Criada para incrementar a produção dos agricultores e agricultoras familiares no Projeto de Assentamento do Caquetá – instituído pelo INCRA em 1997 e que assentou, na época, cerca de 583 famílias em áreas de 15 hectares, a Associação Sonho Meu visa potencializar 20 famílias de mulheres empreendedoras, com foco em trabalho e geração de renda, valorizando a produção familiar com base em sistemas e cultivos agroecológicos, agricultura orgânica e no desenvolvimento de estratégias econômicas, sociais e sustentáveis.
Com a parceria do Governo do Estado, através da Secretaria de Políticas para as Mulheres, a Associação foi uma das premiadas no Prêmio Consulado da Mulher de Empreendedorismo de 2017.
Com o prêmio recebido pelo Consulado da Mulher, a Associação equipou a cozinha com freezers, geladeiras, micro-ondas e purificador de água, e investiu o dinheiro ganho em ajustes de embalagem e produção para ampliar a comercialização dos produtos. A premiação incluiu ainda dois anos de assistência técnica e assessoria na gestão do negócio.
Durante a última semana, um Educador Social do consulado esteve junto às mulheres do Caquetá, para mais um treinamento e assessoria técnica, que fazem parte do prêmio.
A metodologia de gestão de empreendimentos do Consulado da Mulher é um guia utilizado por Educadores Sociais do Instituto para acompanhamento dos negócios compostos majoritariamente por mulheres. Ela é fundamentada nos princípios da Educação Popular, Equidade de Gênero e Economia Solidária e tem como objetivo contribuir para o desenvolvimento social e econômico dos negócios assessorados.
Educação empreendedora
Alessandro Carvalho, Educador Social do Consulado da Mulher explica como funciona na prática essa metodologia.
“Dentro da assessoria do Consulado da Mulher, temos uma metodologia que visa a educação empreendedora com a pedagogia popular, através de atividades lúdicas que consigam atingir os objetivos propostos conforme é o perfil do público alvo. Então sempre versamos em trabalhar com a utilização de todos os sentidos para que a informação possa ser compreendida. Com o grupo Sonho Meu, no Caquetá, há uma problemática na gestão das empreendedoras em não anotar o que se levava pra feira e nem quanto de fato é o rendimento, por isso inicialmente foram sensibilizadas com dinâmicas de união e fortalecimento de vínculos onde, no elo, todas tem papel fundamental para o sucesso do grupo”, explicou Alessandro.
A produtora Antônia Cavalcante, destacou a importância de todo esse processo de aprendizagem. “Nós estamos aproveitando ao máximo essa consultoria que eles estão dando, as nossas vendas melhoraram a partir daí, estamos até ampliando a nossa cozinha. Aprendemos a ter um controle maior da nossa renda, a partir do momento que passamos a colocar tudo no papel”.
Para a Presidente da Associação Sonho Meu, Elizabete dos Santos, a gestão e o controle dos produtos, melhorou muito a vida das mulheres que vendem na feira.
“A assessoria do consulado nessa questão do controle melhorou muito na vida das mulheres que vão pra feira, porque elas passaram a observar quais os produtos que davam mais lucros e em quais produtos que elas estavam perdendo e de que forma elas poderiam cortar gastos pra poder ter uma renda maior. Agora elas passaram a programar mais as plantações, agora elas produzem aquilo que tem a o maior fluxo de venda. Antes, elas [produtoras] plantavam qualquer coisa, agora elas só plantam o que é bom de venda e que dá menos despesa, assim deixando de perder produção no roçado”, disse Elizabete.
Lázara Marcelino, Coordenadora de Inclusão Sócio Produtiva da SepMulheres, falou da satisfação em ver os resultados apresentados.
“Pra nós da SEPMulheres é um motivo de muita alegria vermos o resultado do nosso trabalho, do esforço da Secretaria de Políticas para as Mulheres em estar prestando essa assessoria e estar levando para o conhecimento do restante do Brasil, o trabalho que a Secretaria desenvolve aqui no estado com o grupo de mulheres da associação sonho meu. Hoje percebemos que através desse acompanhamento, conseguimos ver o resultado da produção e do empoderamento delas enquanto mulheres rurais, muitas delas inclusive saindo do ciclo da violência doméstica e conquistando o seu espaço e sua renda através desse trabalho”, destacou a coordenadora.
Qualificação na produção
O trabalho de assessoramento junto às 20 famílias de mulheres empreendedoras já vem sendo desenvolvido pelo Governo do Estado, através da SepMulheres, com o objetivo de impulsionar a autonomia econômica das mulheres rurais.
Com apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), o governo do estado promoveu um curso de aperfeiçoamento culinário para os derivados da mandioca, tendo como foco a produção e valorização da geração de renda com base na agricultura familiar, a capacitação na fabricação de alimentos derivados da mandioca por meio da produção artesanal, seguindo orientações básicas sobre educação alimentar, nutrição, higiene e utilização de produtos orgânicos em sistemas agroecológicos, buscando melhorar a qualidade da produção já existente.
A gestora da SepMulheres, Concita Maia, destaca a importante contribuição do Estado no desenvolvimento da cooperativa.
“Esse curso é uma forma de dar visibilidade para essas mulheres, reconhecendo a fundamental importância da parceria entre o governo do Estado e o Senar, focando no empreendedorismo feminino, começamos com a indicação do prêmio Consulado da Mulher e já estamos colhendo os frutos, tendo os desdobramentos dessa indicação.” Finalizou a Secretária.