Binho Marques visita Rádio Difusora que comemora 66 anos no ar

Emissora recebeu novos equipamentos e teve espaço funcional reorganizado. Prédio ganha sala de memória que valoriza história da Voz das Selvas

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Reforma da rádio entregue pelo governador Binho Marques resgata e valoriza história da emissora de maior alcance social do Acre (Fotos: Luciano Pontes/Secom)

O Governador Binho Marques visitou nesta sexta-feira, 03, o prédio reformado da Difusora Acreana em comemoração aos 66 anos da rádio mais antiga do Estado. Logo na entrada, áudios de locutores e da programação, equipamentos antigos, fotos de servidores e entrevistados, e parte do acervo musical recepcionam os visitantes na pequena sala de memória adaptada para abrigar o arquivo histórico da emissora.

O espaço é um dos que passaram pela intervenção que alterou também a configuração dos estúdios com novos equipamentos, a bancada e a sala de espera, o departamento técnico, a redação e a área de convivência dos funcionários.

O prédio está mais acolhedor, propício para receber os ouvintes. O governador Binho Marques lembrou que a Difusora passa por transformações desde 1999. "Este foi o tom da nossa conversa, de que faríamos um pacto para renovar a Difusora. Ainda falta muita coisa, que vai sendo agregada, porque é importante valorizar a memória da rádio que são todos vocês", disse.

Considerada a maior emissora de alcance social do governo, a Rádio Difusora é parceira na divulgação de ações que beneficiam a população do Acre como o ProAcre. "Antes, a rádio Difusora chegava às comunidades mais distantes, mas não chegavam a saúde, a educação, as informações sobre produção. Hoje é diferente. A rádio avisa os moradores onde vai estar o médico, o dentista, o exame de ultrassom para as mulheres grávidas, os cursos sobre as técnicas do roçado sustentável", lembra o governador.  

Na memória – A sugestão para a criação do museu da rádio foi da diretora Jacira Abdon. Ela conta que há 18 anos chegou no prédio da emissora e viu no estúdio um "tocador de discos imenso". "Fiquei encantada. Esse aparelho tem 66 anos e é uma das peças em exposição", comentou Jacira informando que o projeto é para que até o fim deste ano, a rádio alcance patamares ainda maiores na programação e audiência.

Uma das novidades da nova grade é o programa Nossa Cultura, Nossa Gente, que vai ao ar das 9 às 11 horas aos domingos, apresentado por J. Menezes. Uma das atrações é o fundo musical, ao vivo, interpretado por convidados. Desde que chegou à rádio, há 17 anos, Menezes acumula histórias e experiências. Parte do que viu e ouviu está na letra do cordel apresentado durante a festa de aniversário da Difusora. Autor de letras de canções, o locutor se prepara ainda para lançar o segundo CD. "Esse programa vai trazer ainda mais cultura para perto das pessoas", garante.

Álbum de fotos

A mais querida, a mais ouvida, a voz das selvas

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Seu Alberto Francisco ouve a Rádio Difusora Acreana desde os cinco anos de idade (Foto: Luciano Pontes/Secom)

Às 4 da madrugada seu Alberto Francisco da Silva, o Alberto Ceguinho, levanta da cama para ligar o rádio que é, eternamente, sintonizado na Difusora. Quando entra em casa, a primeira coisa que faz é ligar o aparelho. Conhece a programação inteira e participa de todos os programas. Vez ou outra brinda os colegas ouvintes com uma poesia que ele faz questão de declamar pelas ondas do rádio. E é assim há 66 anos.

Alberto Ceguinho é ouvinte da Rádio Difusora Acreana desde os cinco anos de idade. Quando a emissora nasceu, ele era uma criança com três anos. Começou a ouvir a rádio aos cinco, e nunca mais parou.

A Rádio Difusora Acreana, que completou 66 anos esta semana, não é apenas uma rádio. É uma história de amor entre seus ouvintes e entre as pessoas que trabalham para que ela entre nos ar todos os dias.

