As aves que abastecem 60% do mercado consumidor acreano engordam imunes ao isolamento terrestre que atinge o estado. Com 92% dos insumos de sua alimentação produzidos no Acre, os frangos seguem as etapas de produção sem interferência da cheia do Rio Madeira, para garantir o abate de 13 a 14 mil aves por dia em Brasileia.
“Um produtor que investiu em tecnologia e consegue uma renda mensal média de oito mil reais só com a criação de frangos. Isso demonstra que o Acre é, sim, um estado produtor.”
Tião Viana
A região do Alto Acre cada vez mais se consolida como polo produtor agroindustrial. Raimundo Duarte Oliveira, o “Seu Braga”, é de Xapuri, mas toca uma área de terra em Brasileia. Investiu, por meio de financiamento rural, R$ 200 mil num galpão com controle de incidência de luz e temperatura, comida e bebida. Tudo para garantir uma condição necessária para que as aves atinjam o ponto de abate no tempo certo (45 dias): a falta de estresse.
O investimento valeu a pena. Hoje o produtor retira a cada 40 dias entre R$ 7 mil e R$ 10 mil, livres. “Para a gente melhorou demais, né? Eu trabalhava com a lavoura branca e o meu trabalho era pelo menos 40% maior do que hoje para ganhar bem menos que a metade do que ganho. Ou seja, trabalho menos e faturo muito mais”, disse o produtor.
Braga recebe da Acreaves, indústria de abate de aves, os pintos, os insumos e a assistência técnica. Cabem a ele o manejo adequado e a estrutura dos galpões. Em sua granja ele conta com 21 mil aves, e não é um dos maiores produtores da região – há quem crie mais de 30 mil frangos.
“Essa é a classe média no campo de que nós tanto falamos. Um produtor que investiu em tecnologia e consegue uma renda mensal média de oito mil reais só com a criação de frangos. E o melhor é que todos os insumos para a produção da ração dessas aves, com exceção do farelo de soja, são produzidos aqui no Acre mesmo. Isso demonstra que o Acre é, sim, um estado produtor”, comemorou o governador Tião Viana.
O secretário de Produção, Lourival Marques, explica que o milho, o sebo e a farinha de carne, componentes para a fabricação da ração das aves, são produzidos no estado.
“A Acreaves já se prepara para dobrar a produção até o fim do ano e aumentar a fatia de mercado. Além de atender a demanda, vai expandir a produção para a área de embutidos”, explicou o diretor da empresa, Paulo Santoyo.