Sistema criado pela Embrapa põe o Acre na vanguarda do zoneamento de exploração florestal
Modeflora integra GPS e barômetro para produzir mapa com escala de 1:15 e 98% de acerto
Após anos de estudo, o pesquisador Evandro Orfanó, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), conseguiu desenvolver o Modeflora, Modelo Digital de Exploração Florestal, sistema eletrônico de planejamento e microzoneamento, invenção que eleva o Acre ao status de região mais avançada em tecnologia de exploração florestal no Brasil. O Modeflora, sistema que integra um GPS e um barômetro, possibilita a geração de mapas com escalas de precisão e probabilidade de acerto de 98% na escala de 1:15 –ou seja: cada metro no mapa corresponde a quinze metros na floresta, o melhor detalhamento já obtido na história dos inventários.
O GPS, sensor de geoposicionamento, fornece as coordenadas da árvore enquanto o barômetro indica a pressão atmosférica, o que possibilita, com a tecnologia do Modeflora, desenvolver na mesma hora o mapa do relevo daquela região. Atualmente, segundo o livro "Manejo de Precisão em Florestas Tropicais: Modelo Digital de Exploração Florestal", com edição técnica de Orfanó, Muñoz Braz e Neves d´Oliveira, o profissional da área florestal utiliza somente bússola e trena para localização das árvores do inventário. "O GPS tem seu potencial subestimado, sendo usado apenas para identificar os vértices da área do plano de manejo. O emprego de telêmetros, GPS de alta sensibilidade, cartografia geral, sistema de informações geográficas, sensoriamento remoto são alternativas disponíveis mas demandam o domínio destas ferramentas pelo profissional", diz a apresentação do livro. Significa dizer que há muitos recursos mas todos demandam conhecimento técnico e dispêndio financeiro, o que não é caso do Modeflora: "o sistema permite economia de 20% em relação ao método tradicional", afirma Orfanó. O custo por hectare é de R$50. Para conhecimento, sistema similar desenvolvido pela Universidade de Oxford tem custo universal de US$500 mil para as empresas.
Além de tudo, o manuseio do Modeflora é muito simples. "Usuários de baixa instrução aprendem facilmente a utilizá-lo", garante Orfanó, cujas últimas pesquisas de campo foram realizadas em parceria com a Madeireira Triunfo. "As etapas foram selecionadas e descritas de modo que um profissional da área com conhecimento básico de sistema de informações geográficas (GIS) possa planejar os trabalhos de campo e obter um mapa de exploração florestal com a apropriação das coordenadas verdadeiras de todas as árvores, detalhes de hidrografia, relevo e curvas de nível, e ainda, executar a exploração florestal com receptores GPS e navegadores veiculares", diz o livro.
As vantagens são tão superiores em relação aos antigos e novos métodos que o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) irá adotar o Modeflora em suas atividades. Organizações como o Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) e Universidade Federal de Viçosa solicitaram treinamento de técnicos visando aplicar o sistema em suas atividades. Uma vantagem ainda mais competitiva é a rastreabilidade. Permite ao manejador acompanhar o trabalho praticamente em tempo real.
"Com o emprego do Modeflora, a tarefa de definição de sítios homogêneos em florestas nativas deixa o campo da teoria e torna uma das possibilidades na estratégia de intervenção florestal para o modelo silvicultural adotado pelo plano de manejo", diz o livro.
Em outubro próximo, o Modeflora será apresentado à comunidade científica no Seminário Internacional de Manejo Florestal, em Montevidéu, Uruguai.
Vantagens do Modeflora:
*Baixo custo geral
*Rastreabilidade
*Relatórios mais rápidos e precisos
*Localização precisa da árvores com informação da direção preferencial de queda ao ser cortada.
*Distribuição de pátios e trilhas com base na posição real das árvores, o que reduz a distância média de arraste.
*Estradas construídas em nível ou divisores de água, diminuindo os custos na construção de bueiros e pontes.
*Menor impacto ambiental
