O setor cafeeiro do Acre recebeu um impulso de R$ 14,7 milhões com a assinatura de um convênio entre a Agência Brasileira de Desenvolvimento Social (ABDI) e a Cooperativa dos Extrativista do Acre (Cooperacre), nesta terça-feira, 9. Durante o ato, o governador em exercício, Nicolau Júnior, ressaltou o papel do governo como parceiro no fortalecimento dos produtores rurais e na criação de um ambiente favorável aos negócios.

Segundo ele, o apoio tem se refletido em investimentos estruturais e em ações voltadas diretamente ao pequeno produtor.
“Em municípios como Acrelândia e Capixaba, o governo já apoiou a construção de complexos voltados ao café e distribuiu toneladas de calcário para fortalecer a agricultura familiar. Isso mostra que estamos no caminho certo, incentivando quem mais precisa”, afirmou.
Nicolau Júnior ressaltou ainda que a iniciativa representa desenvolvimento sustentável, com geração de emprego e renda na zona rural. Ele lembrou que emendas parlamentares também têm desempenhado papel importante nesse processo, ampliando o alcance das políticas públicas.
“Essas emendas chegam onde o governo muitas vezes não consegue chegar, beneficiando cooperativas, instituições e, principalmente, o pequeno produtor”, completou.

O secretário de Agricultura do Acre (Seagri), José Luis Tchê, destacou que a parceria com o governo federal representa mais um avanço para o fortalecimento da cultura do café no Acre, que vem se expandindo nos últimos anos.
Ele ressaltou o papel de Perpétua Almeida, diretora de Economia Sustentável e Industrialização da ABDI, que tem apoiado a agricultura local, e lembrou que já está em andamento o edital para a compra de mudas de café e cacau diretamente dos viveiristas da região.
“Só neste ano serão adquiridas 1,5 milhão de mudas de café e, para o próximo ano, já estão garantidos recursos para mais 6 milhões”, afirmou.
Segundo o secretário, o investimento amplia a produção e agrega valor ao produto acreano, reconhecido nacional e internacionalmente pela qualidade. “Mais plantas significam mais emprego e renda para a população”, disse.

Ele também destacou o programa Solo Fértil, que busca oferecer análises de solo para agricultores familiares, uma demanda básica que ainda não alcança 95% deles. A iniciativa utiliza tecnologia de ponta e deve estar plenamente disponível até o próximo mês.
Outro projeto citado foi o Plantando Água, que prevê a construção de tanques e barragens para armazenar água da chuva e garantir irrigação durante o período de seca.
“Essa medida é essencial para que o produtor consiga manter a produtividade mesmo em verões severos. O café tem dado dignidade ao agricultor familiar, mudando vidas quando a produção alcança 70, 80 ou até 100 sacas”, concluiu o secretário.

Indústria traz tecnologia
A diretora de Economia Sustentável e Industrialização da ABDI, Perpétua Almeida, destacou que o Complexo Industrial do Café no Juruá tem transformado a economia da região e agora será replicado em outras localidades do Acre.
“Estamos trazendo mais duas indústrias em parceria com a cooperativa. O governo do presidente Lula, por meio da ABDI, assina hoje R$ 14,7 milhões para a construção de duas novas unidades de beneficiamento de café, uma em Capixaba e outra em Acrelândia”, afirmou.
Ela ressaltou que o projeto vai além da produção, envolvendo sustentabilidade e inovação. “Estamos apostando no café e também em outras culturas, como o açaí em Feijó. A energia solar, a participação das mulheres e a proibição do desmatamento fazem parte dessa cadeia sustentável”, explicou.

Segundo Perpétua, o Instituto Federal do Acre (Ifac) receberá o primeiro laboratório de análise de solo do estado, que ficará à disposição da sociedade. Outros convênios com o Ifac em Cruzeiro do Sul e Rio Branco vão criar um hub de empreendimentos e formar profissionais para atuar em toda a cadeia do café e do açaí.
“Vamos formar baristas e instalar um laboratório para analisar a qualidade do café, que já supera a média nacional”, disse.
Ela enfatizou ainda a importância da parceria com o governo estadual e as prefeituras, que têm disponibilizado terrenos para a construção das indústrias. “O sucesso depende de trabalharmos juntos”, concluiu.
O complexo em Acrelândia será construído em um terreno cedido pelo governo do Acre, que tem contribuído com o fortalecimento da cadeia também com a mecanização, entrega de insumos e tecnologias que chega à zona rural.

