Criado a partir do termo em inglês bully (valentão), a denominação “bullying” surgiu para destacar as ações de violência física ou psicológica infringidas sem razão aparente ou motivadas por atitudes preconceituosas, que podem acarretar danos físicos e psicológicos nas vítimas.
De acordo com a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), trata-se do “conjunto de atitudes hostis propositadas, recorrentes e sem causa manifesta, empreendido por um sujeito (ou grupo) que ocasiona aflição a outrem”. E se muito foi conquistado na questão da divulgação e dos projetos anti-bullying, esta realidade ainda está longe de ser extinta.
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde em 2012, mostram que o bullying acomete 7,2% dos alunos do último ano de ensino fundamental, que se sentiam sempre (ou quase sempre) humilhados por provocações na escola na época da pesquisa.
A Pense também mostrou que o indicativo de meninos vítimas do bullying (7,9%) supera o indicativo das meninas (6,5%). E são também os meninos que também mais praticam bullying contra os colegas: 26,1% contra 16% das meninas.
Alguns sinais manifestam-se de forma mais agressiva, outros são menos percebidos, mas tendem a se mostrar de uma forma ou outra em quem está sendo vítima dessa prática de agressão. Entre os principais sintomas do bullying escolar, estão:
– Isolamento social;
– Resistência em ir à escola;
– Demonstrações de tristeza (diminuição nas conversas domésticas, choros sem razão aparente);
– Queda no rendimento escolar;
– Dores e ferimentos no corpo;
– Insônia ou outras desordens do sono;
– Aumento na agressividade;
– Desenvolvimento de distúrbios envolvendo ansiedade, hábitos alimentares e outros.
No Colégio Estadual Armando Nogueira (CEAN), um projeto antibullying foi trabalhado na escola ano passado, e a temática ainda se faz presente em palestras da escola. Mesmo assim, é uma situação difícil de ser erradicada completamente.
Kássia Geovanna, aluna do 2º ano do ensino médio no CEAN, explica que já testemunhou ataques físicos e verbais (o famoso “deboche”), e que, infelizmente, alguns destes acontecidos tinham fortes motivos de origem no preconceito.
“Quem é ofendido constantemente em um período cheio de dúvidas como a adolescência não fica bem. Fica traumatizado e pode levar esses traumas por toda a vida na forma de complexos de inferioridade ou outros transtornos. Muitas vezes, quem tem uma condição financeira melhor se acha no direito de ofender a aparência dos colegas e não hesita em incentivar a humilhação”, explicou Kássia.
Gessildo Oliveira, diretor do CEAN, disse que “sempre que existe ciência de situações como a da prática do bullying, buscamos eliminá-la completamente. Sabemos das dificuldades que os jovens enfrentam, e esse tipo de atitude dificulta ainda mais uma harmonia no ambiente escolar”.
Quem trabalha em escola (seja professor, coordenador, ou outra função), ao perceber situações de agressão envolvendo os alunos, deve levar o caso imediatamente para o gestor ou gestora da instituição, que deve dar procedência ao caso reunindo os pais dos alunos e buscando resolver a situação da melhor forma possível, alertando para os perigos da prática e para os benefícios de uma convivência harmoniosa.
Os perigos do bullying escolar também são lembrados graças às tragédias ocorridas no âmbito escolar e aos suicídios de adolescentes e jovens adultos, em decorrência dos anos de abuso sofridos. Entre casos famosos, estão:
– O suicídio de Amanda Todd, com apenas 16 anos, em 2012;
– O Massacre de Columbine, onde 15 pessoas (incluindo os dois estudantes responsáveis pelo tiroteio) morreram, e mais 25 pessoas ficaram feridas;
– O Massacre de Realengo, no Rio de Janeiro, onde 13 pessoas (incluindo o assassino, Wellington Menezes de Oliveira), morreram, e mais 22 outras pessoas ficaram feridas.
Em casos extremos, onde a violência cresce para situações mais agressivas e nenhuma providência cabível é tomada pela escola, é necessário que o caso seja levado para as autoridades envolvidas na proteção de crianças e adolescentes, como o Conselho Tutelar.
Para ajudar no trabalho da temática, muitos livros e filmes já foram produzidos envolvendo a temática. Entre eles, estão:
Livros: Os 13 Porquês, de Jay Asher; Extraordinário, de R. J. Palacio; Perdão, Leonard Peacock, de Matthew Quick.
Filmes: Cyberbully (2011); Depois de Lúcia (2012); Bullying (2009); A Classe (2007).