Programa realizado em parceria com a Fundação Roberto Marinho corrige a distorção idade-série e já atendeu mais de 19 mil estudantes no Acre
Superação e determinação marcaram solenidade de formatura com a presença do Governador Binho Marques (Foto: Sérgio Vale/Secom) |
O governador Binho Marques participou neste sábado, 6, da oitava cerimônia de formutara do Projeto Poronga em Rio Branco. No Ginásio do Sesi 800 estudantes de escolas da capital, Vila Campinas (Plácido de Castro), Senador Guiomard, Bujari receberam o diploma de conclusão do ensino fundamental. "Não só a vida de vocês mas de suas famílias também estão sendo transformadas", disse o governador.
A formatura foi apresentada pelo ator Caio Blat, que esteve no elenco da minissérie Amazônia – de Galvez a Chico Mendes, exibida pela TV Globo em 2008 sobre a história do Acre. A cerimônia contou com a presença da secretária de Educação do Acre, Maria Corrêa; Edileuza Moura, da Gerência de Educação e Implementação da Fundação Roberto Marinho; deputado estadual Ney Amorim; e Jessé Santiago, presidente da Câmara de Vereadores de Rio Branco; além de gestores públicos e familiares dos formandos. A cerimônia teve também apresentação do coral formado por alunos do Poronga. "Os resultados mostram que o projeto deu certo e que tem possibilitado uma nova expectativa para os estudantes", disse a secretária Maria Corrêa.
Outros estudantes de sete municípios do Acre recebem até o dia 11 de fevereiro seus certificados de conclusão do ensino fundamental. No total, mais de 2 mil alunos poderão alçar novos voos pessoais e profissionais com a conclusão de mais essa etapa.
O Poronga foi adotado como política pública de ensino pelo governo do Acre em 2002. O nome dado ao programa remete à lamparina usada pelos seringueiros que, colocada na cabeça, deixa as mãos livres e serve para iluminar o seringal. O programa está presente em onze municípios (Brasileia, Bujari, Cruzeiro do Sul, Epitaciolândia, Feijó, Rio Branco, Sena Madureira, Senador Guiomard, Tarauacá, Vila Campinas e Xapuri), já beneficiou mais de 19 mil alunos e formou 140 professores desde a sua implantação.
A implementação do Poronga no Acre contribuiu para a democratização do conhecimento. A distorção idade-série na rede estadual de ensino caiu de 54,12%, em 2002, para atuais 30% no nível fundamental. E a expectativa é de que até o final de 2010 esse índice caia para 20%. A adoção do programa possibilitou ainda aumento do número de alunos que concluem os estudos, redução da idade com que os estudantes terminam o ensino fundamental e aumento da demanda por mais vagas no ensino médio. "Educação no Acre é feita com seriedade", observou Edileuza Moura, representante da FRM.
O Telecurso é uma iniciativa conjunta da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e da Fundação Roberto Marinho. O programa utiliza uma metodologia de ensino apropriada à aceleração escolar e reconhecida pelo MEC. Com aulas presenciais e a distância, o Telecurso utiliza um material de apoio elaborado especialmente para o programa, por alguns dos mais experientes educadores, mestres e doutores das principais universidades brasileiras.
O Telecurso tem sido utilizado para enfrentar os problemas mais frequentes no sistema educacional brasileiro, tais como defasagem idade-série, formação de professores, alternativa de oferta de ensino regular para alunos dispersos em áreas rurais e complementação curricular. O índice de aprovação do Telecurso, que chega a mais de 90%, é um dos principais motivos que levam governos estaduais a adotar o programa como política pública de ensino.
A organização curricular do Telecurso é modular e sua metodologia trabalha a construção coletiva do conhecimento, correlaciona conceitos com o cotidiano, possibilita uma abordagem interdisciplinar e gera o prazer de aprender. Professores, coordenadores e a equipe interdisciplinar são responsáveis pela mediação pedagógica nas salas de aula e também pelos projetos pedagógicos complementares, como dias temáticos, aulas-passeio, mostras culturais, entre outros. Todos os educadores que integram as atividades do Telecurso participam da formação na metodologia e são acompanhados sistematicamente nas suas práticas.
Samuel Lima: exemplo de superação e vitória com o Poronga
Samuel Lima Figueiredo é hoje um dedicado funcionário de carreira do Banco do Brasil, aprovado em um dos concursos mais disputados do país. Antes de ingressar no BB, Samuel foi servidor do Governo do Acre, em cujos quadros também ingressou por concurso.
O trabalho é estável, o BB é uma empresa de economia mista bastante segura e lucrativa e os salários são desejados pelos milhares de trabalhadores que tentam uma vaga na instituição. Samuel vive tempos de prosperidade.
Mas a vida de Samuel é marcada por grandes dificuldades. O pai, seringueiro, separou-se da mulher e fugiu, levando Samuel ainda criança para uma vida de instabilidade e ainda mais pobre.
Temendo ser localizado pela mulher ou pela polícia, já que havia fugido com o filho, o pai de Samuel não fixava residência, o que mantinha o menino longe da escola. Depois de morar em um barraco de papelão na beira da BR 364, perto de Sena Madureira, Samuel saiu para morar em Rio Branco. Aos 14 anos de idade conseguiu entrar numa escola.
Mas a luta pela sobrevivência impedia de avançar. Acordava de madrugada para passar o dia remando uma catraia no bairro do Quinze, fazendo a travessia de pessoas no rio Acre e, cansado, não conseguia manter a freqüência na escola.
Em 2002 a secretária da escola Serafim Salgado Filho indicou a ele o Projeto Poronga, que iria começar a formar turmas. Com o Poronga, Samuel concluiu o ensino fundamental e, em seguida, concluiu o ensino médio.
Estudou, fez cursinhos técnicos e passou em vários concursos. Hoje, cursa o último ano do curso de Administração de Empresas e diz que as dificuldades serviram para alimentar uma vontade crescente de estudar. "Quero continuar me especializando. A educação transforma realidades", resumiu.
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O QUE ELES DISSERAM
{xtypo_quote}Este governo tem tido o compromisso de mudar o Acre através da educação.
Jessé Santiago, presidente da Câmara de Vereadores de Rio Branco {/xtypo_quote}
{xtypo_quote}Quero continuar estudando porque o Poronga me ajudou e me estimulou
Sidney Freire Arruda, formando {/xtypo_quote}
{xtypo_quote}Estou muito feliz por este momento e agradeço pelo que o Projeto Poronga vem fazendo
Felipe Jùnior, orador da turma {/xtypo_quote}
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