Exemplo expandido
Este ano, Mâncio Lima ganhou o maior complexo industrial da agricultura familiar da Região Norte, com investimento de R$ 10 milhões, acendendo novas luzes sobre o cooperativismo e a bioeconomia amazônica, agregando tecnologia e valor ao café cultivado por mãos que conhecem profundamente a terra.
O projeto é fruto da articulação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), em parceria com a Cooperativa de Café do Juruá (Coopercafé), consolidando-se como ponte estratégica entre o governo estadual, o governo federal e a iniciativa privada.
Agora, o novo convênio tem como foco superar gargalos da cadeia produtiva e beneficiar diretamente cerca de 300 famílias vinculadas às cooperativas da Cooperativa dos Produtores Agroextrativista Santa Fé (Copasfe) e Cooperativa Agroextrativista Bonal (Coopbonal), associadas à Cooperacre.

Além de fortalecer a renda dos produtores, o projeto reforça a agenda de sustentabilidade da ABDI. Estudos da Embrapa apontam que o Café Robusta Amazônico, tipo produzido no Acre, sequestra até 2,3 vezes mais carbono do que emite, combinando alta produtividade com preservação ambiental.
Com as novas estruturas, os produtores poderão realizar processos de secagem, descasque e classificação com tecnologia avançada, agregando valor ao produto e ampliando sua competitividade nos mercados nacional e internacional.
A parceria com a Cooperacre expande o modelo do Complexo Industrial do Café do Juruá, em Mâncio Lima, onde o parque industrial já processou mais de 10 mil sacas este ano, gerou 2 mil empregos e aumentou em 30% a renda das famílias atendidas, validando a estratégia de industrialização local.

‘Sonho realizado’
A presidente da Copasfe, Nilva da Cunha de Lima, destacou a importância da instalação de uma indústria de beneficiamento de café no município. Segundo ela, a iniciativa representa a concretização de um sonho antigo dos produtores locais e marca um novo momento para a economia sustentável da região.
“Recebemos essa notícia com muita felicidade. Para nós, é um sonho realizado. É um verdadeiro milagre que Deus fez através da ABDI, porque é a concretização de um desejo que temos há muitos anos. Hoje já contamos com muitos produtores e uma grande produção de café”, afirmou Nilva.

A dirigente explicou que, até então, grande parte do lucro dos cooperados se perdia no transporte, já que o café precisava ser levado para outras cidades para passar pelo processo de secagem e beneficiamento. “Com a indústria dentro do nosso município, não precisamos mais nos deslocar. Isso representa economia, valorização do produto e esperança para os produtores, que nunca desistiram desse projeto”, disse.
Nilva lembrou que experiências semelhantes em municípios vizinhos, como Mâncio Lima, serviram de inspiração para Capixaba. “Quando vimos o projeto ser realizado lá, pensamos: se eles conseguiram, nós também vamos conseguir. Hoje estamos aqui para assinar e garantir que esse projeto seja executado”, ressaltou.

Atualmente, a Copasfe reúne cerca de 1,7 mil cooperados, sendo aproximadamente 200 produtores de café. A cooperativa também atua em outras cadeias de frutas, mas a expectativa é que o café ganhe ainda mais força com a nova estrutura.
“Aqueles que tinham apenas o sonho de produzir e comercializar, mas não tinham condições, agora vão poder participar. Isso vai aumentar bastante o número de produtores de café”, explicou.
A presidente acredita que a valorização do produto será um incentivo para ampliar as áreas de cultivo. “Já temos produtores que, mesmo secando de forma simples, conseguem vender sua produção, mas sem valorização. Agora, com o beneficiamento adequado, o café terá valor agregado e preço garantido. Quem tem 1 ou 2 hectares vai querer plantar 5, porque sabe que terá onde beneficiar e comercializar com retorno justo”, concluiu.
O presidente da Cooperacre, José Rodrigues de Araújo, diz que a iniciativa representa um marco para o fortalecimento da cadeia produtiva do café na região do Alto e Baixo Acre.
“Gostaria de agradecer ao presidente Lula e ao governo federal, em nome da ABDI e da Perpétua Almeida. Para nós, é um momento de muita alegria poder assinar esse convênio de parceria e iniciar mais dois complexos industriais de café”, afirmou Araújo.

Araújo ressaltou ainda que o trabalho das cooperativas no interior tem sido articulado em rede. “Chamamos de Rede Coopera. Temos a cooperativa central, responsável pelas indústrias de processamento, beneficiamento e pelo mercado, e contamos com 12 cooperativas singulares espalhadas pelos municípios do Acre, desde Marechal Thaumaturgo. Agora, com Acrelândia e Capixaba, ampliamos nossa capacidade de atender os produtores locais”, disse.
De acordo com o presidente, a expansão da infraestrutura de beneficiamento é fundamental para agregar valor ao café produzido no Acre e garantir melhores condições de comercialização para os agricultores familiares.





