A Cooperativa dos Catadores de Materiais Recicláveis e Reutilizáveis do Acre (Catar) renovou sua gestão a partir do recebimento do caminhão entregue pelo governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Pequenos Negócios (SEPN).
A Catar foi criada em 2005 e representa a prática de um projeto de inclusão social e proteção ao meio ambiente. Sua usina de beneficiamento está localizada no Distrito Industrial, Setor C e o trabalho está dividido em individual – no qual os catadores recolhem nas ruas produtos recicláveis descartados – e o trabalho coletivo, que é a busca de material descartado por empresas como, por exemplo, supermercados, bancos e revendedores.
O caminhão potencializou a capacidade de trabalho da cooperativa, o que, consequentemente, aumentou a renda do grupo. O transporte realiza a busca do montante na casa dos catadores e a rota pela cidade recolhe em pontos parceiros. O total recolhido é levado para o galpão, onde os 23 cooperados trabalham juntos na separação e prensagem. Só na manhã de desta quarta-feira, 11, o caminhão recolheu 707 kg de resíduos recicláveis.
Maria Alves, 73 anos, tem 12 filhos, mas moram com ela apenas um neto e um filho especial. Ela diz que cresceu trabalhando na seringa e depois na agricultura, então quando veio morar em Rio Branco não teve oportunidade de trabalho, por isso começou a vender latinhas para empresas que compram sucata e depois se formalizou na cooperativa. “Eu trabalho há mais de 10 anos como catadora e tenho orgulho do meu trabalho, porque ele é meu sustento. Passo três dias catando e dois dias separando aqui no galpão”, disse.
A SEPN também entregou móveis para estruturar o escritório da cooperativa e realizou um curso de gestão com o grupo. “O curso nos fez despertar sobre as possibilidades de melhorar o nosso trabalho e o nosso compromisso. O transporte tem ajudado muito e estamos planejando crescer mais em 2014“, conta o cooperado Pedro Moraes.
Elias Oliveira, que estava no trabalho de recolhimento no caminhão, disse que sente ainda a discriminação: “Nas ruas, as pessoas nos chamam de lixeiros e não percebem a dignidade do nosso trabalho”.
Fábrica de Vassouras
O foco da coleta é plástico e papelão. O plástico é vendido a R$ 0,60 o quilo e o papelão a R$ 0,10. Todavia, uma parte das garrafas PET recolhidas têm um destino diferente, que é ser matéria-prima de vassouras.
Cleiton da Silva se dedica especificamente às garrafas PET e, no seu bairro, os vizinhos já estão acostumados a separar as garrafas para ele. A vassoura é vendida a R$ 5 e Cleiton vende nas ruas, forma como sustenta seus dois filhos, de cinco e sete anos.
A fábrica de vassouras foi desenvolvida pelos próprios catadores e a garrafa passa por seis etapas/máquinas até se tornar um utensílio de limpeza. Uma máquina realiza o corte da garrafa – tirando o fundo e o gargalo –, a outra confecciona os fios de pet, então se prensa vários desses fios e, depois se dá choque térmico para que fiquem retos e não mais arredondados, como eram antes. Assim montam a vassoura, com a parte exterior plástica para depois apararem os fios. Em poucos minutos, temos uma vassoura pronta para a venda.