E para comemorar a data, o presente de aniversário não poderia ser melhor: aumento de mais de 150% na audiência. O índice foi medido pela diretora da rádio, Jacira Abdon, a partir do aumento no número de mensagens recebidas diariamente na rádio.

E aos 66 anos, a Difusora vai se aproximar ainda mais de seu público. A exemplo da Expoacre 2010, que teve transmissão ao vivo e um estúdio montado no Parque de Exposições – toda a programação diária da rádio foi transmitida de lá – eventos importantes para a cidade também receberão o mesmo tratamento. E em breve será lançado um concurso musical para revelar novos talentos.

Opinião de quem faz a rádio

J. Simplício – A importância da Rádio Difusora na vida do acreano é enorme. Apesar dos avanços tecnológicos, o Acre ainda tem muitas áreas isoladas, o que faz do rádio um veículo de comunicação que consegue alcançar a todos, independente de onde estejam, seja na cidade ou na floresta. Quem vive nessas áreas tem no rádio o principal e muitas vezes, único, meio de comunicação. Lembro que dois vereadores se perderam na mata em Santa Rosa e foram achados com a ajuda da Difusora. As nossas mensagens também são muito famosas e já foram tema de entrevista no programa do Jô duas vezes. Já tivemos aqui um político que passava mensagens para pessoas fictícias como forma de divulgar o mandato. Hoje vivemos uma época feliz, de mudanças significativas que partem das mãos de uma mulher, a Jacira.

Kátia Farias – Meu primeiro emprego foi na rádio, ainda em Tarauacá. E já se passaram 18 anos. Conheci o Paulo Roberto, meu marido, aqui, e temos uma filha, a Karen Francisca. Foi com o dinheiro que ganhei aqui que consegui tudo o que tenho, alcancei minha formação superior. Hoje também dou aulas, mas nem penso em largar a rádio. Aqui somos uma equipe. Claro que temos exceções, mas somos uma família. Minha filha chama todo mundo de tio. Fui muito bem recebida, sempre me trataram muito bem. Hoje o setor de trabalho exige competitividade, mas somos uma família, acima de tudo. Aqui a cada dia, se vive um novo dia, um novo desafio. Eu não conseguiria viver longe daqui.

Rubemar Leite – Comecei a trabalhar na rádio com 12 anos. Eu limpava o prédio, dava comida pros cachorros do Campos Pereira e levava carta pro Correio. São 45 anos. Vi muitos diretores que passaram, alguns construíram, outros destruíram e presenciei muitas mudanças. O que eu queria mesmo era que a galera da nossa época estivesse aqui para compartilhar as boas mudanças. Eles fizeram muito pela rádio, mais até do que estamos fazendo hoje. A minha relação com a rádio é muito mais profunda que a de muitos colegas porque eu vou muito ao interior, eu sento no chão da casa de paxiúba e converso com nossos ouvintes que estão lá no meio da floresta e a única forma de comunicação que eles têm é através da Difusora. Nossa maior preocupação aqui é atender as pessoas que não tem outra comunicação a não ser a da rádio. Não é todo mundo que sabe, de verdade, na pele, o alcance da rádio. Nnão como nós, que vamos até áreas muitos isoladas, subindo e descendo horas de rio, andando horas pela floresta, conhecendo aquele ouvinte que deixa as pilhas no sol pra recarregar e poder ouvir a programação a noite. Quem mora isolado assim tem quatro prioridades: pilha, café, açúcar, e tabaco. A primeira é a pilha. Depois vem também sal e chumbinho. Já passamos quatro noites sem dormir tentando consertar equipamento e na quinta noite pegar o carro e ir a Porto Velho buscar peça emprestada.

