Campanha dos 16 dias de ativismo termina com saldo positivo no Acre

Em Cruzeiro do Sul, mais de 2 mil pessoas participaram das atividades dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra as mulheres (Foto: Onofre Brito/Secom)

Este ano a campanha dos 16 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra as Mulheres foi lançada no dia 17 de novembro junto com a Marcha Zumbi dos Palmares, que abriu a Semana da Consciência Negra. As duas mobilizações buscavam o mesmo objetivo: o respeito aos direitos e à dignidade humana.

Na teoria, a campanha duraria 16 dias, mas, dada a proporção da problemática da violência contra a mulher no Acre, que coloca o estado em quinto lugar no índice de feminicídio no país, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), as ações se estenderam por 24 dias, e os trabalhos intensivos encerraram-se no dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos.

“O nosso compromisso como Secretaria de Política para as Mulheres vai além dos 16 dias de ativismo. A luta pelo fim da violência contra a mulher é diária e só com a união e a conscientização da sociedade é que poderemos mudar essa realidade. O governo sozinho não vence essa guerra, esse enfrentamento é responsabilidade de todos”, disse a gestora da pasta da SEPMulheres, Concita Maia.

Programa “Quem Ama Abraça – fazendo escola” é mais uma forma de enfrentamento à violência contra as mulheres (Foto: Ludmilla Santos/ Secom)

Ao todo, sete municípios desenvolveram ações de conscientização e enfrentamento à violência de gênero. O alcance foi de 2.573 pessoas, que participaram ativamente, das atividades desenvolvidas e coordenadas pela Secretaria de Política para as Mulheres (SEPMulheres) e seus parceiros.

Mostra de filmes sobre a temática, atendimento da Unidade Móvel da SEPMulheres, que levou serviço social, orientação jurídica e atendimento psicológico à 178 mulheres do bairro Cidade do Povo em Rio Branco e da comunidade Jurupari em Feijó.

Lançamento da campanha “Quem ama abraça – fazendo escolas” em quatro cidades acreanas, contemplando 18 escolas públicas do estado que se comprometeram a elaborar o projeto pedagógico para trabalhar a campanha em 2017. Nessa ação 330 pessoas, entre coordenadores pedagógicos, diretores de escola e alunos, foram alcançadas.

Outra ação abrangente da campanha foi a realização do ciclo de palestras “Todas pelo Fim da Violência contra as Mulheres” que foi realizado em Sena Madureira, Epitaciolândia, Brasileia e Cruzeiro do Sul. 1354 pessoas, nas quatro cidades, participaram dos debates.

Em Rio Branco a campanha foi encerrada com o Encontro de Formação dos profissionais da Rede de Atendimento às Mulheres em Situação de Violência, com a presença de palestrantes e debatedores sobre as temáticas “Mulher e Criminalidade” e “Mulher e Saúde Mental”. Profissionais dos diversos serviços da Rede Reviver, integrada pelo Ministério Público Estadual, Casa de Abrigo do Juruá, Delegacia da Mulher, Creas, Projeto Vida Nova, Hospital da Criança e da Mulher (Maternidade), Juizado da Infância e Juventude, Conselho Tutelar e Central de Atendimento à Mulher participaram das discussões.

SEPMulheres

A Secretaria de Estado de Políticas para as Mulheres (SEPMulheres) trabalha a valorização, proteção e autonomia das mulheres, em território acreano. Criada em 2011, a instituição atua diariamente no enfrentamento à violência de gênero.

Proteção e empoderamento

Joana sofreu todo tipo de agressão até conseguir quebrar o ciclo de violência, hoje ela incentiva outras mulheres a denunciar (Foto: Onofre Brito/Secom)

A violência contra mulheres é uma grave violação dos direitos humanos. Geralmente, começa com o sonho de um casamento feliz. Mas, para 43% das brasileiras, o sonho se transforma em tristeza e dor. Apesar de ser um crime, as agressões seguem vitimando milhares de cidadãs, diariamente. O apoio do poder público é essencial para que o ciclo de violência seja quebrado.

Joana Freitas de 41 anos é acompanhada há cinco anos pela Rede Reviver em Cruzeiro do Sul, ela sofreu durante 10 anos até conseguir da dar a volta por cima.

“Foram dez anos de sofrimento e impotência. Eu sofri todos os tipos de violência: verbal, emocional, psicológica e física. Quem vive no ciclo de violência doméstica está envolvida por vários sentimentos que dificultam o processo de libertação: o medo, a dependência financeira, o julgamento da sociedade e o desamparo”, contou.

Hoje Joana é independente, trabalha e cria os filhos com seu esforço, fruto de um processo de empoderamento.

Do medo ao recomeço

Aurinete é acompanha pela Delegacia Especializada de atendimento à mulher em Cruzeiro do Sul (Foto: Ludmilla Santos/Secom)

Por medo, muitas mulheres deixam de denunciar casos de agressão. O enfrentamento à violência é uma das bandeiras da SEPMulheres. O trabalho de acesso aos mecanismos de denúncias gerou, em 2016, na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) de Rio Branco, a instauração de 2.931 inquéritos de casos de agressões a mulheres.

Aurinete Ribeiro faz parte da estatística de pessoas que romperam o ciclo de violência denunciando o agressor. Há seis anos ela é acompanhada pela Deam de Cruzeiro do Sul.  A dona de casa participa do grupo de convivência do Centro de Referência Especializado de Atendimento à Mulher – Vitória Régia, de Cruzeiro do Sul, que desenvolve ações de prevenção e enfrentamento à violência doméstica e sexual contra as mulheres da região do Juruá.

A Rede Reviver

A rede de atendimento a mulher em situação de vulnerabilidade é formada por serviços básicos das áreas de saúde, segurança pública, assistência social e justiça, como: delegacias de polícia, centros de referência especializada de assistência social, conselhos tutelares, hospitais e defensorias públicas, entre outros. É na garantia do direito ao acesso a essas políticas públicas que a SEPMulheres trabalha.

Compartilhe:

WhatsApp
Facebook
Twitter