Com objetivo de promover os profissionais de saúde e educadores, que atuam com reabilitação infantil, de informações gerais, orientações técnicas e diretrizes relacionadas a manifestações e necessidades de bebês e crianças com microcefalia, uma equipe da Secretaria de Educação do Distrito Federal e do Hospital de Apoio de Brasília, com apoiadores do Ministério da Saúde (MS), veio ao Acre para ministrar uma capacitação em síndrome congênita associada ao vírus zika.
O evento promovido pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), com apoio da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), por meio da Divisão da Pessoa com Deficiência, teve início na quinta-feira, 22, e encerramento nesta sexta-feira, 23, e conta com oficinas sobre as síndromes mais recorrentes nos transtornos do desenvolvimento, referente aos casos associados ao zika vírus, como suspeitar e como conduzir.
“Desde que surgiu os casos de microcefalia pelo zika vírus, havia muita confusão em estabelecer diagnóstico e identificar com clareza as crianças que foram vítimas da síndrome em decorrência do vírus. Então, decidimos trazer a equipe do Ministério da Saúde e da Secretária do Distrito Federal, que é capacitada e estive envolvida diretamente com o tema a nível nacional para falar com mais propriedade sobre o assunto”, diz a presidente da Apae, Cicília Lima.
Entre as profissionais do Distrito Federal, a neuropediatra Denise Bomfim, fala do convite de vir ao Acre, e da importância de uma melhor abordagem e cuidados com as crianças com microcefalia. “Recebemos com carinho o convite da Apae que nos solicitou para fazer uma capacitação com sua equipe no sentido de dar uma melhor abordagem e cuidado mais integral a criança com síndrome congênita por zika vírus,”, destaca.
Ainda de acordo com a especialista, apoiadora do Ministério da Saúde, que também contribuiu com a elaboração da cartilha sobre o estimulo precoce em bebês com microcefalia, lançada pelo governo federal em dezembro de 2015, como parte do Plano Nacional de enfrentamento à Microcefalia no país, a ideia da oficina é também conhecer o trabalho que é desenvolvido no Acre com crianças de zero a 3 anos de idade com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor decorrente de microcefalia.
“Nossa proposta no Acre é a troca de experiências, conhecendo também as estratégias de atendimento que os pacientes em Rio Branco estão tendo, com expectativa de levar a Brasília esse conhecimento, uma vez que nosso grande desafio é dar assistência integral a uma doença cuja história natural não conhecemos ainda, porque são apenas três anos de evolução, sendo que os bebês com maior idade ainda não chegaram aos 4 anos de vida”, salienta Bomfim.
A oficina de avaliação em interdisciplinaridade também apresentou dois casos clínicos selecionados pela equipe local, como proposta de avaliar os resultados positivos da estimulação precoce em crianças com microcefalia, oportunidade que os profissionais de Brasília também trocaram experiência sobre as melhores técnicas a serem desenvolvidas no programa de reabilitação.
Participaram do evento fisioterapeutas, educadores, fonoaudiólogos, pedagogos, técnicos da Sesacre e outros profissionais da rede de atenção voltada para o atendimento de crianças com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor. Algumas mães cujos bebês são acompanhados na Apae também participaram das atividades.
“Como forma de dar suporte e promover maior atenção às crianças com microcefalia, a Sesacre tem um convênio com a Apae para os serviços de fortalecimento da estimulação precoce, pleiteando recursos para contratar mais profissionais e promover capacitações”, ressalta Rafaela Chagas, da área técnica da Divisão da Pessoa com Deficiência da Sesacre.