A Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil (CEPDC) do Acre informa que o nível das bacias hidrográficas dos rios Iaco, Purus, Tarauacá e Envira segue em normalidade. Além disso, praticamente toda a bacia do Rio Acre está em sua normalidade, exceto em Porto Acre. Em Rio Branco, na medição das 6h, o rio marcou 10,80m, abaixo da cota de alerta; com isso, as famílias abrigadas no Parque de Exposições começaram a retornar hoje para suas residências. Já em Porto Acre, até o momento não foi possível fazer a leitura da medição, devido à lama nas proximidades da régua. O município continua em alerta, com apenas uma família desalojada.
Na bacia do Juruá, em Cruzeiro do Sul, o nível do rio apresentou sinais de vazante, marcando 12,76m, entrando na cota de alerta e afetando 12 bairros. No momento, 197 famílias estão com corte de energia elétrica e 34 foram retiradas. Em Rodrigues Alves, o rio permanece acima da cota de transbordamento, mas não há registros de famílias desabrigadas.
Já na bacia do Abunã, em Plácido de Castro, houve uma redução de 17cm nas últimas 24h, mas o rio continua acima da cota de transbordamento, impactando 5 bairros e deixando 2 famílias desalojadas e 6 isoladas. Nas zonas rurais, 9 comunidades estão atingidas, deixando 150 pessoas isoladas. O transbordamento causou comprometimento do tráfego da ponte que interliga Plácido de Castro a Puerto Evo Morales; além disso, devido ao fato de a fiação elétrica estar próxima da água, a Energisa suspendeu o fornecimento de eletricidade à localidade.
Ações do governo
O governo do Acre republicou o Decreto de Situação de Emergência em decorrência do aumento do índice de chuvas e do nível dos rios e igarapés no estado, incluindo a situação de emergência nos municípios de Feijó, Tarauacá, Cruzeiro do Sul, Rodrigues Alves, Marechal Taumaturgo, Porto Acre, Rio Branco, Plácido de Castro, Mâncio Lima e Santa Rosa do Purus. O decreto tem validade de 180 dias e institui Situação de Emergência de Nível 2 no Acre. O documento autoriza medidas administrativas urgentes para a instalação de abrigos, fornecimento de insumos e mobilização de recursos para o enfrentamento da crise.
Embora o cenário geral seja de diminuição das enchentes, a Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre), por meio da Vigilância em Saúde, segue monitorando de perto as doenças comuns em períodos de alagamento. Entre as principais preocupações está a ocorrência de doenças transmitidas por água contaminada e por mosquitos. Entre as infecções mais recorrentes estão a leptospirose, causada pela bactéria Leptospira; a dengue, zika e chikungunya, transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti; e doenças gastrointestinais como a diarreia infecciosa e hepatite A, transmitidas por alimentos ou água contaminados. O ambiente úmido também favorece o surgimento de micoses e dermatites de contato, além de infecções respiratórias causadas pela proliferação de fungos e bactérias.
O governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH), recebeu da Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (Adra), 217 tickets financeiros para ajudar as famílias dos bairros Taquari, Cadeia Velha e Seis de Agosto, em Rio Branco, os primeiros afetados pelas enchentes. A entrega das doações se deu nesta quinta-feira, 27, na Igreja Adventista do Sétimo Dia, localizada no bairro Seis de Agosto, em Rio Branco, com a presença da vice-governadora e titular da SEASDH, Mailza Assis, representantes da Adra e equipe da pasta. As 217 famílias beneficiadas receberão o auxílio no valor de R$ 568,50 cada, destinado à aquisição de alimentos, produtos de higiene e necessidades básicas.
Em um gesto de reforço à cooperação entre as instituições durante o período de cheias no estado, o governador do Acre, Gladson Camelí, reuniu-se na tarde desta quinta-feira, 27, com o comandante da 17ª Brigada de Infantaria de Selva, general Diógenes Gomes, no Palácio Rio Branco. O encontro teve como foco a colaboração entre as forças estaduais e federais para garantir uma resposta eficaz às comunidades afetadas pelas enchentes.
Apoio do governo federal
O governo federal, por meio do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) e da Defesa Civil Nacional, reconheceu, na quarta-feira, 19, a situação de emergência em Rio Branco. O município foi afetado por inundações devido à cheia do Rio Acre. A Portaria nº 758, com o reconhecimento, foi publicada no Diário Oficial da União (DOU). A partir da publicação da portaria, a prefeitura já pode solicitar recursos do governo federal para ações de defesa civil, como compra de cestas básicas, água mineral, refeição para trabalhadores e voluntários, kits de limpeza de residência, higiene pessoal e dormitório, entre outros.
O governo do Acre está utilizando o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) para garantir a segurança alimentar de famílias em situação de vulnerabilidade devido à cheia do Rio Acre. Entre os beneficiados, estão cerca de 65 indígenas do Povo Huni Kuin, alojados no Parque de Exposições, em Rio Branco.
O PAA, iniciativa do governo federal executada pelo Estado, compra alimentos da agricultura familiar e os destina a instituições que prestam assistência social. No Acre, o programa atende organizações como hospitais, unidades do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) e do Instituto Socioeducativo (ISE). Entre as instituições cadastradas, está a Cozinha Solidária Marielle Franco, que, além de produzir milhares de refeições, também recebe e distribui os alimentos às comunidades mais necessitadas.
Cuidados com a rede elétrica
A Energisa orienta os clientes afetados pela cheia a não tentarem consertar eventual falta de energia. Se a casa for atingida pela alagação, deve-se desligar o disjuntor de energia (chave geral) antes que a água entre na residência, de forma segura (usando calçado de borracha e enxuto).
A empresa atua sempre em parceria com a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros, para avaliar ou realizar o desligamento da energia, a fim de evitar acidentes e garantir a segurança das equipes que estão atuando no resgate das famílias atingidas pelas águas, além da população.
A Energisa reforça que, ao identificar algum perigo com a rede elétrica, o cliente deve entrar em contato pelos canais de atendimento: aplicativo Energisa ON, Gisa (www.gisa.energisa.com.br) e Call Center: 0800-647-7196.