A Escola de Saúde Maria Moreira da Rocha, pertencente à estrutura do Instituto Dom Moacyr, encerrou nesta manhã, no Centro Diocesano, em Cruzeiro do Sul, o primeiro módulo do curso de Agentes Comunitários Indígenas de Saúde para duas turmas de indígenas da região do Juruá. Os índios, pertencentes a várias etnias, fizeram apresentações culturais (cânticos e dança), compartilhados com todos os presentes.
No fim de novembro, outras duas turmas, também com indígenas do Juruá, já haviam concluído o primeiro módulo. As quatro turmas formam um contingente de 104 índios, todos já exercendo a profissão nas aldeias, agora mais capacitados. Segundo a coordenadora local da Escola de Saúde, Michele Cristina Valter, no próximo ano ainda vão ocorrer dois módulos, e, em setembro, os participantes já receberão seus certificados. O curso, que é realizado em parceria entre o governo do Estado e o Departamento Sanitário Especial Indígena, capacitará 300 agentes indígenas.
Transmitir o conhecimento
O índio Francisco das Chagas Siqueira mora na Terra Indígena Jaminawa Arara, no Rio Bagé, afluente do Alto Juruá. Ele considera que aprendeu muita coisa importante para repassar para seu povo. “Também trocamos ideia com nossos parentes de outras aldeias sobre medicamento tradicional e não só medicamentos da farmácia”, mencionou.
O índio Yawanawa Manoel de Jesus (Naenawa) já era agente indígena há bastante tempo e considera muito importante participar dessa capacitação. Em sua aldeia Nova Esperança, situada no Rio Gregório, ele também estuda para tornar-se um pajé, já tendo feito inclusive o juramento sagrado, dentro da tradição Yawanawa. “Tenho me dedicado no meu dia a dia em aprender a medicina da minha cultura. Meu conhecimento está ficando cada vez mais adequado e agora ainda é completado pelos ensinamentos desse curso”, disse.
Evanizia da Silva Brandão, da etnia Shanenawa, mora na aldeia Morada Nova, em Feijó, e salientou o fato de que aprendeu os direitos e deveres de sua profissão, mas destaca principalmente o que aprendeu sobre prevenção às doenças. “Nós utilizamos muitas ervas medicinais, pois os antibióticos prejudicam muito a saúde da gente”, declarou.
Os agentes indígenas, de modo geral, dizem que os principais problemas de suas aldeias são a gripe e a diarreia. No entanto, nota-se uma preocupação muito grande em relação à incidência de hepatite A e B.