Forte chuva no fim da tarde de quinta-feira, 21, alagou todo o centro de Cruzeiro do Sul e derrubou árvores por toda a cidade, causando muitos prejuízos, especialmente nos estabelecimentos comerciais localizados nas proximidades da Praça de Táxis. A chuva caiu de forma torrencial durante cerca de uma hora, depois amenizou, mas continuou durante quase toda a noite.
Segundo o subcomandante do Corpo de Bombeiros Militar (CBM), Tenente Clodoaldo Pinheiro, a precipitação atingiu 99,5 mm, a maior acontecida neste ano. O rio Juruá também subiu de ontem para hoje 32 cm, atingindo 12,86. Ele pode transbordar hoje, pois, a cota de transbordamento é de 13 m e a notícia que se tem é de que em Porto Walter o rio está subindo. A boa notícia é que em Marechal Thaumaturgo, situada acima de Porto Walter, o rio está baixando.
Durante o temporal de ontem à tarde o Corpo de Bombeiros recebeu muitas chamadas e nesta sexta-feira, 22, os bombeiros estão vistoriando vários locais onde árvores caíram ou ameaçam cair sobre residências. O próprio quartel dos bombeiros sofreu as consequências da chuva: um pé jambo arriou sobre o telhado do prédio principal.
O empresário Édson Fidélis, morador no bairro Aeroporto Velho, levou um susto quando em plena chuva presenciou uma grande árvore tombando lentamente sobre sua casa. Por sorte, a árvore estava tão perto da casa que resistiu ao peso. A árvore ficou escorada na casa, livrando as pessoas em seu interior de sofrer com desabamentos de paredes e teto. Os bombeiros, ontem mesmo ajudaram a diminuir a pressão do peso sobre a casa e hoje completarão o serviço.
Centro alagado
O centro de Cruzeiro do Sul, situado entre colinas, foi, no passado, em grande parte aterrado, e sofreu uma ocupação desordenada. Hoje sofre com isto. Todos os anos, o drama se repete, especialmente quando o rio está cheio como ocorre agora, o que faz com que o canal do Igarapé Boulevard transborde alagando o centro. Esgotos entupidos também são apontados como causas de alagamentos no centro por comerciantes.
A proprietária de farmácia, Cristiane de Lima, já estava em casa na hora da chuva forte, quando recebeu chamada do filho, avisando que o estabelecimento estava sendo alagado. Saiu correndo de casa até a farmácia e quase não conseguiu chegar, pois a correnteza da água estava forte na rua. Ao entrar no estabelecimento viu que a água já tinha atingido um metro. Foi um corre-corre para salvar o possível. Muitos medicamentos tiveram as embalagens comprometidas e ela lamenta que a Vigilância Sanitária não lhe permite vender medicamentos fora das embalagens. “Tive muitos prejuízos” disse, mostrando o monte de embalagens estragadas. Foi a segunda alagação forte que ela passa desde que se estabeleceu ali. Em janeiro do ano passado, segundo ela foi pior, pois perdeu documentos e eletrônicos.
A funcionária de uma grande loja no centro, Nisia Costa, trabalha no local há cinco anos e conta que esta é a quarta grande alagação que presencia. Foi com muita luta que os funcionários conseguiram conter a entrada da água na loja e colocar as mercadorias situadas na parte de baixo das prateleiras em locais mais elevados. Somente por volta das 20 horas os funcionários foram dispensados. Hoje, todos estão em mutirão limpando a loja e as atividades comerciais só reiniciaram às 10 horas de hoje.