Binho avalia avanços do Acre em entrevista na TV Aldeia

O governador Binho Marques concedeu nesta terça-feira, 7, entrevista ao Jornal do Meio Dia, da TV Aldeia, emissora do Sistema Público de Comunicação. O jornal é apresentado pelo jornalista Jorge Henrique Queiroz.  Binho respondeu a perguntas gravadas e feitas ao vivo pelo telefone, como a de Seu João, de Feijó, que manifestou preocupação quanto à segurança em sua cidade. “O tema segurança pública era mais de Rio Branco, não importava muito aos municípios. Hoje é diferente. Em Feijó, teve o assalto ao Banco do Brasil feito por uma quadrilha de outro Estado. A gente tem ainda o problema das drogas, que é um fenômeno mundial. O Acre está sofrendo porque a produção da Colômbia sofreu uma forte repressão e migrou para a Bolívia e o Peru. O Acre, que era um lugar de passagem virou lugar de consumo. Mas nós estamos bem equipados, temos um sistema de inteligência, criamos a territorialização da segurança”, disse o governador para exemplificar como o Acre tem se preparado para enfrentar a criminalidade.

Pelo telefone, uma das perguntas veio do produtor rural Jairo, morador do Conjunto Tropical, em Rio Branco. Ele queria saber sobre o trabalho do governo em favor da pecuária. Binho lembrou que as ações vêm sendo realizadas desde 1999, quando o governador Jorge Viana tirou a pecuária do abandono, atacando de modo ostensivo a aftosa e dando início a um novo tempo para o setor. “Nós investimos muito em pesquisa, melhoramento genético. O Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) foi pactuado com todos os atores, do seringueiro ao fazendeiro, o que fez com que aumentássemos a produção sem elevar o desmate. Estamos investindo na bacia leiteira e, em breve, teremos um grande laticínio operando no Acre. Estamos discutindo agora o ´boi verde´. Nós temos como provar que a nossa pecuária não agride a floresta.

Em resposta a outro telespectador, economista aposentado do Estado, Binho apresentou detalhes do novo sistema de produção rural do Acre, derrubando o discurso de que a maioria dos alimentos vem de outros estados. A produção foi elevada com programas como o Mecaniza e há questões a serem levadas em conta, como o custo de se produzir alguns alimentos, avaliando sempre se não é melhor comprar de outras regiões.  Na área do meio ambiente, o Acre e o governo de Chiapas, no México, assinaram acordo com o Estado americano da Califórnia para a comercialização de créditos de carbono.
Em educação, Binho reafirmou o compromisso dos governos da Frente Popular com a melhoria do ensino público. “É difícil um bairro que não  tenha uma escola nova. Em 2008, por exemplo, construímos mais de 100 novas salas de aula”, disse o governador.  Na saúde, os resultados vão aparecer com a consolidação do sistema. Nos próximos, o governo estará inaugurando o Hospital de Clínicas do Acre, que dá lugar à Fundhacre, agora extinta. “Vai nascer um novo hospital”.

Veja os principais pontos da entrevista:

Ritmo do governo na reta final do mandato

“Está muito acelerado. Muitas obras, serviços. Estou muito feliz. Muitas obras foram trabalhadas para os quatro anos, como a OCA (central de serviços ao cidadão), pela qual mexemos com todas as secretarias,  mudamos regras para ter uma central com mais de 180 serviços. Por trás do prédio, cada Secretaria do governo está muito melhor, preparada para atender ao cidadão.

Outro exemplo são as casas. Em 2007 fizemos o planejamento, em 2008 criamos a Secretaria de Habitação, em 2009 iniciamos a construção e em 2010 começamos a fazer a entrega dos imóveis”.

Infraestrutura

Respondendo a um telespectador, que perguntou sobre a ponte do rio Madeira: “Em todas as reuniões com o Presidente Lula a gente sempre discutiu a ponte do Madeira. Cada um tem de fazer a sua parte. Tenho conversado com a senadora Fátima Cleide sobre o assunto. Mas não somos nós que executamos e eu não sei quando vai sair. Essa ponte é fundamental porque é uma porta para a Rodovia Interoceânica.

