Chocolate artesanal que leva farinha de Cruzeiro do Sul é lançado no Acre e já tem venda confirmada para os EUA

No Acre há um ditado que diz: “Come é com farinha”. Essa é uma expressão usada para dizer que gosta muito de algo. E agora essa frase ganha um significado ainda mais carregado de identidade. Foi lançado nesta terça-feira, 12, o chocolate artesanal o Acre Existe, que tem na sua composição farinha de Cruzeiro do Sul.

O evento ocorreu no Memorial dos Autonomistas, e quem participou pôde provar o produto que leva uma das maiores identidades culinárias do estado: a farinha.

Chocolate é feito com farinha de Cruzeiro do Sul. Foto: Neto Lucena/Secom

A barra, que tem 40 gramas, tem duas opções: 40% e 56% de cacau e tem como principal característica a crocância, proveniente da farinha.

O chocolate foi pensado pela empresa acreana Além do Cacau e fortalece a cadeia produtiva da farinha do Juruá, ao comprar de produtores locais uma das matérias-primas para o chocolate. Na mesma barra une-se o cacau da Bahia com a farinha de Cruzeiro do Sul, reconhecida como a melhor do Brasil.

A união da Mata Atlântica com a Amazônia

O empresário Leandro Brasil apostou na modalidade bean to bar, que une o chocolate com outros produtos para chegar a um resultado final, que é um chocolate artesanal premium. No caso da empresa acreana Além do Cacau, a farinha é comprada de uma produtora específica de Cruzeiro do Sul, chamada Maria José.

Foi um ano de testes até que o produto chegasse no ponto ideal. Apesar do recente lançamento, já há um lote que será enviado aos EUA que foi negociado durante o Exporta Mais Amazônia.

Leandro Brasil apostou na farinha de Cruzeiro do Sul e o produto foi criado durante um ano. Foto: Neto Lucena/Secom

“Nosso primeiro objetivo era ter o produto. A venda para o exterior era um sonho e aconteceu no ano passado, durante um evento da Apex [Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos]. Tivemos a oportunidade de conversar com alguns compradores e, quando falamos do nosso chocolate com farinha de Cruzeiro do Sul, eles ficaram malucos”, disse o empresário.

Com a expansão no mercado, a ideia é que essa rede alcance cada vez mais produtores, fortalecendo a cadeia produtiva da mandioca, que é um dos produtos importantes na economia do Vale do Juruá. Essa é a primeira barra de chocolate do mundo nesse formato e com essa mistura.

“As pessoas brincam muito com esse lance de dinossauro, mas o Acre tem muita coisa massa. Quando a gente leva a farinha de Cruzeiro do Sul, leva a nossa cultura. E estamos levando o nome do Acre de um jeito diferente e delicioso. Muita gente vai conhecer nosso estado de uma forma diferente agora, por meio do chocolate”, contou.

Identidade visual também foi pensada em fortalecer identidade do Acre. Foto: Neto Lucena/Secom

Empresa e criação

A empresa Além do Cacau foi inaugurada no Acre em 1° de dezembro de 2021 e oferece mais de 70 opções de chocolates por meio de produtores parceiros de todo o Brasil. Porém, o chocolate “O Acre Existe” é o primeiro produto da marca acreana. Por trás deste produto acreano, há várias famílias envolvidas no processo.

Em sua fala no lançamento, Leandro destacou que o chocolate também é a história de acreanos contada para acreanos. A identidade visual do produto também reforça a identidade de uma tradição cultivada há anos: a forma de fazer a farinha de mandioca. 

“A Além do Cacau é uma marca acreana que foca na qualidade dos produtos, porém vamos muito além disso, estamos focados nas pessoas, as quais fazem de tudo para entregar uma experiência única dentro do mundo do chocolate. Queremos aumentar o número de lojas, ser um orgulho para nosso estado e país, valorizando as pessoas e buscando sempre oferecer uma experiência inesquecível com chocolates e a natureza, pois só existe chocolate porque existe cacau, e este é de origem amazônica. O objetivo da Além do Cacau não é ser a melhor marca de chocolate do Brasil, mas sim, a melhor marca de chocolate para o Brasil”, destacou Leandro Brasil.

A fórmula para o sucesso é, segundo Leandro, envolver o produtor em todas as etapas de criação e fazer com que o reconhecimento chegue também na ponta.

“O grande objetivo disso tudo não é apenas a Além do Cacau vender chocolate, mas fazer com que toda a cadeia produtiva seja valorizada. Não adianta incentivarmos plantio de mandioca e cacau e não ter saída. Quando a gente começa a gerar saída, começa a pressionar toda a cadeia produtiva. Chocolate tem que ser bom para todo mundo, não só para quem come, mas também para quem produz, de uma ponta a outra”, frisou.

No evento, convidados puderam degustar o chocolate feito com a farinha do Juruá. Foto: Neto Lucena/Secom

Apoio do Estado

Em todos esses processos o produto é protagonista, e o Estado do Acre, por meio da Secretaria de Agricultura (Seagri), tem desenvolvido ações e políticas para incentivar o aumento dessas produções. Edivan Azevedo, secretário-adjunto da pasta, destacou esse trabalho.

A farinha de Cruzeiro do Sul tem o selo de Indicação Geográfica (IG) concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). Todo esse movimento coroa esse processo de valorização dos produtos amazônicos.

“Nós estamos dando apoio aos produtores para que eles venham a produzir cada vez mais produtos de qualidade que atendam esse tipo de produto. É um produto de alto padrão, que vai atender o mercado mais exigente. E a origem tem lá no campo, com a produção da farinha de Cruzeiro do Sul, que é a primeira farinha do Brasil com identificação geográfica. E também queremos, no futuro, contribuir para que o nosso cacau, cacau nativo, cacau de cultivo, também possa ser a parte integrante desse produto”, destacou.

Chocolate feito por marca acreana tem lote para ser enviado aos EUA. Foto: Neto Lucena/Secom

Ele destacou ainda que as IGs, tanto da farinha, como do acaí de Feijó, são essenciais para o aumento da qualidade desses produtos, o que impacta diretamente na economia do Acre.

“A identificação geográfica é uma certidão da origem, dos processos de fabricação, das boas práticas de fabricação e também dentro dos requisitos de sanidade. Então, esse produto, a identificação geográfica, ele só tem a agregar valor na produção, para o produtor e também para o consumidor”, pontuou.

O secretário Luiz Tchê, ao abrir o encontro, destacou que o Acre ganha hoje mais uma marca importante para levar o nome do Acre mundo afora:

“Preservar a floresta é agregar valor ao nosso produto. E a gente tem incentivado para que outras pessoas contem a nossa história. Quero colocar a Seagri sempre à disposição para ajudar a construir sonhos e tornar um Acre mais próspero e quem tem em sua agricultura um ponto forte.”

Compartilhe:

WhatsApp
Facebook
Twitter