Sul e vão abastecer o mercado do Amazonas, Pará e Rondônia. No ano de 2009, segundo levantamento da Secretaria de Fazenda Estadual (Sefaz) em Cruzeiro do Sul, saíram [por balsas] e geraram ICMS 235.285 mil sacas [50 quilos] de farinha. No entanto, a farinha também sai por outros canais.

Um deles é por via aérea, nos dois voos diários para Rio Branco; o outro é pela BR-364, quando a rodovia é reaberta no período de verão. Estimativas feitas consideram que por dia sai meia tonelada de farinha por via aérea, mas o que sai por terra pela BR-364 ainda é uma incógnita. E ainda há a farinha consumida no próprio Vale do Juruá, sabendo que a quase totalidade dos moradores da região consomem farinha diariamente. Para o presidente da Camprucsul, Antônio da Conceição de Azevedo, a quantidade de farinha consumida no próprio Juruá é bem maior do que a farinha exportada.

A Central de Cooperativas

A criação da Central Juruá, ocorrida na semana passada, teve a presença do diretor da Organização das Cooperativas Brasileiras no Acre, Carlos Bastos, que orientou o processo. Para presidente da Central foi eleito o atual presidente da Cooperfarinha Germano da Silva Gomes e para vice-presidente o atual presidente da Camprucsul, Antônio da Conceição de Azevedo. A criação da central animou produtores e pessoas ligadas às administrações das cooperativas.

Para o presidente em exercício da Cooperfarinha, Nildo de Souza Melo, a cadeia produtiva da farinha vai sair revigorada com a Central.  Ele conta que a Cooperfarinha vem lutando há cinco anos para ajudar a organizar o setor “Nosso ritmo é lento. Agora com a Central acho que vamos ter uma boa revolução no setor. O nosso problema aqui é a falta de recursos, falta de transporte. Agora com a entrada do governo vamos melhorar”. A Cooperfarinha tem 40 filiados e só na semana passada comprou 280 sacas de farinha.

O vice-presidente da Camprucsul, Raimundo Tomás de Aquino, acha que sua cooperativa está andando devagarinho, necessitando de apoio e sem possibilidade de financiamento junto aos bancos. “Com a entrada do governo e a criação da Central a situação vai melhorar. Serão três cooperativas e um pensamento só”. A Camprucsul surgiu em1976 e é a mais antiga cooperativa do vale do Juruá. Sua sede fica no centro de Cruzeiro do Sul em local estratégico. O governo do Estado vai investir em sua sede a qual deverá abrigar a parte administrativa da Central.

O agricultor aposentado José  Carlos Filho, cuja família é grande produtora de farinha, não tem dúvida de que a produção de farinha vai aumentar no Vale do Juruá  com o apoio do governo e a organização em cooperativas, mas faz um alerta “Nós sabemos fazer a melhor farinha, mas espero que com o aumento da quantidade produzida não caia a qualidade superior que distingue nossa farinha das demais”.

O presidente da Coopersonhos Antônio Mascena também ficou entusiasmado com a entrada do governo no processo. Ele conta que a Coopersonhos tem 35 filiados e foi criada para organizar o setor de produção de feijão em Marechal Thaumaturgo. Com a participação na central a cooperativa vai entrar em outros ramos produtivos, inclusive farinha. “Entramos na Central porque Marechal Thaumaturgo é um município isolado e fica muito bom termos uma representação em Cruzeiro do Sul. O que a gente precisa é de incentivo e tendo quem articule a comercialização, nossa produção de feijão vai aumentar."

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