Centro Socioeducativo Aquiry amplia a estrutura da escola e a carga horária das aulas

Maioria dos socioeducandos possui baixa escolaridade ao chegar na unidade (Foto: Brenna Amâncio/Assessoria ISE)

Maioria dos socioeducandos possui baixa escolaridade ao chegar à unidade (Foto: Brenna Amâncio/Assessoria ISE)

A estrutura do anexo da Escola Darquinho, no Centro Socioeducativo (CS) Aquiry, foi ampliada. Antes, o local contava com apenas quatro salas. Após a reforma, oito áreas foram disponibilizadas para o ensino de adolescentes em conflito com a lei. O detalhe é que os próprios socioeducandos trabalharam na construção.

Durante o Curso de Ajudante de Obras ofertado pelo Senai, uma turma de adolescentes participou da ampliação da escola. Segundo o diretor do CS Aquiry, Wilkerson Avilar, a responsabilização pelo cuidado com o espaço foi contagiante entre eles.

Os própios adolescentes participaram da reforma da escola (Foto: Brenna Amâncio/Assessoria ISE)

Os própios adolescentes participaram da reforma da escola (Foto: Brenna Amâncio/Assessoria ISE)

“Aproveitamos a mão de obra dos adolescentes e tivemos um ótimo retorno. A valorização pelo trabalho é nítida. Com a ajuda de um socioeducador foi possível dividir quatro grandes salas em oito locais adequados. Consequentemente vai dobrar a carga horária da escolarização. Neste primeiro momento, eles estão preservando mais, não riscaram as paredes. Pelo menos 15 adolescentes pintaram o espaço. E agora nos resta a batalha de trazer mais professores para o trabalho ficar completo”.

O socioeducando Lucas (nome fictício) têm 18 anos. Ainda era menor de idade quando entrou no CS. Foi ele um dos jovens que colaborou na construção da escola. “Trabalho desde os 11 anos. Comecei pintando grades com o meu tio e depois ajudando ele a fazer casas. Quando eu tinha 16 anos, parei de estudar, porque já tinha me envolvido com coisa errada. E só quando vim para cá, aos 17, que retornei para a sala de aula. Fico feliz por ter participado de algo que faz melhorar a nossa educação”.

A coordenadora pedagógica da unidade, Lúcia Regina Oliveira, alega que além da ampliação da estrutura, os benefícios na organização do planejamento escolar foram ótimos.

“Agora nós temos uma melhor forma de atender esses adolescentes, que acabam se sentindo mais acolhidos no ambiente escolar. Com a nova metodologia, as aulas serão em forma de oficinas, enquanto antes eram por módulos. Isso envolve as áreas do conhecimento: Língua Portuguesa, História, Geografia, Língua Estrangeira, Biologia e Matemática. Assim, os adolescentes ficam mais aptos a fazerem o Exame Especial, que tem o objetivo de descobrir qual o grau de capacidade do aluno. Com um resultado satisfatório, é mais provável que ele seja inserido em uma escola ao sair das medidas”.

Ainda de acordo com a coordenadora, o quadro de professores não está completo, mas os encaminhamentos já foram direcionados. Mesmo com a greve da categoria, as aulas prosseguem normalmente para os socioeducandos.

“Toda sexta-feira, os professores fazem o planejamento e quinzenalmente eles se reúnem coma equipe da Educação de Jovens e Adultos (EJA). O pensamento agora é positivo com todo o apoio que estamos recebendo da direção e também da Secretaria Estadual de Educação”.

O presidente do Instituto Socioeducativo do Acre (ISE), Henrique Corinto, afirma que a maior dificuldade da equipe ao receber os adolescentes nos Centros é a baixa escolaridade deles. Existem até casos de jovens perto de atingir a maior idade sem saber ler e escrever. “Lá fora, muitas vezes, frequentar a escola não faz parte do seu contexto. É então que entra o nosso desafio de reverter isso. Regatar a escolarização desses adolescentes é de fato inseri-los na sociedade. Quando ele tem isso, é possível inscrevê-los em cursos profissionalizantes, em estágios, dentre outros”, explica.

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