Com as mudanças do clima, tivemos uma seca no Madeira, o que afetou bastante. Tivemos dificuldade para receber cimento para as obras do governo, faltou combustível…”.

Ramais

“Nunca se investiu tanto em ramais, sem contar os 250 quilômetros de asfalto. Os pólos agroflorestais estão asfaltados. A gente parou o processo de enxugar gelo em algumas áreas. Temos 8.000 quilômetros de ramais, mas começamos a fazer um trabalho definitivo, sempre discutindo com as associações, sindicatos para definir o ramal a ser melhorado, asfaltado”.

BR 364

“É uma obra que lamento muito não ter entregue. Os serviços mobilizaram 3.000 homens e mais de 1.500 máquinas pesadas. O mais difícil nós fizemos. As chuvas de 2009 impediram que fosse concluída este ano.  Em 2010 o verão foi forte porém curto e a gente não pôde concluir a estrada por causa do clima.  Vamos deixar cerca de 70 quilômetros por asfaltar".

Economia e ZPE

“A Zona de Processamento de Exportação é mais aberta, tem muito mais incentivos e funciona como um ´país´ independente. É muito vantajoso. Tínhamos expectativa que foi em muito superada: mais de vinte empresas querem se instalar na ZPE do Acre.  O Brasil tem 16 ZPEs mas a nossa é que está mais avançada”.

Xapuri, pólo de conhecimento

“É algo que já está acontecendo. Xapuri pode ter uma economia do conhecimento. A gente conseguiu atrair instituições de excelência, como o Catie, da Costa Rica, que junto com outras faz com que Xapuri seja um pólo catalisador, que atrai estudantes e pesquisadores do mundo inteiro. Estamos levando para lá a Escola Técnica Federal. Junto com a Ufac, o Cedup, vai fazer com que Xapuri possa produzir, vender conhecimento”.

PIB e investimentos

“O Acre ficou em 6º lugar em ritmo de crescimento. Desde janeiro de 1999 estamos trabalhando em ritmo acelerado. O volume que foi investido nos últimos quatro anos não há comparação. Uma única secretaria, a de Obras, tem uma obra a cada três dias. Não estamos contando as outras”.

Abastecimento de energia

(Respondendo a pergunta de Vagner Soares, do 2º Distrito de Rio Branco): “Esse assunto é muito grave. Em já reuni várias vezes com os ministros da área. Nós tínhamos as termoelétricas que não produziam energia de qualidade. Essa produção para Rondônia veio o linhão também com termoelétricas e aí perdemos R$40 milhões ao ano. Quando se ligou o sistema nacional a situação piorou. Há atraso no serviço de manutenção, na implantação do segundo linhão.  Trazer energia do Peru tem fundamento. O governo brasileiro iria financiar a construção de mini-usinas e a energia excedente seria vendida ao Brasil”.

Habitação

“É o maior programa do Acre, certamente um dos maiores do Brasil proporcionalmente. As casas que não forem entregues estarão em obras. O programa federal, Minha Casa Minha Vida representa ¼ do Minha Morada e não é só entrega de habitação, mas um bairro completo. Nós fizemos a opção  de fazer os conjuntos dentro da cidade, ao contrário dos primeiros conjuntos de Rio Branco, todos longe. A cidade foi se aproximando deles. Os conjuntos atuais são para que as pessoas se sintam inseridas, perto de escola, com asfalto, saneamento.  Demora mais, porém a população fica satisfeita”.

Passagem de ônibus urbano

“Não é um assunto de governo, mas do município. No Brasil inteiro os ônibus estão mais velhos. De nosso lado, no transporte intermunicipal, as empresas querem devolver a concessão porque estão tomando prejuízo. É um problema difícil. Em Rio Branco, o prefeito Raimundo Angelim tem estudos com alternativas, como o estabelecimento de rotas intermediárias, bairro a bairro…”

Pró-Saúde

(Respondendo a Irani, de Senador Guiomard, sobre contratação de agentes de saúde): “O Serviço Social de Saúde possibilitou a contratação de um número impressionante de profissionais, aumentando em 80% o quadro. Nos municípios há o dobro de médicos. A contratação de agentes é temporária e há um debate sobre isso”.

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