Conheça os desafios do transporte escolar para estudantes que moram na floresta

São mais de 400 quilômetros de rotas, em dezenas de ramais, atendidos pela SEE (FOTO: Arquivo/SEE)

Acordar de madrugada, sujeitar-se ao frio e à chuva quando o sol ainda nem nasceu e enfrentar, muitas vezes, lama no inverno e poeira, no verão, não é uma tarefa nada fácil para quem estuda na zona rural de Rio Branco. Para esses bravos jovens, o deslocamento de casa para a escola se torna, muitas vezes, um verdadeiro martírio.

Mas felizmente, um abnegado time de profissionais da Secretaria de Estado de Educação e Esporte do Acre, a SEE, todos os dias está a postos para que a vida escolar dessas crianças e adolescentes seja a mais confortável possível, minimizando as dificuldades de locomoção pelos ramais da região. Eles integram o Departamento de Transporte e Logística, o DTL, da SEE, um supertime de 1,2 mil servidores, que atende a 400 quilômetros de rotas, em dezenas de ramais, todos os dias, de manhã, de tarde e de noite.

Mesmo tendo sofrido ataques criminosos que causaram a perda de alguns veículos, hoje o DTL tem em sua frota pelo menos 630 veículos, entre os de propriedade do Governo do Estado do Acre, e os alugados, para os mais de 1.200 motoristas e monitores. São ônibus, vans e caminhonetes que permitem mais celeridade e segurança na ida e vinda dos estudantes, em todo o estado.

Para cada ramal é necessário um tipo de veículo adaptado às condições do local. Por isso, nem sempre é possível afirmar para uma determinada comunidade que ela será atendida por um veículo maior ou de determinada característica.

Explica Silvia Mendes, gerente do Departamento de Transporte e Logística da SEE, que “às vezes as pessoas de um local exigem um ônibus, um veículo de grande porte, muito embora não entenda que o ramal delas não suporta”.

“É preciso entender que cada ramal exige um tipo de veículo para que possamos atender a nossos alunos com eficiência. Em ramal com lama, por exemplo, não dá para colocar um ônibus, mas sim um carro pequeno”, completa Mendes.

Os veículos são licitados conforme a necessidade de cada ramal (FOTO: Arquivo/SEE)

Os veículos, tanto oficiais como locados, atendem às necessidades dos estudantes por via terrestre e também fluvial, com barcos adequados para esse tipo de transporte.

E até mesmo estudantes de ramais abertos recentemente, em terras dos municípios vizinhos à capital, são garantidos pelo transporte escolar da SEE. Esse é, por exemplo, o caso daqueles que deixam o km 12 do Ramal do Mutum para escolas como a Gloria Peres, a Elozira dos Santos Thomé e a Pedro Martinello, já na zona urbana de Rio Branco.

Comunidade aprova serviços da SEE

A chegada do ônibus escolar aos moradores do projeto de assentamento Walter Arce, localizado no km 25 do Ramal do Jatobá, no município vizinho, Bujari, melhorou significativamente a qualidade de vida dos alunos da escola de ensino fundamental Cosmo Carneiro Torres.

Quem afirma é a agricultora Maria Francisca da Silva, mãe do jovem Antonio José da Silva, de 16 anos, que utiliza o transporte escolar rural há menos de um ano.

“Melhorou muito à vista (sic) do que era antes. Agora meu filho não precisa mais sair cedo de casa e ir andando até a escola. Ele ganhou, no mínimo, duas horas a mais pra ficar em casa desde que o ônibus chegou aqui”, comemora.

O Transporte escolar rural zela pelo veículo e pela integridade física dos alunos. (Foto: Arquivo/SEE)

Contudo, uma das grandes dificuldades que o setor ainda encontra para atender à comunidade rural, é o acesso aos ramais que passam através de propriedades privadas.

“O esforço do Governo com a secretaria de Educação é muito grande para intervir nesses casos. Ter acesso aos caminhos dentro de propriedades privadas nunca é fácil. Precisamos da autorização dos proprietários e nem sempre conseguimos entrar num consenso. Com isso quem sai prejudicado é o aluno, que fica dias sem ir à escola por conta desse impasse”, lamenta a gerente de Transporte e Logística da SEE.

O Transporte escolar rural zela pelo veículo e pela integridade física dos alunos. “Os servidores que atuam nesse setor, como motoristas e monitores, têm um papel fundamental no progresso escolar dos alunos que moram na zona rural. Sem esses profissionais, haveria uma grande evasão de alunos por falta de transporte, e isso é o que evitamos a todo custo”, ressalta Silvia Mendes.

Sistema segue a rígido processo de regulação

A contratação de todos os veículos que circulam no transporte escolar da zona rural segue a legislação regida pela Agência Reguladora Estadual de Serviços Públicos (Ageacre). Alguns desafios são enfrentados pela SEE para conseguir licitar um transporte.

Um deles é referente à documentação e a concorrência necessária para o veículo escolar.

“É exigido um ano mínimo para o carro ou ônibus que vai trafegar nesses locais. Quando o ramal é de tráfego muito difícil, temos dificuldade de encontrar concorrentes para a licitação, ou, às vezes, não tem motoristas que queiram fazer esse trajeto. Falta carro na comunidade, concorrência, e isso prejudica os alunos que precisam ir até a escola”, explica a gerente do DTL, Silvia Mendes.

Os veículos alugados também obedecem a uma série de critérios para se tornarem regularizados. “Precisamos de um laudo de autorização de transporte para que ele possa ser contratado e o veículo também passa por algumas vistorias pela Ageac, o órgão regulador, para só então seguir para os ramais”.

A SEE tem em sua frota 102 carros, 62 ônibus, 40 microônibus e três vans oficiais, todos adquiridos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Outros 335 ônibus, 45 caminhonetes, cinco kombis e três microônibus são alugados.

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