Seguindo sua missão de salvar vidas, o governo do Acre realizou, no último dia 3 de outubro, uma grande operação para garantir a realização do 93º transplante de fígado na Fundação Hospital Estadual do Acre (Fundhacre). A ação foi resultado da união de esforços entre Fundhacre, Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), além do apoio do governo de Rondônia, onde o órgão foi ofertado.
A missão começou às 4h da manhã, quando a equipe médica do Serviço de Transplantes da Fundhacre embarcou na aeronave de asa fixa PP-FFZ do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer), no aeroporto de Rio Branco, com destino ao aeroporto Jorge Teixeira, na capital rondoniense. A captação do órgão ocorreu no Pronto Socorro da cidade, Hospital João Paulo II e após cerca de três horas e meia de cirurgia, a equipe seguiu viagem com destino à Rio Branco. Após um voo tranquilo, a aeronave pousou em uma pista na BR-317 para a última etapa da viagem, com o helicóptero Harpia 01 cuja tripulação já aguardava para o rápido transporte, garantindo, portanto, a realização da cirurgia.
“É um trabalho complexo e cansativo, mas com o apoio das várias instituições envolvidas, é possível realizar com o máximo possível de celeridade, pois é uma corrida contra o tempo. E o apoio do Estado de Rondônia também é muito importante, porque a Fundhacre atende pacientes de toda a região e a oferta de órgãos em Rondônia também nos permite a continuidade deste programa que salva vidas não apenas de acreanos, mas de pessoas de toda a região Norte e países vizinhos”, destacou o médico cirurgião do Serviço de Transplantes da Fundhacre, Aloysio Coelho, que integrou a missão de captação e também participou da cirurgia para implante do órgão na Fundhacre.
O piloto do Ciopaer, comandante Jonas Pereira, conta que esta foi a primeira missão do tipo envolvendo um avião de asa fixa do Ciopaer. “É uma missão que traz esperança para o paciente que está precisando desta segunda chance. É a primeira vez que nós, da equipe de asa fixa, estamos fazendo uma missão como essa e para nós é um prazer e uma honra estar contribuindo para que alguém tenha um futuro, uma vida mais saudável e melhor à frente. Agradecemos também à Casa Militar de Rondônia, na pessoa do capitão Amazonas pela acolhida e apoio para o sucesso da missão”, afirmou o comandante.
Já o capitão bombeiro Athos Albuquerque, também piloto do Ciopaer, reforçou a satisfação em integrar a missão humanitária. “Para nós do Ciopaer é uma satisfação poder estar auxiliando juntamente com a Sesacre e a Fundhacre nesse transporte de órgãos. Nós sabemos que é uma vida que será salva, então é uma grande honra estar auxiliando nessa missão de salvar mais uma vida juntamente com os demais órgãos”, destacou.
Nova chance de vida
A presidente da Fundhacre, Ana Beatriz Souza, acompanhou a chegada do fígado no hangar do Centro Integrado de Ensino e Pesquisa em Segurança Pública (Cieps). Na oportunidade, ela agradeceu aos entes envolvidos no sucesso da ação.
“Nós ficamos muito felizes pelo sucesso dessa ação que resultou em uma nova chance de vida a esse paciente que estava na fila de espera por um novo órgão. Sabemos que para a família do doador é um momento difícil, mas ao mesmo tempo, somos gratos porque essa doação também garante uma nova chance de vida à quem estava na fila de espera. Só tenho a agradecer a todos que se envolveram nesta missão”, afirmou a presidente.
O secretário de saúde do Acre, Pedro Pascoal, também reforçou o sucesso da ação. “A Sejusp, em nome do Coronel Gaia, atendeu prontamente o nosso chamado e disponibilizou as aeronaves para a captação desse órgão e o transporte o mais rápido possível desse fígado para as dependências próximas da Fundação. São as instituições unidas, trabalhando de forma articulada, integrada, para salvar a vida dos pacientes, como determina o governador Gladson Cameli” frisou Pascoal.
O secretário de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), coronel José Américo Gaia, ressaltou que a parceria interinstitucional é fundamental. “Não se trata apenas de um transporte, mas de um compromisso com a vida e a esperança das pessoas que estão na fila de espera por um transplante”, destacou.
Toda a operação logística durou cerca de 10 horas e, apesar da gravidade do caso e a delicada cirurgia, o procedimento ocorreu conforme o esperado na Fundhacre, em uma operação complexa que durou aproximadamente 4 horas. A partir de agora, o paciente segue sendo cuidadosamente acompanhado pela equipe multidisciplinar da Fundhacre na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), seguindo os protocolos recomendados para o caso.
Acre é referência em transplantes no Norte
A Fundhacre é o único hospital transplantador do Acre e realiza atualmente três tipos de transplantes sendo de órgãos sólidos: fígado e rim; e de tecido: córnea.
Até o momento, foram realizados 96 transplantes renais, 332 transplantes de córnea e 93 transplantes hepáticos, totalizando 521 procedimentos.
Devido ao número de procedimentos realizados e da sobrevida geral dos pacientes transplantados no Estado, a Fundhacre se tornou referência nacional em transplantes. Além disso, conquistou em 2024 o recorde de transplantes de córnea em relação ao país.
Com o Estado de Rondônia sendo o maior doador de órgãos da região Norte e a cooperação com o Acre, que realiza as cirurgias em pacientes oriundos de vários estados, incluindo Rondônia, o apoio entre os estados se torna fundamental para continuar salvando vidas.
“Nós ficamos felizes em poder ofertar, logisticamente, preparar, ter hoje uma captação de órgão muito bem concentrada, organizada no Estado, capaz de ser resolutiva na captação desses órgãos e ofertar a continuidade da vida”, assegurou o secretário de Saúde de Rondônia, coronel Jefferson Rocha.