Com espaços para todo tipo de informação e público de diferentes idades, nova biblioteca encanta frequentadores ao unir conhecimento e diversão
Elaine Cristina de Almeida tem 19 anos, mora no bairro Aeroporto Velho e é candidata ao curso de Enfermagem da Universidade Federal do Acre (Ufac). Edivan Maciel é médico veterinário, tem uma clínica em Rio Branco e mora na Via Chico Mendes. Dana Vasconcelos, 10, é filha da professora Gisele, estuda a quarta série e é apaixonada pelos personagens do Ziraldo. O que todas essas pessoas têm em comum? São frequentadoras da nova Biblioteca Pública do Acre, reinaugurada no início de dezembro do ano passado após uma reforma minuciosa na qual só em equipamentos foram investidos pelo Governo do Estado mais de R$ 2 milhões.
 Decoração feita com fibra de vidro produzida pelo Grupo Giramundos, acervo renovado, prédio novo, espaço de leitura amplo, entre outras novidades, chamam a atenção dos frequentadores |
{xtypo_quote_right}A biblioteca faz parte de um conjunto de bens culturais e tecnológicos que o Governo do Estado vem construindo para garantir o acesso ao conhecimento para todos. Governador Binho Marques{/xtypo_quote_right}
As mudanças implantadas no novo prédio democratizaram a oferta de serviços, e hoje, segundo a coordenadora do espaço, Helena Carloni, são milhares de usuários, de todas as idades, que vão à biblioteca de segunda a segunda. "Antes da reforma, fizemos um levantamento e descobrimos que 90% do nosso público era de jovens estudantes que vinham fazer pesquisa. Agora, conseguimos atrair um grupo de pessoas muito maior que vem em busca não só de pesquisa, mas de diversão e lazer que os livros, computadores e brinquedos também oferecem."
Hoje, o número de frequentadores aumenta a cada semana, uma prova de que o investimento deu certo. O governador Binho Marques, um dos idealizadores do novo projeto da biblioteca, ressalta que o espaço foi construído pensando nos jovens que muitas vezes só têm acesso ao ambiente de estudo na escola. "A biblioteca faz parte de um conjunto de bens culturais e tecnológicos que o Governo do Estado vem construindo para garantir o acesso ao conhecimento a todos, como a Biblioteca Marina Silva e o Planetário, que será implantado no Acre. Ela servirá como referência para a rede de bibliotecas que a gente vai construir em outros municípios. O conhecimento é algo fascinante, mas muitas vezes acontece de forma pouco atrativa. Queremos que a Biblioteca Pública seja mais um elemento de uma cidade que está sendo construída em um ambiente de informação. Sua estrutura faz parte de um projeto maior de acesso aos bens culturais."
Conheça a seguir cada espaço desse mundo do conhecimento que é a nova Biblioteca Pública do Acre.
Espaço infantil
As crianças têm diversão e conhecimento garantidos na nova biblioteca. No andar superior, a atenção aos pequenos vai desde o banheiro, adaptado em todos os sentidos ao tamanho das crianças, até o espaço infantil, com vários serviços pensados especialmente para elas. A começar pela literatura. O melhor das obras infanto-juvenis está nas prateleiras ao alcance dos apaixonados pela leitura, independentemente da idade. Basta escolher o título e onde saboreá-lo: nas mesinhas com os bancos de madeira, nos pufes coloridos ou no sofá.
 No espaço infantil, brincadeiras de roda, momentos de leitura e serviço de jogos educativos e internet atraem a criançada, como o estudante Iago, que aprova os jogos educativos no computador |
A assistente social Maria do Rosário aproveita a tarde livre com os filhos Radamés Coutinho e Linda Vitória, ambos de 8 anos, para ler o livro "A Hora da Caipora", de Regina Chamlian. "Eles mesmo é que pedem para vir à biblioteca. Em vez de ficar em casa, cada um fazendo uma atividade diferente, aqui a gente fica juntos em um momento proveitoso para as crianças", diz a mãe.
A professora Gisele Vasconcelos também leva a filha Dana, 10, para a biblioteca. "Hoje nós viemos para o centro comprar uns óculos e quando estávamos voltando para casa, ela pediu para vir à biblioteca. Aqui é maravilhoso. Um espaço muito agradável, onde encontramos famílias de todas as classes sociais. Estou encantada", diz a mãe, que acompanha a caçula na leitura. As duas gostam de Ziraldo. O livro "O Diário de Julieta" foi o escolhido. "Aqui é bom porque tem hora para tudo: para brincar, para cantar, para ler e jogar", avalia a pequena frequentadora.