{xtypo_quote}Se tem uma ação de governo que foi para todos foi a Difusora. É um símbolo de inclusão social.
Binho Marques, governador{/xtypo_quote}

{xtypo_quote}Temos o desafio de fazer com que a Difusora seja importante para a sociedade do Acre, para as pessoas que vivem na floresta.
Aníbal Diniz, Secretário de Comunicação do Estado{/xtypo_quote}

{xtypo_quote}A rádio está mais humanizada, mais confortável. Está melhor ainda pra trabalhar.
Ilson Nascimento, editor de jornalismo {/xtypo_quote}

{xtypo_rounded2}Cordel – Autor: J. Menezes

governador_entrega_reforma_difusora_foto_luciano_pontes_20.jpgSenhores, peço licença
Para homenagear a mais querida
Antes é bom que saibam
Como tudo começou
Aumente o volume do rádio
E preste atenção por favor

Da imprensa territorial do Rio de Janeiro
Um telegrama chegou
Ao governo Silvestre Coelho
Enviado pelo diretor

O mês era junho para ser exato
O remetente Wilson Aguiar
E o ano 1944
Em poucas palavras dizia
Está seguindo a encomenda
Que o amigo solicitou
É um presente importante
Faça bom uso Seu governador

Naquela época senhores
Tudo aqui era diferente
A energia a motor
E a mão-de-obra carente

Do nordeste aqui chegavam de navio e avião
Centenas de nordestinos
Sem dinheiro sem profissão
O destino era os seringais
Cortar seringas para os barões

Poucas estradas existiam
Pra escoar a produção
O transporte era feito
De canoas, barcos ou batelão

O que hoje é cidade
Era floresta e seringas
A produção era escoada
Em lombo de animais
Os varadouros eram na época
Estradas vicinais

Pra dormir era uma rede
Num barraco improvisado
Precisava estar alerta
Pra evitar ser atacado
Por onças e macacos ferozes
Ou por serpentes picado

À noite o rádio de pilha
Companheiro confidente
Ligado na Difusora
Pra ouvir o correspondente
Com as notícias e recados
Dos amigos e parentes

No peito batia saudades
Da sua terra natal
Sozinho o macho chorava
No isolamento total
Com a queda da borracha

Logo que a guerra acabou
Muitos deixaram os seringais
E pra cidade mudou
Quem teve melhor sorte
Até se aposentou

Pra quem ficou na floresta
E resolveu resistir
O governo dá uma mãozinha
E incentiva a produzir
Compra o látex da fonte
Pra fábrica de Xapuri

Seringueiro virou patrão
O látex camisinha
Tem emprego pra muita gente
Na cidade vizinha
Xapuri de Chico Mendes
Conhecida princesinha

Voltando a falar do presente
Que Wilson Aguiar mandou
R.D.A. aniversariante
Que todos os anos comemorou
Foi recebida com festa
E num colégio se instalou

Começou a correria
Pra sua instalação
Junho aqui chegou
Em agosto se deu a primeira transmissão
Dezoito dias depois em Rio branco
Teve festa de inauguração

Não durou muito tempo
Finalmente em casa própria
Com mais tecnologia
Tornou-se a voz das selvas
Nos lares no dia-a-dia

Hoje atravessa fronteiras
Para o mundo informar
Em qualquer lugar alcança
Basta internet clicar
Na parabólica Embratel
Brasil, Japão, Canadá

A cada governo que assume
Entra nova direção
O propósito é o mesmo
Levar boa informação
Experiência e juventude
Unidos sem preconceito
São caras novas na área
Pra tudo sair perfeito

Faz muita gente feliz
E a muitos ainda fará
Porque tu és a Difusora
Voz das selvas R.D.A.
Forma profissionais é escola de comunicação
Com microfones sempre abertos
Transmitindo informações

Parabéns Silvestre Coelho
Responsável pela história
Com a sua iniciativa
A Difusora faz história
E os acreanos agradecem
Seu governador em memória

Hoje é dia de alegria
Com mais esta comemoração
Pelo aniversário da matriarca
R.D.A. emoção{/xtypo_rounded2}

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