O cinema contemporâneo dos Coen, retrata personagens comuns, com destacada predileção por anônimos fracassados, onde o crime sempre surge como um elemento ao acaso
Com uma obra considerada pelos críticos o que há de mais original, coerente e criativo do cinema contemporâneo, Joel e Ethan Coen, revelam em seus filmes uma temática com personagens comuns, pessoas normais, anônimas, que representam a classe média baixa americana, indivíduos que na trama se envolvem em crimes na maioria das vezes de forma acidental. São os chamados losers (o lado podre da maçã do Sonho Americano), os desafortunados sociais.
Para mostrar parte da obra dos Coen, o Cine+Cultura Hélio Melo exibe a partir desta quinta-feira, no Cinema do Mundo, às 19 horas, quatro de seus filmes: Ajuste Final – (1990 – 115 min), Matadores de Velhinha (2004, 1h44), Onde os Fracos Não Têm Vez (2007 – 2h) e Queime Depois de Ler – (2008 – 96 min).
Os criadores de Fargo e E ai meu Irmão Cade Você, em Ajuste Final, filme que abre a mostra, nos brindam com uma visão complexa e gráfica da era dos gangsters nos EUA. Ambientado nos dias desenfreados da Lei Seca, o filme exibe uma fascinante galeria de perigosos assassinos e capangas. Ajuste Final possui ação vibrante, uma fotografia maravilhosa e tiradas de humor negro. Seu enredo intenso e cheio de surpresas nos leva a um cenário onde nada é bem o que parece ser.
Já Matadores de Velhinhas é um remake de uma comédia de 1955 escrita por William Rose, dirigida por Alexander Mackendrick, com Alec Guiness (ator conhecido também como o velho Obi-Wan Kenobi) no papel principal. A versão atual traz um bom elenco, onde, mais uma vez nota-se a versatilidade de Tom Hanks. O filme é uma boa produção, com algumas risadas garantidas, e também lembra um outro filme dos irmãos Coen, devido ao estilo de comédia, "E aí meu irmão? Cadê você?", principalmente por causa das músicas, fotografia e estilo de vida dos moradores da pequena cidade.
O terceiro filme da mostra, Onde os Fracos Não Têm Vez (2007 – 2h) é a consagração dos irmãos em termos de Oscar. A tensão domina a trama que não deixa ninguém tranqüilo durante a sessão. O pano de fundo é a violência, retratada em uma das atuações brilhantes na história do cinema. Javier Bardem está assustador no papel do vilão Anton Chigurh, com o cabelo bizarro e arrepiante. Como sempre Tommy Lee Jones dá um show de interpretação. Um filme imperdível.
Queime Depois de Ler – (2008 – 96 min) chega depois de toda a boa repercussão de Onde os Fracos Não Têm Vez. Neste filme os Coen, retomam às raízes da comédia ácida, claro que com boas pitadas de violência sempre presente em seus filmes. Queime Depois de Ler discorre sobre a ambição e a moralidade fajuta que percorre a sociedade americana, numa trama que desenrola uma conspiração também fajuta e aproveita pra escrachar com alguns estereótipos do cinema comercial, como a importância da beleza estética dos atores e a seriedade com que eles tentam forjar suas imagens para fora dos filmes que fazem.
Reunindo num mesmo elenco Brad Pitt, George Clooney, Tilda Swinton, John Malkovich e a musa mais presente na filmografia de Joel e Ethan, Francis McDormand (Fargo, Gosto de Sangue, Short Cuts – Cenas da Vida), podem esperar atuações brilhantes, além de boas risadas.
Quem quiser conhecer de perto a obra dos Coen, uma filmografia respeitável e coerente, com destacada predileção por anônimos fracassados, onde o crime sempre surge como um elemento ao acaso, basta conferir no Cine+Cultura Hélio Melo.
Realização Governo do Estado, através da FEM, em parceria com a ABDeC/Acre. Entrada franca.
SERVIÇO
O que: Mostra Irmãos Coen – todas às quintas-feira, a partir do dia 26/11, 19 horas
Onde: Cine + Cultura Hélio Melo – Avenida – Getúlio Vargas, n° 309 – Centro – Entrada franca