Caravana da Cultura e Humanização promove resgate histórico e cultural em Sena

Alguns dos prédios mais tradicionais de Sena Madureira (Foto: Assessoria Humanização)
Alguns dos prédios mais tradicionais de Sena Madureira (Foto: Stael Maia)

Alguns dos prédios mais tradicionais de Sena Madureira (Foto: Stael Maia)

Durante a Caravana de Cultura e Humanização, que percorre todos os municípios do Acre, é realizada a oficina de Comunicação Patrimonial. Neste fim de semana, a Caravana, promovida pela Diretoria de Humanização/Fundação Elias Mansour (FEM), do governo do Estado, aportou em Sena Madureira.

Por meio da oficina são identificados prédios, pessoas e lugares que têm ligação direta com a história ou criação do município, e também movimentos culturais, como danças e festivais.

Situada na confluência dos rios Caeté e Iaco, Sena Madureira foi fundada em terras do antigo Seringal Santa Fé, no dia 25 de setembro de 1904, para ser a capital do Departamento do Alto Purus. Seu fundador foi o general Siqueira de Menezes, que batizou a cidade em homenagem ao general pernambucano Antônio de Sena Madureira.

Só a partir de 1905, com a presença de oficiais e praças do exército, Sena começou a ser planejada e executada, quando ganhou ares de cidade em rápido desenvolvimento. Naquela época a população estrangeira era 7,1% do total da população, mostrando a existência de grandes colônias sírio-libanesas, portuguesas, peruana e bolivianas.

A pequena cidade também soube promover as artes e as letras ao longo dos seus mais cem anos de existência. Nos anos 20, o Teatro Cecy apresentava grandes espetáculos e, ao longo de todo o último século, foi grande o número de jornais que circularam na cidade. Ainda, são realizadas festas e brincadeira populares, como a Cavalhada, que todos os anos marca as comemorações de aniversário da cidade.

A região onde se encontra Sena Madureira também é rica em sítios arqueológicos, nos quais foram encontradas urnas funerárias antigas, o que não se verificou em nenhum outro município do Acre. A área também abriga geoglifos em forma de círculo, no vale Rio Iaco.

Religiosidade a serviço dos municípios

“Criamos escolas em todos os seringais”, relata o Frei Paulino Baldassari (Foto: Stael Maia)

“Criamos escolas em todos os seringais”, relata o Frei Paulino Baldassari (Foto: Stael Maia)

Impossível falar em Sena Madureira e de sua trajetória, memória e identidade sem fazer menção ao Frei Paulino Baldassari, conhecido simplesmente por “Padre Paulino”, vigário da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, ou como o “médico da floresta”.

Padre Paulino chegou ao Acre por volta de 1954, onde desenvolveu inicialmente trabalhos em Boca do Acre e Brasileia. Pela necessidade de atender os mais pobres, estudou medicina por conta própria.

“Naquele tempo cheguei a Sena Madureira acompanhado por uma equipe de religiosos. Tudo era muito difícil, a locomoção, a educação, saúde e alimentação, a carne naquela época era como ouro, de alto custo. Nós criamos escolas em todos os seringais, montamos turmas de até mil alunos. A educação sempre foi nosso maior propósito. Lembro-me bem que jovens dos mais variados municípios vinham estudar no Instituto Santa Juliana, era um colégio-modelo da época”, recorda o sacerdote.

Ele ainda faz uso da sabedoria adquirida junto aos índios e seringueiros, transformando-a em recursos alternativos. O padre-médico atende nas dependências da paróquia e, nos tempos de desobriga, aproveita para consultar nos lugares mais distantes e de difícil acesso, prestando serviços a milhares de famílias de ribeirinhos e indígenas.

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