 Gisele e a filha dividem a leitura do livro de Ziraldo |  Maria do Rosário aproveita o momento com os filhos |
A Brinquedoteca é outra grande atração. No cabideiro, as roupas de cinderela, fada, princesa e super-herois abrem as portas para o mundo da fantasia. Os jogos e outros brinquedos foram todos adquiridos a partir de um critério educativo e ajudam na formação motora e intelectual dos menores.
Na roda de leitura, é difícil resistir às histórias e músicas comandadas pelos agentes culturais da biblioteca. No espaço, as antigas brincadeiras também atraem os pais e avós, que muitas vezes acompanham os filhos ou netos.
 Não importam a idade nem o conhecimento sobre as letras: os livros estão à disposição de todas as crianças e os brinquedos educativos ajudam na formação dos pequenos |
As crianças têm ainda acesso ao mundo da tecnologia. Computadores com jogos educativos e programas que estimulam a criatividade para o desenho e pintura estão disponíveis para quem fizer o cadastro. Iago Leandro, de 11 anos, mora no bairro Tucumã e é um dos frequentadores do espaço. "Aqui tem vários joguinhos, é bem legal. Eu também posso ler os livros enquanto brinco", diz o estudante, que descobriu como a diversão também pode ser uma aliada da diversão.
No espaço infantil, as crianças só podem ficar se forem acompanhadas pelos pais. "Queremos estimular esse momento entre os pais e os filhos, e aqui é um ótimo espaço para isso", diz Helena Carloni.
Acervo, sala de leitura e Comunidade Digital
 As estudantes aprovam nova organização do acervo de livros da Biblioteca |
 Os usuários têm acesso a computadores com internet gratuita |
No andar debaixo o espaço é para os adultos. Logo na entrada, os visitantes podem consultar os computadores e pesquisar o acervo bibliográfico, que ainda passa por um processo de catalogação e ampliação. O governador Binho Marques, no dia da inauguração, assinou o termo que disponibiliza R$ 1.022.784,96 para a Fundação de Cultura Elias Mansour (FEM) ampliar de 20 mil para 30 mil o número de títulos disponíveis na biblioteca. Com isso, o acervo total passará de 60 mil para 90 mil obras.
Karina Costa, 17, moradora do bairro São Francisco, diz que sempre frequentou a biblioteca. E garante: "Agora está muito mais fácil achar um livro para estudar. Eu sempre vinha fazer trabalho e tinha dificuldade de encontrar determinados assuntos. Agora, com essa reforma, tudo ficou melhor: estudar, pesquisar… O ambiente mudou totalmente, está mais alegre, e eu vou continuar vindo sempre".
Assim que o trabalho de informatização do acervo for concluído, os usuários cadastrados poderão emprestar os livros durante uma semana para levar para casa. Mas para a estudante Elaine Cristina de Almeida, 19, isso não vai fazer muita diferença. "Mesmo se eu passar no vestibular, vou continuar vindo à biblioteca, lendo aqui, porque o espaço está muito agradável, climatizado e aconchegante. Essa biblioteca é maravilhosa. Nem se compara com a que a gente tinha antes", avalia.
Quem quer fazer alguma pesquisa além dos livros pode ter acesso à rede mundial de computadores no espaço multimídia. A Biblioteca Pública disponibiliza o programa Comunidade Digital e oferece acesso gratuito à internet em 80 computadores. Instrutores ficam à disposição dos usuários que tiverem alguma dúvida sobre como utilizar a ferramenta. Para utilizar o serviço gratuito, basta levar o RG e fazer o cadastro informando o endereço completo. O médico veterinário Edivan Maciel garante: "É muito fácil e rápido. A conexão também é ótima. Eu tenho internet em casa, mas moro longe e às vezes estou aqui no centro e preciso fazer alguma pesquisa, venho logo para cá. Estou impressionado. Quando vi a biblioteca por fora não sabia que por dentro ela era assim, tão bem cuidada".
Filmoteca Acriana: incentivo à produção digital e democratização de acesso
Dentro da Biblioteca, outro espaço que também está de cara nova é a Filmoteca Acriana. São 116 lugares, sendo que em duas fileiras há cadeiras especiais para pessoas com sobrepeso e que, por causa disso, tenham dificuldades de acomodação.
