Cirurgias de epilepsia mudam a vida de pacientes no Acre

Ana Kássia, 17 anos, tem novas perspectivas de vida depois da cirurgia realizada em fevereiro de 2014 (Foto: Angela Peres/Secom)
Ana Kássia, 17 anos, tem novas perspectivas de vida depois da cirurgia realizada em fevereiro de 2014 (Foto: Angela Peres/Secom)

Há pouco mais de um ano, a realização de cirurgias de epilepsia tem mudado a história de pacientes diagnosticados com a doença no estado. O procedimento, que pode custar até R$ 150 mil na rede particular em outros lugares, é ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Acre. O tratamento pós-cirúrgico é feito em até dois anos, diminuindo a ocorrência de crises.

Em média, os pacientes submetidos à intervenção tinham de 15 a 40 convulsões por dia. É o caso de Ana Kássia Pontes, de 17 anos, a segunda pessoa das cinco que já passaram pela neurocirurgia no Hospital das Clínicas. A avó materna, Salete Pontes, conta que durante nove meses viu a neta ter até 35 crises diárias.

“A vida de toda a família ficou abalada com a situação. Vivíamos em função disso, todos os dias a mesma coisa. Houve vezes que ela precisou ir para o balão de oxigênio, além de ter ficado muito tempo na cadeira de rodas. Foram momentos muito difíceis, mas hoje a gente pode dizer que ela tem uma nova vida”, diz.

A paciente, ao lado do neurocirurgião Ivan Ortiz. “Somos gratos por tanto carinho”, diz a avó da paciente (Foto: Cedida)

A cirurgia é uma forma de controlar a doença nos pacientes em que a medicação não tem mais tanto efeito e não é uma garantia de que o foco da doença não volte a provocar outras crises. Certamente, os pacientes submetidos ao procedimento podem levar a vida do modo mais natural possível, uma vez que os sintomas não são mais tão intentos e frequentes como antes. A prioridade de Ana Kássia agora é retomar os estudos: “Parei no primeiro ano, quando não tinha mais domínio da minha vida por ficar o tempo todo totalmente dopada por remédios. Meu maior desejo agora é voltar a estudar”.

Uma nova vida

Cícero de Afonso Xavier é mais um dos beneficiados pela neurocirurgia que mudou sua vida. Desde os dois anos de idade, ele já apresentava sinais de epilepsia, que se agravaram por 30 anos. O irmão, Jorge de Oliveira, emociona-se ao lembrar o sofrimento de toda a família com o problema. “Eu estava disposto a vender tudo que tinha – carro, casa ou o que fosse preciso -, para que ele viajasse e fizesse a cirurgia fora, até que um dia descobri que já estavam fazendo ela aqui”, relata.

Depois da cirurgia, Cícero passou a caminhar e falar melhor, já trabalhou empilhando produtos em supermercado e até joga bola. “Quando eu penso que hoje não preciso mais ver minha mãe depressiva por tudo o que o Cícero vivia, não a vejo mais chorar pelos cantos, só agradeço a Deus e à equipe do Hospital das Clínicas”, completa o irmão.

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