Projeto que tem a parceria da Fundação Banco do Brasil garante a construção de casas de farinha em todo o Acre; e em Xapuri, famílias começam a exportar o produto
Mandioca, macaxeira ou aipim. Não importa o nome como é conhecida em cada região do País, essa raiz tipicamente brasileira movimenta uma economia que gera emprego e renda para milhares de produtores familiares e ribeirinhos, especialmente na fabricação da farinha, um dos produtos derivados da mandioca mais apreciados na mesa de brasileiros. No Acre, a construção de 102 Casas de Farinha em quase todos os municípios está estimulando o mercado local e ampliando a possibilidade de negócios para pequenos produtores, em uma iniciativa do Governo do Estado em parceria com a Fundação Banco do Brasil.
Na cidade de Xapuri, por exemplo, a produção local já não atende a demanda de pedidos de compradores do Acre e de outros estados do País. Somente em uma das casas construídas no município, os produtores trabalham em ritmo intenso para estocagem de 6 mil quilos do produto que está sendo exportado para Porto Velho, ao preço de até R$ 2,00 o quilo.
Os empresários José Duarte e a filha Neide Duarte intermediaram a compra. Eles participaram da inauguração da casa e compram boa parte da produção, acreditando no potencial das casas de farinha. "Esse é um governo empreendedor e tenho muito orgulho disso", conta José Duarte. Segundo ele, um empresário de Goiânia já demonstrou inclusive interesse na aquisição da farinha para exportar para Las Vegas, nos Estados Unidos.
O projeto de construção das casas de farinha no Acre começou em julho de 2008, e nesta primeira etapa estão sendo investidos R$ 700 mil, com financiamento do Programa Trabalho e Cidadania, da Fundação Banco do Brasil. A construção das 102 casas prevê um investimento de R$ 2,4 milhões.
Atualmente, 30 Casas de Farinha já estão instaladas e funcionando e, até o fim do ano, mais 42 serão entregues, totalizando 72. A meta é que até 2011, 102 Casas de Farinha estejam operando no estado. As cidades beneficiadas pelo projeto são Assis Brasil, Bujari, Cruzeiro do Sul, Epitaciolândia, Xapuri, Brasileia, Senador Guiomard, Sena Madureira, Rio Branco, Mâncio Lima, Rodrigues Alves, Plácido de Castro e Porto Acre.
Palmira Oliveira, Coordenadora da Cadeia Produtiva da Mandioca da Secretaria de Estado de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof), explica que as casas de farinha garantem qualidade na fabricação do produto no Acre. "O projeto proporciona melhores condições para os produtores rurais, fazendo com que a renda dessas famílias melhore", afirma. Hoje os produtores de farinha compram o quilo da mandioca por R$ 0,50 e vendem o quilo da farinha a R$ 2,00 no mercado local. São mais de 600 produtores beneficiados em todo o Estado.
"A qualidade é muito visível a aceitável. Antes a farinha era feita de outra forma e hoje o produtor tem o conhecimento, a qualificação, principalmente em relação à higiene. Eu tenho uma empresa já há 10 anos e eu percebo a qualidade da farinha muito melhor, tudo isso graças ao treinamento e investimentos assegurados pelo Governo", conta a jovem empresária Neide Duarte.
Quando implantadas e consolidadas, as 102 casas de farinha irão assegurar cerca de 4.000 postos de trabalho em sua cadeia de produção desde Assis Brasil a Sena Madureira. A farinha, de acordo com a Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (Seaprof), tem 25% de participação na renda da agricultura familiar no Acre. Entre outros cuidados, a Seaprof criou a logomarca da farinha. Além disso, agricultores e envolvidos na cadeia produtiva participam de cursos de Formação Inicial e Continuada em Melhoramento e Beneficiamento da Farinha que os prepararam para a implantação das casas.
Geração de emprego e renda
Cada Casa de Farinha emprega de 4 a 6 pessoas diretamente. Raimundo Nonato é gerente de uma casa de farinha em Xapuri, e conta que desde a inauguração da unidade, há quase um ano, a produção já ultrapassou os 30 mil quilos. A casa produz de 200 a 300 quilos de farinha, dia sim, dia não. "Todo o processo é feito aqui, desde cortar a mandioca, até a embalagem. A farinha já sai daqui pronta pro mercado", conta Raimundo.
José Celmo Dantas, gerente da Seaprof em Xapuri, informa que para não faltar matéria-prima, existem 26 famílias plantando de 1 a 2 hectares de mandioca. Raimundo Nonato não esconde a felicidade. "Hoje tem 6 pessoas empregadas aqui. A minha família estava toda desempregada. E esse ano tem muita roça já plantada, se Deus quiser, a gente não vai parar mais".
Investindo no futuro
A farinha acaba não sendo o único produto vendido pelas Casas. Os subprodutos do processo de fabricação também são bastante valorizados no mercado local, como o farelo, a goma e o tucupi. Isso gera mais movimentação no entorno da cadeia produtiva da mandioca.
Aliada à farinha e seus subprodutos, a Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar planeja para o futuro junto às famílias produtoras de farinha, realizar a implantação de novos projetos, entre eles a piscicultura e suinocultura, ampliando a oportunidade de geração de renda na zona rural.