A programação oferece três sessões diárias durante a manhã (10 horas), tarde (15 horas) e noite (19 horas). Durante o dia, os filmes são destinados mais ao público infantil. Já à noite, a sessão normalmente é para adultos.
"Além disso, estamos sempre promovendo circuitos temáticos, como a Mostra Charles Chaplin e de diretores renomados, como Frederico Fellini", diz o coordenador do Espaço, Toni Van.
Gibiteca: o acervo de quadrinhos para adultos
Engana-se quem pensa que nesse espaço os freqüentadores são crianças apaixonadas pela Turma da Mônica ou literatura afim. Aqui, o acervo é de história em quadrinhos voltada para o público de jovens e adultos. São mais de dois mil exemplares adquiridos e que foram indicados pelos próprios amantes de HQs em Rio Branco consultados pela administração da biblioteca. Títulos que vão desde os mangás japoneses aos clássicos dos super-herois mundialmente famosos como Homem-Aranha e Super-Homem.
 Acervo da Gibiteca foi elaborado com ajuda dos próprios amantes de HQ. Espaço atrai leitores como as primas Marília e Angelina, que moram em Minas Gerais |
Os frequentadores normalmente têm 12 anos para cima. Marília Gurgel tem 16 e mora em Guaxupé, Minas Gerais. Ela veio passar as férias no Acre e na agenda de atividades de lazer incluiu um passeio diário pela Gibiteca. "Nunca vi uma biblioteca assim, que valorizasse as histórias em quadrinhos. Lá onde eu moro tem mais espaço mesmo só para aqueles jovens que querem fazer alguma pesquisa. Aqui a gente também se diverte."
A prima de Marília, Angelina Gurgel, 19, estuda nutrição em Ouro Preto e também aproveitou o espaço de lazer. "Aqui a gente até perde a noção do tempo, de tão bom", afirma a estudante, enquanto lê os quadrinhos feministas da argentina Maitena Burundarena.
Biblioteca Pública: exemplo de democratização do acesso
O sobrenome público da biblioteca não se refere apenas à gestão do espaço (ligado à Fundação de Cultura Elias Mansour). Cada um desses serviços apresentados aqui está disponível para todas as pessoas interessadas em conhecimento. Para utilizá-los não precisa pagar nada.
Toda a estrutura do prédio e do acervo foi pensada para atender as pessoas portadoras de necessidades especiais. Um elevador garante a passagem do primeiro para o segundo andar daqueles com dificuldades de locomoção. Junto com as escadas, também foram construídas rampas de acesso.
A professora aposentada Maria Diva, 74, só se locomove com ajuda de uma cadeira de rodas. Mas isso não a impede de continuar frequentando os espaços de leitura pelos quais sempre foi apaixonada. Com a reforma, ela sempre vai à nova Biblioteca Pública acompanhada das filhas, também professoras.
O acervo conta ainda com vários títulos em braile, e um deficiente visual treina atendentes e outros profissionais para fazer a leitura nessa técnica.
Leitura ao ar livre
Apesar de tantas novidades e tantos serviços, há quem ainda não dispense uma boa leitura ao ar livre. Que tal aproveitar a sombra de uma árvore ou a vista da cidade para um momento de estudo? Agora isso também é possível. A praça da Biblioteca Pública também foi totalmente reformada.
Com o sistema de rede livre, os usuários têm acesso à internet também ao ar livre. Basta fazer o cadastro na biblioteca (o mesmo processo de quem for usar o computador do Programa Comunidade Digital) e receber uma senha para utilizar o serviço. Os bancos do lado de fora, além de mais conforto, disponibilizam ainda tomadas para quem precisar ligar os notebooks.
As estudantes Ana Alice e Ivandeide Oliveira preferiram fazer a pesquisa de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Geografia da Ufac ao ar livre. "Aqui é um local central, muito mais fácil de acesso, além de aproveitar um espaço bonito. Como eu tenho problema de alergia ao ar-condicionado, acabo preferindo ficar do lado de fora, aproveitando a paisagem", diz Ana.
Feita para você
Por fim, não importa a sua preferência: literatura, contos, ciências, quadrinhos, desenhos, brincadeiras, música, Internet, ar-condicionado, ar livre, sofá, cadeiras… Na nova Biblioteca Pública você vai sempre achar alguma coisa interessante para fazer.
Lembrando que a Biblioteca Pública funciona todos os dias da semana. De segunda a sexta, das 8 às 21 horas; aos sábados, às 10 até 20 horas; e domingos, das 16 até 21 horas
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