A chef Ana Luíza Trajano, premiada por suas pesquisas gastronômicas, agradou seus convidados no lançamento do cardápio acreano no restaurante Brasil a Gosto
“A cozinha é o laboratório alquímico onde os sonhos, pela alquimia culinária, são transformados em comida”. A frase do poeta e pedagogo, Rubem Alves, traduz bem o trabalho apresentado na última segunda-feira, 21, pela chef e proprietária do restaurante Brasil a gosto, Ana Luíza Trajano, ao propor de uma forma bem diferente da conhecida pelos acreanos, o sabor e tempero de pratos em cardápio com ingredientes do estado.
Ana Luiza mostrou aos seus convidados parte da riqueza gastronômica do Acre, mais que isso, levou a cultura, os costumes, não só por meio dos sabores, mas também em exposição fotográfica, vídeo e na apresentação de produtos comercializados na região.
Tudo isso, em seu restaurante na grande São Paulo. O evento é tradição da chef, que a cada trimestre propõe aos seus clientes conhecer um pouco mais do Brasil, através do paladar. Para fechar o ano, Ana Luíza decidiu homenagear o Acre. O jantar de apresentação do cardápio que será mantido por três meses no restaurante foi um grande sucesso entre os convidados, grande parte, críticos de gastronomia, jornalistas de grandes veículos de comunicação, entre eles, a apresentadora Ana Paula Padrão. Outros amigos do Acre fizeram questão de participar do momento, é o caso do cartunista Maurício de Souza, do médico Sérgio Timerman, e do filho do acreano Adib Jatene, Marcelo Jatene.
O trabalho de pesquisa de Ana Luiza Trajano teve o total apoio da primeira dama, Marlúcia Cândida, que é a principal defensora e idealizadora de uma escola de gastronomia no estado. Para chegar ao resultado que apresentou, Trajano visitou várias cidades acreanas, de Rio Branco à Cruzeiro do Sul, se hospedou na casa de ribeirinhos, acompanhou a produção de farinha, visitou mercados e também as iniciativas desenvolvidas por Miguel Fernandes, criador de tartarugas da Fazenda Três Meninas, e o projeto Tamazon, do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Walmir Ribeiro, que trabalha o repovoamento da espécie, antes ameaçada de extinção. Aliás, foi o próprio Walmir, o fornecedor das tartarugas para o restaurante.
Se cozinhar é essa operação alquímica, Ana Luíza mostrou mais uma vez seu talento na arte da gastronomia. Ela comenta que é necessário pesquisar ingredientes e sabores com muita seriedade e respeito aos costumes do povo de cada lugar, mas que experimentar, misturar, até chegar ao ponto é tarefa que deve ser encarada com tranquilidade e persistência. E no Acre, deixa claro que a experiência foi marcante.
 “O Acre me comove. Os produtos são incríveis, as pessoas são sensacionais, e já me sinto uma cidadã acreana”, disse Ana Luiza |
“O Acre me comove. Os produtos são incríveis, as pessoas são sensacionais, e já me sinto uma cidadã acreana. É sempre uma grande responsabilidade, porque as pessoas abrem as portas para mim durante a pesquisa e depois preciso passar a essência disso de outra forma, com outra apresentação, então tudo que faço é sempre com muito amor e carinho”, comentou.
A primeira-dama do Acre agradeceu o trabalho da chef. “Estamos muito contentes porque o Acre foi mostrado de maneira muito singular. Foi mostrado de maneira tão diferente, que é encantador. E agora vamos mostrar no Acre, para os acreanos que participarem do jantar beneficente”.
O governador Tião Viana também falou do excelente trabalho de Ana Luíza e ressaltou o diferencial no que foi apresentado por ela. “O povo do Acre tem como tração ser um dos mais acolhedores do mundo. E a culinária, o paladar expressam também toda essa cultura, essa forma de viver, e a Ana Trajano conseguiu explorar isso. Ela mergulhou no sentimento do Acre ao fazer a comida. Nos próximos três meses ele estará mostrando para São Paulo, o paladar do Acre, da cabeceira dos rios da Amazônia, do nosso coração da floresta, que tem toda a influência da natureza, do tempo que o estado vive. É o encontro do Acre com uma empresária que tem o respeito de vários cantos do mundo, que decidiu prestigiar, homenagear o Acre”, comenta o governador Tião Viana.
 A cada três meses o restaurante Brasil a Gosto homenageia diferentes Estados brasileiros (Foto: Sérgio Vale/Secom) |
Para a apresentadora Ana Paula Padrão, o jantar foi uma boa surpresa. “A Ana Luíza modificou muito os pratos do Acre. A tartaruga eu já tinha comido com um sabor mais forte, e o pirarucu que gosto muito estava bem diferente. Acho que é uma maneira suave de apresentar uma cultura culinária diferente para os paulistanos. Eu venho muito ao Brasil a Gosto e esse foi um dos cardápios que mais gostei”, comenta a jornalista.
{xtypo_quote}“Foi lançado em São Paulo o que temos de mais gostoso. Estamos muito honrados ao sermos prestigiados por grandes profissionais de gastronomia, jornalistas da área, que gostaram muito do que viram aqui”, disse o prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim. {/xtypo_quote}
{xtypo_quote}“O brasileiro em geral não conhece o Brasil, e Ana tem essa proposta de pegar esses ingredientes desconhecidos, desvendar as cidades, os Estados, é intensa nas pesquisas dessas produções, vivencia esses ambientes nas comunidades e apresenta em uma cozinha contemporânea”, afirma a jornalista Luíza Fecarotta, responsável pelo caderno de gastronomia do jornal Folha de São Paulo. {/xtypo_quote}
{xtypo_quote} “A Ana não faz uma cozinha experimental, funcional, que apenas pega os pratos, receitas, especiarias de uma região e transforma em um cardápio diferente. Ela mergulha na cultura, na tradição. Ela descobriu a farinha de Cruzeiro do Sul, visitou a Serra do Divisor, o Juruá. Ela aprendeu muito por lá, e o mais fantástico disso é como ela traduziu isso, causa nas pessoas uma impressão tão positiva, que a reação é querer conhecer o Acre”, ressalta o publicitário e jornalista Gilberto Braga. {/xtypo_quote}
Cardápio acreano:
De petisco, Ana Luíza apresentou aos seus convidados miniquibe mandioca com molho de pimentas acreanas. A entrada ficou por conta do lombo de tartaruga laminado com emulsão de óleo de castanha do Brasil, chicória e alfavaca. Em seguida, foi servido caldeirada de pirarucu e feijões acreanos com leite de castanha e farofa de mandioca de Cruzeiro do Sul. A rabada ao tucupi com purê e farofa de mandioca não faltou. E de sobremesa beléu com caldas de cajá e açaí, sorvete de banana-comprida e crocante de castanha do Brasil.
