Com uma população rural estimada em mais de 200 mil pessoas no Acre, vivendo em ambientes únicos como terras indígenas, florestas estaduais e reservas extrativistas, polos de assentamento entre outras, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tem o desafio de retratar a realidade dessa parte do estado.
É com esse espírito que o órgão federal começou este mês o Censo Agropecuário 2017, o mais detalhado levantamento desse setor econômico brasileiro. No Acre, serão 148 recenseadores percorrendo todo o território, realizando pesquisa nos estabelecimentos agropecuários, aqueles que possuem algum tipo de atividade agrícola.
Nesta quinta-feira, 11, o governador Tião Viana teve reunião com Marco Esteves, chefe da unidade do IBGE no Acre, que esteve acompanhado de Sebastião Albuquerque, coordenador do Censo Agro 2017 no estado. A conversa, que contou ainda com a presença do secretário de Meio Ambiente Edegard de Deus e secretário adjunto de Agropecuária Fernando Melo, tratou sobre apoio do governo ao trabalho do instituto.
“Esse trabalho é muito importante para o estado e o nosso trabalho de governo. Quando se tem um levantamento com essa qualidade e detalhamento, nós podemos realizar programas de governo mais aprimorados. É uma ferramenta essencial para a gestão do nosso Acre”, afirmou o governador Tião Viana, reafirmando o total apoio que a pesquisa precisar.
Esteves explicou um pouco o que será coletado, além de reforçar que os dados são todos guardados em sigilo, dando segurança para quem for entrevistado. “Este Censo tem o objetivo de levantar toda a produção agrícola do país, quais os diversos tipos de culturas e como elas estão sendo trabalhadas em cada estabelecimento. Ainda vai mostrar a tecnologia utilizada e como as terras estão utilizadas e distribuídas”, disse.
Como parte da parceria entre governo e IBGE, informações como o Cadastro Ambiental Rural (CAR), foram disponibilizados pelo Estado para o melhor planejamento das atividades do Censo. Com os resultados, em 2018, o governo iniciará com mais precisão a revisão do Zoneamento Ecológico Econômico do Acre.
Mapa agrícola do Acre
Desde o início da gestão, o governo de Tião Viana implementou uma reorganização na agricultura do estado, fazendo com que os investimentos na área valorizassem a diversificação, respeitando o ativo ambiental acreano. No PIB de 2014, a atividade agropecuária representou 10,7% do valor total adicionado.
Quatro produtos são exemplos desse crescimento: castanha, açaí, mandioca e gado bovino. A Plataforma de Monitoramento de Desempenho Territorial do Estado, criada pelo governo com apoio da Organização Não Governamental Earth Innovation Institute [traduzindo: Instituto de Inovação da Terra], reúne e esclarece esses números.
A cadeia produtiva da mandioca saiu de uma produção de 360 mil toneladas em 2002 para 1,1 milhão de ton. em 2015. O açaí evoluiu 300% em sua produção e chegou a 5,4 mil ton. em 2015. Já na castanha, foram colhidas e comercializadas mais de 14 mil ton. também em 2015, tornando o estado o maior produtor dessa noz. O rebanho de gado bovino triplicou, mesmo com o desmatamento em controle, mostrando que a criação ocorre em áreas já abertas anteriormente.
Agregado a isso, o governo investiu também na industrialização como ponta final dessas cadeias produtivas. A Peixes da Amazônia, para o beneficiamento do pescado, que teve a produção dobrada entre 2013 e 2015, e a Dom Porquito, que beneficia as recentes criações de suínos, são exemplos da aliança do governo com grupos empresariais e cooperativas. Assim como as indústrias de beneficiamento de castanha, geridas pela Cooperacre (Cooperativa Central de Comercialização Extrativista), que faz a organização de cerca de 2.000 famílias da floresta e de seus produtos.