Com meta anual de vacinar 14 mil crianças, Saúde já montou estratégias após anúncio de substituição de vacina oral da poliomielite

A partir de 4 de novembro, passa a valer a mudança proposta pelo Ministério da Saúde, que vai substituir as duas doses de reforço de vacina oral poliomielite bivalente (VOPb), conhecida como gotinha, por uma dose de vacina inativada poliomielite (VIP) que é injetável, de modo que o esquema vacinal contra a doença será exclusivo com VIP. Segundo Renata Quiles, coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI) no Acre, o Estado já está preparado para expandir mais ainda a cobertura vacinal desse público-alvo.

Segundo dados da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), até agosto a cobertura vacinal no estado estava em 80,18%, no caso da VIP, e 71,60%, da pólio oral bivalente.

“O Acre tem uma meta anual de, mais ou menos, 14 mil crianças. Cada uma recebe quatro doses dessa vacina, dos dois até os 15 meses. Essa é uma vacina que está na rotina das crianças e recebemos todos os meses em torno de cinco a sete mil doses, o que é suficiente com sobra para nossa rotina, já incluindo essa mudança. Nossa necessidade é de 56 mil doses ano e recebemos em torno de 70 mil”, explica Renata.

Uma vacina tem validade de dois anos e, após o frasco ser aberto, pode ser utilizado em até 28 dias. “Então, quase não há perda dessa vacina e também não há registro de desabastecimento dela. Nunca houve, na verdade”, complementa.

Vacina oral da poliomielite será substituída por dose ainda mais segura e eficiente. Foto: Marcos Lopes/MG

A substituição no Brasil foi amplamente discutida em Reunião da Câmara Técnica Assessora em Imunizações (Ctai) e recebeu aval do colegiado. A decisão contou com a participação dos representantes de sociedades científicas, como o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e acompanhamento da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O esquema vacinal atual contempla a administração de três doses da VIP aos 2, 4 e 6 meses e duas doses de reforço da VOPb, a gotinha, aos 15 meses e aos 4 anos de idade.

A partir de novembro, com a VOPb deixando de ser utilizada, será necessária apenas uma dose de reforço com VIP, aos 15 meses de idade, de modo que o esquema vacinal com o referido imunobiológico será:

– aos 2 meses – 1ª dose,
– aos 4 meses – 2ª dose,
– aos 6 meses – 3ª dose,
– aos 15 meses – dose de reforço.

O Ministério da Saúde já enviou recomendações aos estados, para que desenvolvam ações e preparem seus municípios para a retirada da VOPb e a substituição das doses de reforço.

A nova estratégia para uso da VIP é mais um passo na erradicação da poliomielite no Brasil. O país está há 34 anos sem a doença e contabiliza 47 anos de sucesso de uso da VOP nas estratégias de vacinação no combate à poliomielite, desde que foi introduzida de forma oficial, em 1977.

Para a coordenadora do PNI no Acre, a mudança deve fortalecer ainda mais a cobertura vacinal e deve ser bem aceita pela população. “Com certeza vai ser tranquila. Vamos trocar uma gotinha por uma furadinha, mas a cobertura da gotinha é mais baixa do que a da furadinha. Estamos cientes que, no geral, ainda não temos as coberturas ideais, mas não vemos essa mudança do calendário com impacto negativo, porque sabemos que medidas precisam ser tomadas para melhoria de forma geral, principalmente pela conscientização da população da importância de vacinar e vacinar em dia, para todos os casos, e assim ficarmos longe do risco de reintrodução de doenças que podem ser prevenidas pela vacinação”, orienta.

A decisão foi baseada em critérios epidemiológicos, evidências científicas sobre a vacina e recomendações internacionais para deixar o esquema vacinal ainda mais seguro. Países como os Estados Unidos e nações europeias já utilizam esquemas vacinais exclusivos com a VIP.

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