A agricultora Giselda Barbosa Pimenta Marques ganha a vida vendendo brotos de bambu numa feira livre de Goiânia, capital de Goiás.
Ela possui uma chácara de 12 hectares em Nazario, município vizinho, onde desenvolveu pequeno plantio da espécie, e semanalmente comercializa em média 50 frascos de 500 gramas do alimento, ao preço de R$ 12 a unidade.
Por telefone, fizemos contato com ela para obter mais informações sobre o seu pequeno, mas original, negócio. Giselda não se fez de rogada para explicar que, além da própria produção, compra os brotos produzidos por agricultores da vizinhança, que preferem utilizar a espécie para “envaramento” do plantio de tomates.
O aproveitamento do broto em cada vara de bambu é de mais ou menos um metro, equivalente aos gomos mais moles, e o período de exploração vai de dezembro a março, no tempo das chuvas em Goiás.
Tal qual a guariroba, outra espécie (de palmeira) também explorada na culinária goiana, o broto de bambu é amargo, e para eliminar esse gosto, não aprovado pela maioria dos consumidores, Giselda submete a substância a cinco ou seis fervuras em água renovada. Depois, acrescenta os temperos: ervas, orégano e algum tipo de pimenta.
Informamos a Giselda que o Acre possui a segunda maior floresta de bambu do mundo (a primeira fica na China), ao que ela reagiu, manifestando surpresa: “É mesmo? Quem sabe, então, se vocês não vão fornecer os brotos de bambu para minha futura empresa?”, perguntou, com bom humor.
Na verdade, o Acre projeta aproveitar o bambu para a produção de móveis e artesanato. O empresário norte-americano Mark Neeleman já visitou o estado, ano passado, propondo a criação da Bambacre Fábrica S.A.. Com pequena adaptação da usina, a empresa iniciará com 200 empregos diretos e mais manejadores do bambu espalhados pelas áreas rurais. O número de empregos poderá chegar a mil em 2020.
O Sebrae e a Embrapa do Acre desenvolvem estudos sobre a economia do bambu que podem indicar outros usos como, por exemplo, a produção e comercialização dos brotos, como faz a agricultora goiana Giselda. O produto é tão saboroso quanto o palmito de açaí e, claro, uma comprovada fonte de renda para as famílias urbanas e rurais.